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Densidade e perdas em silos tubulares envolvidos com lona plástica ("tipo bag")

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 16/01/2003

6 MIN DE LEITURA

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Por Maity Zopollatto1 e Luiz Gustavo Nussio2

Silos do tipo "bag" vêm se tornando populares nos Estados Unidos, e, no Brasil, a sua utilização também é crescente. Algumas das vantagens deste tipo de silo incluem seu custo, sendo considerado um método relativamente barato, flexibilidade de armazenamento, e permitir o armazenamento individualizado de forragens com qualidade distinta ou histórico agronômico diferenciado (Muck & O´Kiely, 2002). Além disso, silos tipo "bag" de diâmetros menores permitiriam a redução de perdas no manejo da silagem em fazendas de menor porte.

Apesar deste tipo de silo ser usado por mais de 20 anos nos Estados Unidos, pouca pesquisa tem sido publicada a respeito de seu desempenho. Desta forma, Muck & Holmes (2002) realizaram um estudo com o objetivo de monitorar o enchimento e retirada de silagem dos silos tipo "bag" em três fazendas na região de Madison (Arlington-Arl, Prairie du Sac-PDS, West Madison-WM), em Wisconsin (EUA), a fim de medir a densidade, as perdas e, finalmente, determinar fatores potenciais que afetam ambos.

Os silos das três fazendas eram constituídos basicamente de silagem de alfafa e milho, e foram confeccionados por dois tipos de equipamentos (Ag Bag G6000 e Kelly Ryan DLX). Todas as carretas de forragem que entravam no silo foram pesadas e amostradas. Após a compactação de cada carreta fazia-se uma marca na lona para saber a distância preenchida com a carga. Na retirada do material, o peso de toda a massa de silagem removida do silo foi registrado. A silagem deteriorada, a qual não era fornecida aos animais, também foi quantificada, identificada e amostrada. Amostras do painel foram retiradas periodicamente, sendo representativas das seções transversais referentes à contribuição de cada carreta, durante o enchimento de cada silo.

As densidades médias dos silos foram calculadas com base na massa de forragem ensilada, comprimento total e diâmetro alcançado. Amostras da porção central do painel do silo foram obtidas de cinco silos, durante a retirada do material, para medir a variação entre os painéis, totalizando mais de sete amostras da porção central, retiradas por silo, em todo o período experimental, iniciando-se pelo centro geométrico do painel do silo e se estendendo tanto para o lado direito como para o esquerdo.

Um total de 25 silos "bag" foram confeccionados nas três fazendas, onde a taxa de enchimento foi sempre inferior a dois dias, entre o início do enchimento até a vedação. As densidades médias da matéria seca para os silos "bag" de alfafa e milho estão apresentadas nas Figuras 1 e 2, respectivamente. Nas três fazendas e nos dois tipos de forragem, a densidade aumentou linearmente com a concentração de matéria seca (MS). Também observou-se que as densidades variaram com o operador, quando da utilização do mesmo equipamento, sendo que a densidade média obtida na fazenda "Arl" foi cerca de 10% superior à da fazenda "WM", sob a mesma concentração de matéria seca. A densidade da MS foi de 200 kg /m3 para alfafa colhida com 40% de MS, em ambos os equipamentos utilizados. Segundo os autores, ocorreu uma redução da densidade de MS à medida que se aumentou a umidade da massa forragem, a uma taxa de cerca de 3 e 5kg MS/m3 para cada unidade percentual de diminuição no teor de MS na alfafa e milho, respectivamente.

O processamento do grão pareceu reduzir a densidade na silagem de milho, particularmente na fazenda "PDS", onde um campo foi colhido com e sem processamento, em dois estágios de maturidade. As densidades estimadas através do painel dos silos foram demasiadamente variáveis. A densidade estimada a 15 cm do topo e das laterais foi de aproximadamente 40% da densidade observada na porção inferior central do painel do silo. As densidades estimadas para o centro geométrico do painel variaram entre 20 e 150% da densidade da porção inferior central.

