A inovação na indústria de alimentos permeia desde soluções no chão de fábrica até o desenvolvimento de novos produtos. Na indústria de lácteos, o avanço tecnológico aplicado aos processos, permite tomadas de decisões mais assertivas, redução de custos e maior rendimento, por exemplo.
A Bionexus, fundada em 2014, por Emiliano Veiga, Computer & Electronics Field Application Engineer, Msc. Eng., com DNA de inovação, pesquisa, desenvolvimento e comercialização de soluções em instrumentação eletrônica, com um investimento inicial de pouco mais de 10 mil reais, oferece soluções para a indústria láctea, incorporando um pouco do conceito 4.0 nos laticínios. Em entrevista ao MilkPoint, exploramos a trajetória e modelo de negócio da Bionexus. Confira abaixo como foi esse bate-papo:
Letícia Mostaro, do MilkPoint: como surgiu a ideia da Bionexus? Qual dor a empresa buscava/busca solucionar?
Bionexus: a ideia da Bionexus surgiu ainda na universidade. O fundador, Emiliano, cursava mestrado em engenharia elétrica e atuava com pesquisa e desenvolvimento de instrumentação optoeletrônica voltada à caracterização de elementos biológicos, água e leite.
Durante a conferência internacional “Fisrt Latin-American Conference on Bioimpedance” – CLABIO 2012, o fundador teve um artigo científico reconhecido como o melhor trabalho apresentado na conferência. Tratava-se de aplicação de técnicas de espectroscopia para análise da qualidade do leite de vaca. Artigo hoje indexado pela biblioteca de Harvard.
Em 2014, nasce a Bionexus com a proposta de levar instrumentação eletrônica e sistemas para indústria, técnicos e produtores rurais. A dor que a empresa busca solucionar com o Milkspec é entregar análise da qualidade do leite de forma rápida, precisa e barata, possibilitando uma rápida tomada de decisão que beneficia todo o segmento produtivo, com foco na sanidade animal.
Letícia Mostaro, do MilkPoint: qual foi o investimento inicial? Qual a expectativa de faturamento para este ano? Qual a base de clientes desde sua criação?
Bionexus: a empresa nasceu com investimento próprio dos sócios, pouco mais de 10 mil reais. No primeiro ano, investimos mais 100 mil apenas em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Nos anos seguintes, recebemos investimento anjo e em 2021, vencemos um edital de inovação da Finep. A Bionexus segue dobrando o faturamento anual desde o início das operações comerciais, em 2019 e a expectativa para 2022 é faturar cerca de 600 mil reais. Hoje, atendemos 30 clientes diretos entre consultorias rurais, cooperativas e indústrias, e mais de 3 mil produtores recebem assistência técnica através de nossos produtos.
Letícia Mostaro: qual o principal desafio do modelo de negócio?
Bionexus: O principal desafio é escalar a fabricação de equipamentos eletrônicos e tornar a solução ainda mais acessível ao ponto de atender diretamente pequenos produtores.
Letícia Mostaro: quais as principais vantagens oferecidas pela empresa, especialmente para a indústria de lácteos?
Bionexus: na indústria, os benefícios são acesso a uma matéria-prima de qualidade, rastreada e com histórico de monitoramento. A partir de dados obtidos com inteligência artificial, a indústria pode identificar a melhor matéria-prima para cada tipo de queijo a ser fabricado, buscando obter o melhor rendimento. Além disso, com o Ontemp, a asseguramos o monitoramento contínuo da planta de pasteurização unindo informações dos lotes de produção e volume pasteurizado, trazendo um pouco do conceito 4.0 para a indústria de lácteos.
Letícia Mostaro: as técnicas de espectroscopia eletroquímica e óptica podem ser aplicadas na rotina das indústrias? Como? É uma técnica economicamente acessível e rápida? Comente um pouco sobre a técnica e sua aplicação na indústria.
Bionexus: sim, na rotina da indústria essas técnicas de espectroscopia podem ser aplicadas deste a análise do leite na recepção até no monitoramento de produto acabado, acelerando a tomada de decisão, reduzindo custos com análise e insumos químicos, possibilitando também agilidade no controle de qualidade dos produtos acabados. São técnicas com baixo custo de manutenção, robustas e que podem entregar resultados em questão de minutos.
Na análise do leite cru na recepção da fábrica, a espectroscopia eletroquímica permite caracterizar a qualidade em função da CPP, da composição e da estabilidade térmica do leite. A análise óptica permite obter rápidas respostas sobre os parâmetros de qualidade do produto acabado, em queijos e requeijão, por exemplo, determinando a gordura, cloretos, umidade e pH.
Letícia Mostaro: No caso dos lácteos, quais são os exemplos de aplicações das soluções oferecidas pela Bionexus?
Emiliano Veiga, Bionexus: a Bionexus oferece soluções para o monitoramento da qualidade do leite individual, com foco no controle sanitário para identificação de mastite. O objetivo é possibilitar uma antecipação no tratamento, maximizando as chances de cura com menor custo. Para a indústria, temos soluções que vão desde o monitoramento da planta de pasteurização em tempo real, gerindo dados de lote de produção conjugados com a digitalização dos pontos críticos de controle, resultando em relatórios e gráficos que ajudam na tomada de decisão, redução de custos e aumento de rendimento.
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