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Especial Sucessão Familiar, O Rancho: "pais inteligentes formam sucessores, não herdeiros"

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

EM 19/05/2017

7 MIN DE LEITURA

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O que é preciso para garantir a permanência dos jovens no campo e, consequentemente, a sucessão familiar nas propriedades? Essa é uma questão que tem preocupado produtores, empresas e especialistas ligados ao setor. Muitos jovens rurais não querem ficar no campo, preferindo mudar para a cidade. Os principais motivos são a busca de oportunidades de emprego, além da mudança no padrão de vida, com maior facilidade de acesso aos meios de comunicação e a vida social urbana. Há também os conflitos familiares, que estimulam a preferência do jovem em prestar serviços em troca de um salário do que trabalhar dentro da propriedade - onde a remuneração pelo seu trabalho nem sempre é definida com exatidão.

A faixa etária da população do campo é alta e, com o passar do tempo e o envelhecimento dos pais, a tendência é que as propriedades sejam vendidas ou haja a transição da pecuária leiteira para outra atividade que demande menos mão de obra, como a pecuária de corte ou a silvicultura. A permanência do jovem no campo é também uma questão bastante complexa, pois envolve aspectos econômicos e sociais, já que é preciso que haja melhorias nos setores da saúde, educação e comunicação. Sucessão não é sinônimo de herança, mas sim uma obra contínua de modernização do negócio da família. Então, nada mais natural do que planejar e organizar o formato no qual haverá uma transferência do comando do atual responsável para um dos possíveis sucessores.

Para homenagear fazendas leiteiras que têm um histórico familiar, o MilkPoint lançou no último mês de março o Especial Sucessão Familiar. A ideia é entrevistar propriedades que deram certo e vêm se desenvolvendo ao longo de gerações.

Na 4ª edição, trouxemos a história da Fazenda O Rancho, localizada no município de Santana do Livramento, no Estado do Rio Grande do Sul. O início foi em 1996 com Renato Munhoz Rodrigues, que trouxe 12 vacas da raça Holandesa do Uruguai. A Equipe MilkPoint entrevistou Isadora Lencina Rodrigues, filha de Renato, que é médica veterinária e hoje trabalha junto aos seus pais na produção leiteira. 

Fazenda O Rancho
O Rancho 

especial sucessão familiar - milkpoint
Isadora Lencina Rodrigues

Um pouquinho de história
 
Em meados de 1996, Renato trouxe 12 vacas da raça Holandesa do Uruguai e ao longo dos anos, a produção foi crescendo. Hoje o rebanho conta com 90 vacas em lactação e paralelamente há a criação de gado de corte, alguns ovinos, plantação de milho para a produção de silagem e plantação de pastagens de inverno e de verão. A ração é produzida na própria fazenda e a silagem é elaborada com grão úmido de milho, contribuindo para a redução nos custos com a alimentação. Atualmente três funcionários compõe o quadro da mão de obra da fazenda além da própria família Rodrigues. 

“Além dos funcionários, meu pai, a minha mãe (Sonia) e eu acompanhamos diariamente todas as atividades”, explica Isadora. Segundo ela, controles quinzenais são realizados em relação à produção de leite individual bem como, controle reprodutivo e sanitário. “Tudo é realizado por mim com auxílio do meu pai em algumas atividades. Coordeno também a área administrativa”.

especial sucessão familiar - milkpoint
Família Rodrigues 

Mas a participação de Isadora nas atividades da família não aconteceu de uma hora para a outra. “A nossa família sempre esteve inserida no meio rural. Meu pai sempre trabalhou no campo e inclusive, com o pai dele, o meu avô. Eu tenho uma irmã gêmea, porém, ela não tem afinidade pelo campo. Desde pequenas nós frequentávamos a fazenda que hoje é a nossa propriedade. Meu pai sempre gostou de gado de leite, apesar de também trabalhar com gado de corte concomitantemente. Particularmente, eu sempre gostei muito de animais e da natureza e quando terminei o 2º grau fui para Santa Maria/RS (em 2008) cursar medicina veterinária na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e a minha irmã, em 2009, ingressou no curso de enfermagem na mesma faculdade. Me formei em 2013 e logo na sequência, assumi o cargo de responsável pelo controle de qualidade de um frigorífico que está localizado a 500 km da minha cidade natal. Permaneci por lá durante um ano e seis meses e pedi demissão para trabalhar com o meu pai, que me conquistou e insistiu para eu retornar à propriedade". Ao tomar essa decisão, Isadora passou a contribuir com o futuro da fazenda. 

especial sucessão familiar - milkpoint
Isadora e Renato 

Em abril de 2015 ela retornou para Livramento, época na qual estavam sendo concluídas as obras de um novo galpão e das salas novas de alimentação para as vacas em lactação (na época, 80 vacas).

“Desde então, estou inserida diretamente nas atividades, enfrentando as crises e os problemas e aprendendo muito todos os dias, principalmente com o meu pai, que apesar de não ter formação superior (apenas concluiu o 2º grau completo), conhece muito a atividade, os animais e todo o sistema. É nítido que hoje O Rancho está muito mais organizado em todos os sentidos comparado há dois anos, quando eu não trabalhava na propriedade. A inserção dos jovens é muito importante, mas infelizmente muitos pais não preparam seus filhos para serem sucessores e quando chega o momento de alguém assumir o negócio, devido à falta de experiência, a família se endivida. Vale destacar que o jovem deve se sentir realizado na atividade em que está inserido”.

especial sucessão familiar - milkpoint
Isadora e Renato 

No ramo do leite, ela crê que a sucessão é muito importante, pois não é qualquer pessoa que tem apreço pela atividade. “Quem está inserido no dia a dia reconhece que não é uma atividade fácil e além disso, muitas vezes somos mal remunerados”.

