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Promoção de leite em escolas - Michael Griffin (FAO)

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 26/01/2001

6 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

Nesta semana, o comentário da semana será diferente: entrevistamos Michael Griffin, coordenador das atuações da FAO no segmento lácteo, com ênfase em promoção de leite em escolas, atividade que vem crescendo em vários países do mundo e representa uma boa oportunidade para se aumentar a demanda de leite.

 

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Ele conversou com o MilkPoint sobre o futuro dos programas de leite escolar no mundo.


Para a FAO, qual é a importância da promoção de leite nos vários países do mundo?

MG:
O papel da FAO é auxiliar os países membros a desenvolver seus setores agrícolas. A promoção de leite é um dos aspectos envolvidos nesta atuação. A extensão do envolvimento da FAO em cada país depende das necessidades e das solicitações feitas pelos mais de 160 países membros da organização. Através da lista online de discussão Dairy Outlook, as ações envolvendo a promoção de leite em escolas são intercambiadas, assim como são promovidas datas específicas que lembram o leite: o Dia Mundial do Leite, em 1º de junho, e o Dia Mundial do Leite Escolar, na última quarta-feira de setembro.

Qual é o papel da FAO na promoção de leite em escolas ?

MG:
Em 1997, como resultado de várias solicitações de países a respeito da implementação de programas de leite escolar, ficou claro que não havia um fórum específico para que a indústria láctea dos países membros pudessem trocar informações sobre o mercado lácteo e sobre leite escolar. A Divisão de Comércio e Commodities da FAO tentou resolver este problema utilizando redes de e-mail e um site de internet como veículos para a troca destas informações. Conseqüentemente, a FAO hoje serve como centro mundial para a coleção de informações sobre programas de leite escolar e oferece aconselhamento e assistência para países que pretendem implementar estes programas.

Como parte deste processo, a FAO tem cooperado com várias organizações ao promover uma série de conferências regionais e internacionais referentes ao tema leite escolar. Estas conferências têm o objetivo de criar um fórum para a troca de experiências de profissionais envolvidos na promoção de leite em escolas. A participação da FAO nestes eventos normalmente se concentra no planejamento do programa técnico e na atuação como ponto central para contatos. Os tópicos dependem do interesse local; porém, geralmente incluem um panorama internacional dos programas de leite escolar, o papel do leite na nutrição infantil e a administração e o financiamento dos programas. Desde 1998, foram realizadas conferências na África do Sul, Reino Unido, Austrália, Tailândia, Áustria, República Checa e Colômbia. Em 2001, temos mais 2 conferências agendadas: Canadá e China. Para 2002 e além, certamente teremos mais encontros.

Face ao interesse internacional sobre o tópico, a Divisão de Comércio e Commodities da FAO lançou uma lista de discussão via e-mail envolvendo apenas leite escolar. Os interessados podem se cadastrar visitando a página www.fao.org/mailnews/schoolmi.htm.

Comparando países ricos com países mais carentes, quais seriam as diferenças quanto à abordagem de programas de leite escolar ?

MG:
Em regiões mais pobres, os programas de leite escolar focam na garantia de que as crianças recebam alimento suficiente e geralmente funcionam parcial ou totalmente com fundos governamentais. Em países ricos, o escopo e o financiamento dos programas variam. Em alguns países, o leite é gratuito nas escolas, ao passo que em outros os pais são obrigados a pagar uma parte ou a totalidade do leite oferecido às crianças. Quando o pagamento e a própria opção de escolha existem, tornam-se ainda mais importantes as atividades promocionais orientadas às crianças e seus pais.

Na sua opinião, quem deveria se envolver com a promoção de leite em escolas ?

MG:
Eu acredito que um elemento-chave é que haja uma coordenação central, a nível nacional ou local, que poderia ser o próprio governo, o setor privado ou uma Organização Não Governamental (ONG), dependendo da situação do país envolvido. Sob o ponto-de-vista da indústria, tanto produtores como processadores de leite precisam se comprometer no longo prazo para o desenvolvimento do mercado para seus produtos, devendo apoiar, desta forma, programas de leite escolar.

