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Efeito da amostragem na composição da silagem de milho

VÁRIOS AUTORES

MARINA A. CAMARGO DANÉS

EM 17/11/2017

6 MIN DE LEITURA

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Variações nos componentes nutricionais dos alimentos provocam inconsistências no suprimento nutricional aos animais, podendo afetar negativamente seu desempenho. Para evitar deficiências ou excessos de nutrientes que comprometem o desempenho ou a saúde dos animais, as formulações devem utilizar margens de segurança na composição dos alimentos. As margens de segurança aplicadas na formulação da dieta dependem, portanto, da variabilidade no teor do nutriente de cada alimento.

Em um trabalho realizado por pesquisadores da Ohio State University, Dr. St-Pierre e Dr. Bill Weiss (que já foi abordado em outro artigo desse Radar Técnico “Fontes de variação na composição nutricional dos alimentos”), foi verificado que a amostragem dentro de uma única fazenda, pode ser responsável por até 37% da variação no teor de FDN da silagem de milho. Portanto, utilizar o resultado de uma única amostra é arriscado. O ideal é construir uma série temporal de análises do mesmo alimento, calcular a média e o desvio padrão (medida de variabilidade) e utilizar esses dados para formular a dieta.

Para avaliar o efeito da amostragem na composição dos alimentos, realizamos um ensaio no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras, no qual testamos o efeito do amostrador e do protocolo de amostragem na composição da silagem de milho. Foram testados três amostradores e três protocolos de amostragem que chamamos de rápido, correto e carreta. Ao todo foram 9 tratamentos, coletados em triplicatas, somando 27 amostras.

No protocolo rápido, cada amostrador coletou 10 pontos distribuídos ao longo do painel do silo, misturou bem as amostras em um balde, e coletou dele a subamostra de tamanho necessário para envio ao laboratório.

O protocolo correto foi muito semelhante, mas as amostras foram misturadas em uma lona no chão e quartejadas na diagonal até que a subamostra remanescente contivesse o peso adequado de envio.

No protocolo carreta, 10 pontos foram coletados da carreta após o descarregamento do painel, misturados em uma lona no chão, e quartejados até atingir a quantidade necessária para envio ao laboratório. Todas as amostras foram coletadas no mesmo dia a fim de eliminar a variação dos componentes nutricionais de um dia para outro. Além disso, cada amostrador fez sua coleta sozinho para evitar que ocorresse influência cruzada nos procedimentos de coleta.

Após a coleta, as 27 amostras foram enviadas para o 3R Lab, que foi nosso parceiro neste projeto, para análise da composição nutricional pelo método do NIRS. A tabela 1 apresenta a estatística descritiva desses resultados, com valores médios, desvio padrão, coeficiente de variação, mínimo e máximo para teores de proteína bruta (PB), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e amido.

Tabela 1. Composição da silagem de milho analisada de 27 amostras coletadas por três amostradores com três protocolos de amostragem.

amostragem da silagem de milho
 
O que imediatamente chama atenção nesses dados é a enorme variação entre os valores mínimos e máximos observados entre as 27 amostras. Isso deixa bastante claro o perigo de se utilizar uma única amostra para formulação da dieta. Por exemplo, se a dieta é formulada com base na amostra com 21% de amido quando na verdade a que as vacas estão consumindo apresenta 16%, o desempenho será aquém do esperado. Mais arriscado ainda é a situação oposta, caso a dieta seja formulada considerando a amostra que resultou em 12% de amido. Se o amido da dieta já estiver maximizado com outros ingredientes, a silagem de 16% de amido pode aumentar o risco de acidose.

O teor de MS foi o que demonstrou menor coeficiente de variação entre todas as amostras individuais, o que demonstra uma menor sensibilidade dessa variável ao processo de amostragem. Isso é bastante importante tendo em vista que o teor de MS de alimentos úmidos deve ser mensurado várias vezes por semana (com auxílio de um forno micro-ondas) para ajuste da composição da dieta em matéria natural, garantindo a consistência no fornecimento de nutrientes aos animais.

A tabela 2 apresenta os resultados da análise estatística comparando os amostradores e os protocolos de amostragem.

Tabela 2. Efeito de amostrador e protocolo de amostragem na composição da silagem de milho (teores de PB, FDN e amido em % MS).

amostragem da silagem de milho

O amostrador não afetou significativamente o teor dos nutrientes analisados. Esse resultado já era esperado, uma vez que os três amostradores receberam instruções bastante claras sobre como realizar cada protocolo. Dessa forma, fica evidente a importância da adoção de protocolos de amostragem e treinamento dos amostradores nas propriedades. Esses procedimentos eliminam uma das potenciais fontes de variação, que é o amostrador.