Hoje a produção diária do Rancho gira em torno de 1700 litros e todas as fêmeas são inseminadas quando demonstram cio natural. A IATF (inseminação artificial em tempo fixo) é aplicada em lotes programados baseados nas datas de parição, o sêmen sexado é utilizado nas novilhas e indicações técnicas e programas de acasalamento das vacas e novilhas são explorados.

A raça preponderante é a Holandesa e o sistema escolhido é a criação a pasto em campo nativo com acréscimo de ração, silagem de milho e silagem de grão úmido de milho. As terneiras são criadas em grupos definidos por idade e tratadas com muito capricho, já que a família aposta nelas para o futuro do tambo.

Resolução de conflitos e profissionalização da família

De acordo com Isadora, para evitar conflitos e viver em harmonia, todos os problemas são resolvidos em conjunto, principalmente quando envolvem fases de mudanças.

“Nenhuma decisão na fazenda é tomada individualmente, sempre sentamos e debatemos o assunto em questão. Eu noto que a principal dificuldade hoje em um processo de sucessão familiar é a própria relação entre os pais e os filhos. Muitos pais não aceitam as propostas dos filhos e muitos filhos, não dão valor para a experiência dos seus pais. É preciso um equilíbrio entre a opinião de ambos”.

especial sucessão familiar - milkpoint
Renato e a plantação de milho na Fazenda O Rancho 

Ela acredita que os pais deveriam ensinar os seus filhos a não trabalharem apenas pelo dinheiro, mas sim, a valorizarem o trabalho no qual eles estão inseridos. “Sempre tem alguém por trás na produção de qualquer alimento, desde leite até carne, soja, hortaliças e frutas. Os jovens devem ser estimulados pela sua família pois hoje em dia a qualidade de vida no campo pode sim ser tão boa (ou até melhor) quanto a vida urbana. Se os acessos através das estradas forem bons, então nem se fale”.

Isadora finalizou a entrevista indicando uma frase na qual ela se inspira todos os dias: “Pais inteligentes formam sucessores, não herdeiros”, do Augusto Cury.

especial sucessão familiar - milkpoint
Isadora na lida diária da Fazenda O Rancho 
 
 

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

Zootecnista pela FMVZ/UNESP de Botucatu.

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MARIA RENATA AFFONSO DE ALMEIDA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 22/05/2017

muito interessante estes trabalhos realizados em propriedades familiares, mostrando sempre que os incentivos das famílias e quando  os negócios sao gerenciados com profissionalismos , dao sempre excelentes resultados. Paes inteligentes formam sucessores  bem sucedidos e nao simplesmente herdeiros.

Excelente artigo e comentários .
JAIR DA SILVA MELLO

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 22/05/2017

Parabéns a família Rodrigues pela condução do trabalho e competência nas ações. Abraço.
EDVANDO CABRAL

PARAUAPEBAS - PARÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 22/05/2017

Muito boa a iniciativa quanto à sucessão familiar, estou secretário de agricultura no nosso município e estamos com as mesmas idéias de incentivo à sucessão, por entender que a família  agrícola está envelhecendo. Parabenizo a iniciativa e digo com absoluta certeza, este é um campo que deve ser considerado de grande relevância para as instituições governamentais, com apoio e diálogo junto aos produtores rurais. Caso haja interesse de fazer uma visita ao nosso município estamos de portas abertas.

Grato

Edvando Cabral

Sec. Adj de Prod. Rural

Parauapebas PA
NEI ANTONIO KUKLA

UNIÃO DA VITÓRIA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/05/2017

Muito bem abordado o tema Sucessão Familiar pela Raquel e sem dúvida falar sobre o assunto é apenas mais um bom serviço que o Milk Point oferece aos técnicos e produtores.

Esta situação apresentada, me remete a relembrar as experiências contadas no sensacional Interleite 2017, onde agricultores familiares e empresariais, como catarinenses que contaram que no início receberam as terras piores para cultivo de pastagens e hoje trabalham ladeados com seus pais, como o jovem de Castro que fala do processo sucessório na propriedade que iniciou as atividades em 1952 e até hoje passa de geração para geração.

Infelizmente ao longo dos últimos anos verificamos muitos jovens migrar do campo para a área urbana, mas também temos o contrário.

Percebo que com a expansão dos cursos de ciências agrárias os jovens estão se formando e retornando às propriedades com a visão empreendedora, já que são centenas que se formam ano a ano e certamente não há emprego na iniciativa privada para todos. Retornando ao negócio da família, aplicam o que aprenderam e isto possibilita uma independência econômica provada a sua rentabilidade e qualidade de vida muito maior do que se fosse ao contrário.

Na minha região, existe uma propriedade (onde tive a oportunidade de estagiar) com seus 10.000 litros de leite/dia, mas que iniciou com muito menos zeros nesta conta e que lá, nunca se falou em divisão de heranças. Simplesmente, foi se fazendo sucessores entre os irmãos e o negócio sendo gerenciado como negócio, como empresa de sucesso.

Para finalizar, cito uma frase que não recordo onde ouvi mas a adotei como referência ao falar da permanência dos jovens no campo.

Diz: "Antes um pai falava a seu filho, se não estudar vai ficar na roça. Hoje, se não estudar não permanecerá no campo."
CONRADO KONORAT

SANTO ÂNGELO - TOCANTINS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/05/2017

Muito bom o artigo !!!

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