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Um lampião no fim do túnel

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 15/06/2001

3 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

Embora este comentário não trate da crise energética, achei por bem adequar seu título aos "novos tempos", fazendo uma alusão (ou melhor, uma menção, porque "luzão" é um tanto exagerado para o atual momento...) ao que mais apreende a economia do país e que está no centro de todas as discussões.

A luz que aparece no túnel da produção de leite reflete-se nos programas de bonificação por qualidade formulados pelos grandes laticínios, que parecem estar saindo do papel. A Parmalat, por exemplo, dá um passo à frente ao lançar o Parmaleite, que bonificará o produtor em até 15% a partir de parâmetros de qualidade (ver abaixo o sistema de bonificação da Parmalat).

O Parmaleite será implantado inicialmente no Rio Grande do Sul, para depois ser estendido às demais regiões do país.

Temos insistido que, para o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL) se tornar uma realidade, é fundamental que o produtor seja bonificado e, com isto, encontre estímulo econômico para investir em qualidade, beneficiando, também, quem já o faz. A importância deste estímulo cresce em função de duas constatações: a primeira, que a demanda do consumidor por qualidade em lácteos não é algo ainda tão claro ou mensurável em nossas condições; segundo, a fiscalização, por melhor que seja, dificilmente dará conta de garantir a qualidade de acordo com o que é preconizado pelo PNMQL.

Por isto, esta iniciativa, ainda mais partindo de um grande laticínio, reveste-se de significância para o setor e descortina expectativas favoráveis.

Há, na esteira de programas de bonificação, conseqüências não menos importantes, como por exemplo, a reorganização de sistemas de produção a partir das metas valorizadas nos programas específicos. O exemplo mais evidente do que pode ocorrer a partir de sistemas de bonificação se dá na Nova Zelândia, cujo objetivo é a produção de leite em pó e derivados de leite destinados à exportação, valorizando assim um produto com alta concentração de sólidos nas fazendas. O resultado é a exploração de animais com potencial de gerar leite com alto teor de sólidos, em detrimento da maximização do volume, ao contrário do que historicamente ocorre em outros países, como nos EUA e mesmo no Brasil.

Nesta linha de raciocínio, avaliando o Parmaleite, nota-se um peso muito significativo para a pontuação de gordura e proteína que, juntas, valem mais do que a soma da pontuação máxima para contagem bacteriana e células somáticas.

Quais as implicações desta observação? Primeiro, quem sai ganhando é o produtor que explora raças com alto teor de sólidos, como por exemplo Jersey, Girolando ou mesmo Pardo Suiço. No caso de rebanhos holandeses, dificilmente a exploração de animais confinados, visando alta produção, atingirá as metas máximas, visto que, nestes casos, a gordura média raramente passa de 3,6% e a proteína, de 3,2%. Já em animais sob pastejo, ou em cruzamentos Holandês x Jersey, por exemplo, será mais viável atingir a bonificação máxima. Há, portanto, uma implicação genética nada desprezível.

Caso o estímulo econômico (leia-se bonificação em centavos por litro) seja suficiente para promover alterações - e logicamente este deve ser o objetivo do programa - técnicas nutricionais e aditivos que aumentem estes índices ganharão força no mercado, refletindo em mais uma conseqüência do programa.

Em um âmbito mais macro, a valorização dos sólidos indica o reconhecimento da importância do rendimento industrial e sugere a perspectiva de participarmos, algum dia, do mercado de exportação, o que faz sentido do ponto de vista da competitividade: com o dólar a R$ 2,40 (ou mesmo menos do que isto), nosso leite se alinha definitivamente entre os mais baratos do mundo. Sob esta ótica, o programa indica uma aposta positiva no potencial leiteiro do Brasil.

Ainda é cedo para afirmar quais as implicações deste programa, mesmo porquê não sei como a pontuação será revertida em dinheiro no bolso do produtor, mas é possível antecipar que, além dos investimentos em qualidade microbiológica estimulados pelo programa, a parte nutricional terá um peso significativo, podendo inclusive moldar sistemas de produção que maximizem este item.

De qualquer forma, podemos dizer que há uma luz no final no túnel, para o produtor especializado. É bem verdade que uma luz não muito forte ainda, à medida que o programa se restringe inicialmente a um Estado e que outros laticínios ainda não sinalizaram da mesma forma a ponto de convergir em tendência nacional.

Talvez uma luz de vela!

Sistema Parmaleite

Limites de qualidade para desclassificação

 

Tabela



Valor máximo de análise

 

Tabela



Bonificação sobre a qualidade do leite remetido

 

Tabela

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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