No entanto, um ponto muito importante que deve ser levado em consideração na interpretação destes resultados é que cada amostrador coletou 3 amostras em cada protocolo. O coeficiente de variação entre essas três amostras variou de 2 a 23%, dependendo do nutriente, evidenciando a importância de mais de uma amostragem por ingrediente.

Por outro lado, o protocolo de amostragem afetou significativamente os teores de MS, FDN e PB das amostras, sendo a composição das amostras retiradas da carreta diferente da das coletadas no painel do silo (rápido e correto). Essa diferença pode ser decorrente da segregação de material ao longo do carregamento da silagem na carreta. Quando a silagem é carregada em um vagão misturador, ele pode ser utilizado para misturar o material e a amostra pode ser retirada após essa mistura. Essa é, inclusive, a recomendação de amostragem para fazendas que utilizam esse tipo de manejo alimentar. No entanto, a carreta não mistura o material e pode haver segregação, já que é um ingrediente bastante heterogêneo.

Os protocolos rápido e correto geraram composições nutricionais semelhantes (tabela 2), o que, em parte, se deve ao fato de que a única diferença entre eles foi a mistura e coleta da subamostra enviada ao laboratório. Outro fator que pode ter contribuído para isso foi a baixa participação de grãos nessa silagem (estimada pelo baixíssimo teor de amido).

Caso o material tivesse mais grãos chance de segregação dos mesmos na mistura no balde seria maior. Como no balde a coleta da subamostra é vertical e feita com as mãos, existe a chance de que grãos escapem e fiquem no balde, reduzindo a concentração de amido no material enviado ao laboratório. A mistura e quartejamento do material em uma lona no chão impede essa segregação vertical dos componentes.

O que muitas vezes ocorre nas fazendas é a retirada de menos pontos no painel do silo, apenas o suficiente para se atingir o peso necessário de amostra para envio ao laboratório. Apesar deste protocolo não ter sido medido neste experimento, é de se esperar que ele influencie o resultado da análise, devido à baixa representatividade da amostragem em relação ao material oferecido ao animal. Em nosso próximo ensaio, este protocolo também será avaliado.

A precisão na formulação das dietas tem como objetivo a redução das margens de segurança e, com isso, menor desperdício de nutrientes, que aumenta a receita menos o custo com alimentação (RMCA). Dietas mais precisas dependem de análises mais frequentes dos alimentos, o que, por sua vez, implica em custo. A tecnologia pode nos ajudar neste sentido e equipamentos de NIRS portáteis estão aparecendo cada vez mais nas realidades das fazendas, possibilitando análises rápidas e frequentes a menor custo.

E você, como coleta suas amostras de alimentos? Como utiliza os resultados das análises? Compartilhe com a gente quem são seus amostradores, quais protocolos utiliza, qual a frequência de coleta das amostras, quais as dificuldades encontradas, etc. Vamos utilizar os comentários abaixo para discutir esse importante tópico?

MARINA A. CAMARGO DANÉS

Professora do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras. Engenheira Agrônoma e mestre pela ESALQ/USP. PhD em Dairy Science pela Universidade de Wisconsin-Madison, WI, EUA. www.marinadanes.com

DANIEL MARTINS DE OLIVEIRA

Bacharel em Zootecnia pela Universidade Federal de Goiás - UFG.
Mestrando em Produção e Nutrição de Ruminantes pela Universidade Federal de Lavras - UFLA.

FERNANDO FAGIOLI MOREIRA

Graduando em Zootecnia pela universidade federal de Lavras (UFLA).

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FERNANDO FAGIOLI MOREIRA

LAVRAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 28/11/2017

Bom dia Sr. Parcifal,  Existem diversas empresas fabricantes, o que faz com que o preço seja bem variável. Pela internet o Sr. consegue fazer um orçamento de forma bem rápida diretamente com um consultor ou até mesmo com o fabricante. A utilização  no campo é de fácil aplicação e os resultados são disponibilizados na mesma hora, para demostrar coloquei abaixo um link de um vídeo mostrando o o equipamento sendo utilizado em condições de campo.



Abraço



https://www.youtube.com/watch?v=egt3sV1Hcts
PARCIFAL OLIVIO BURANELLO JUNIOR

LINS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/11/2017

esse equipamento  NIRS  PORTATEIS , QUANTO CUSTA ?



O PROCEDIMENTO PARA ANALISE PELO EQUIPAMENTO È DE FÁCIL APLICAÇÃO NO CAMPO?
OPENWAY ORDENHADEIRAS

AMETISTA DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 17/11/2017

E  o caminho ,nutrição de precisão ,para baixar custos .

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