Porque e como um empresa privada deveria investir em programas de leite escolar ?

MG:
As empresas precisam considerar um cenário de longo prazo e avaliar o desenvolvimento do mercado de lácteos nos próximos anos. Minha experiência tem indicado que empresas privadas têm inclinação a participar destes projetos quando possuem uma fatia majoritária do mercado em que atuam, além de terem uma marca forte. Caso contrário, o questionamento: "Porque devo promover o leite para meus concorrentes ?" sempre aparece.

Em novembro de 2000, foi realizada na Colômbia a 1ª Conferência sobre Leite Escolar na América Latina. Quais foram suas impressões sobre este evento e em que estágio se encontra a promoção de leite nas escolas na região ?

MG:
A conferência na Colômbia foi uma das mais bem sucedidas já realizadas sobre o tema. O leite escolar na América Latina é focado em causas sociais, assegurando que as crianças sejam bem alimentadas, ao invés de visar a promoção do consumo de leite em si. No entanto, um aspecto importante é que em quase todas as iniciativas da América Latina o leite é aceito como parte integral de programas de alimentação em escolas.

Parece que países populosos da Ásia, incluindo nações de pouca tradição no consumo de leite, estão investindo em programas de leite escolar. Qual poderia ser o impacto destes programas no comércio mundial de leite e talvez no próprio preço do leite ?

MG:
Se pegarmos um país como o Japão, veremos que, lá, o consumo de leite cresceu de 5 litros por habitante/ano para mais de 70 litros por habitante/ano, em menos de 50 anos, em parte devido à promoção de leite em escolas. Outros países asiáticos estão tomando este caminho e têm verificado aumento significativo no consumo per capita de lácteos. A China, que tem mais de 200 milhões de crianças em idade escolar, anunciou recentemente que iniciará um programa de leite escolar.

Com isto, podemos esperar que, como resultado destes programas, o consumo de leite na Ásia irá aumentar. Em alguns países o aumento da demanda será mais rápido do que a elevação da produção de leite local. Como resultado, as importações tendem a crescer.

Os preços mundiais de leite e derivados são resultado de vários fatores, de modo que é difícil tecer comentários sobre o impacto da promoção do leite escolar em quaisquer aumentos de preços que possam ocorrer no mercado mundial de leite.

Com base no seu conhecimento da situação brasileira, o Sr. considera que temos potencial para a promoção do leite escolar ? Quem deveria organizar este trabalho ?

MG:
O Brasil tem uma série de programas de leite escolar a nível estadual. Alguns deles, como o realizado em São Paulo, são bem desenvolvidos. Assim como em outros países da América Latina, o leite no Brasil é reconhecido como um componente importante de programas de alimentação em escolas. Em relação a quem deveria organizar a promoção de leite em escolas, isto depende das condições particulares de cada local e da própria tradição existente; no entanto, é imprescindível que haja apoio da indústria láctea, pelas razões já discutidas.

A Lista de Discussão Dairy Outlook:

A Dairy Outlook pode ser acessada a partir do link www.fao.org/mailnews/DairyOut.htm, onde o cadastro pode ser feito. O objetivo do serviço é disseminar e intercambiar informações sobre a economia láctea mundial. Utilizando os servidores de e-mail da FAO, mensagens (perguntas, respostas, pontos para discussão) são enviados diariamente para cerca de 860 membros espalhados em 80 países. Todas as mensagens são analisadas pela FAO antes de colocadas na lista. O acesso é gratuito; porém, os membros são estimulados a participar ativamente da lista, complementando as discussões e enriquecendo as informações veiculadas.

Normalmente, são cerca de 25 a 30 mensagens por semana. Embora o principal objetivo da lista resida no desenvolvimento do mercado mundial de leite, temas muito variados têm sido discutidos recentemente: leite escolar, aspectos do comércio internacional, livros sobre produção de queijos, mercado de leite cru e até processamento de leite de camelo, entre outros.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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