Perdas totais de matéria seca foram analisadas em 15 silos, variando entre -0,3 e 38,2%, com média de 14,2%. Perdas gasosas e por efluente (baseadas na matéria seca total removida vs. matéria seca ensilada) variaram de -0,3 a 15,7% com uma média de 8,4%. Perdas por deterioração foram estimadas em média de 5,8%, mas apresentaram maior variabilidade. Oito dos silos não apresentaram perdas por deterioração ou estas foram muito pequenas (perda <0,3% da MS), os demais silos apresentaram deterioração superior a 25,4%. Três silos "bag", um em cada fazenda, tiveram perdas por deterioração muito elevadas (>25%). Em um caso, um silo de milho apresentou danos no topo causados por pássaros, os quais não foram notados até que uma deterioração significativa tivesse ocorrido. A razão para a deterioração dos outros dois silos é incerta. Ao remover-se estes três silos piores do cálculo, as estimativas apontaram para um efeito reduzido nas perdas gasosas, mas considerável redução nas perdas por deterioração e perdas totais, para 1,9 e 9,7%, respectivamente.

Perdas gasosas e por efluente aumentaram em silagens mais úmidas sob baixas taxas de retirada (20cm/dia). Todos os silos com perdas por deterioração acima de 5% correspondiam a forragens mais secas (> 40% MS), e todos, com exceção de um, apresentaram porosidade superior a 60%. A superfície sobre a qual o silo "bag" foi confeccionado (pasto, terra, asfalto, concreto) não pareceu afetar as perdas.

Portanto, as densidades médias da MS nos silos monitorados foram afetadas pelo equipamento que compacta a forragem, pelo operador, safra, teor de MS da planta e pelo processamento do grão. Em geral, as densidades foram similares ao que se tem observado em silos tipo "trincheira", com médias semelhantes ou um pouco inferiores a estes. Entre os silos, as densidades apresentaram elevada variabilidade, sugerindo que maiores taxas de retirada de silagem são necessárias em silos tipo "bag" em comparação a silos tipo "trincheira", de mesma densidade média, a fim de minimizar as perdas no fornecimento e o aquecimento da silagem. Enquanto mais pesquisas são necessárias para estudar os equipamentos que confeccionam os silos com diferentes sistemas de enchimento, o presente estudo sugere que silos do tipo "bag" podem apresentar desempenho satisfatório na preservação de forragens através da ensilagem quando: 1) plantas são ensiladas entre 30 e 40% MS; 2) o equipamento para confecção do silo estiver regulado adequadamente para obtenção de um silo regular (sem ondulações) e de elevada densidade; 3) taxas de retirada de no mínimo 30 a 60 cm/dia e 4) monitoramento constante dos silos para possíveis reparos em perfurações.

 

 



Figura 1. Densidades médias da MS dos silos de alfafa e de milho em diferentes fazendas (Arl - Arlington, PDS - Prairie du Sac, WM - West Madison), equipamentos (AB - Ag Bag, KR - Kelly-Ryan) e processamento de grão (P - processed, U - unprocessed).

 



Figura 2. Detalhe do enchimento de um silo tipo "bag" com capim Tanzânia, recebendo milheto grão como aditivo na plataforma de recepção do equipamento, em experimento na USP/ESALQ, Piracicaba.

 

 



Figura 3. Detalhes do manejo de retirada da silagem e disposição espacial dos silos tipo "bag" em experimento com silagem de capim Tanzânia na USP/ESALQ, Piracicaba.

Referências Bibliográficas:

MUCK, R.E.; HOLMES, B.J. Factors influencing density and losses in pressed bag silos. In: XIIIth International Silage Conference. Auchincruive, Scotland. p. 156-157, 2002.

MUCK, R.E.; O´KIELY, P. New technologies for ensiling. In: XIIIth International Silage Conference. Auchincruive, Scotland. p. 334-343, 2002.

_______________________________________
1 Maity Zopollatto aluna de Doutoramento em Ciência Animal e Pastagens - ESALQ-USP, Piracicaba, SP.
2 Luiz Gustavo Nussio professor do Departamento de Zootecnia - ESALQ-USP, Piracicaba, SP.

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