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Padronização do sistema de produção

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 16/03/2001

3 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

Ao compararmos a pecuária de leite do Brasil e a de outros países de relevância na produção de leite, entre os vários pontos divergentes pode-se incluir a indefinição de sistemas de produção. Quem viaja para a Nova Zelândia, por exemplo (veja artigo da seção De Produtor para Produtor, escrita pelo Prof. Jozivaldo Prudêncio), nota que há grande homogeneidade no que se refere à forma como as vacas são exploradas. Dificilmente encontraremos neste país fazendas vizinhas com sistemas de produção totalmente diferentes. O mesmo ocorre na Argentina, Uruguai, Europa e EUA. Neste último, embora em função do tamanho continental deste país existam diferentes sistemas em voga, dificilmente se encontram sistemas distintos lado a lado.

Já no Brasil a situação é oposta. Em uma mesma região, com mesmo tipo de solo, mão-de-obra, topografia, clima e mercado de leite, há produtores com tecnologia e sistemas de exploração altamente distintos. Há pesquisadores envolvidos em desenvolver sistemas a pasto, com gado de grau de sangue variado, para serem aplicados à mesma região na qual outros pesquisadores estudam alta produção de leite, em sistemas confinados. E ambos vendendo ao mesmo cliente.

Embora pode-se dizer que a utilização de sistemas a pasto tem sido cada vez mais divulgada e estudada com maior embasamento científico, informações que levam à alta produção por vaca ainda são bastante populares. Basta vermos o número de profissionais dedicados a este sistema e o fato de que eventos de grande porte, com foco em sistemas que valorizam alta produção por vaca (ainda) atraírem centenas de pessoas. Neste momento, por exemplo, estou participando do V Curso sobre Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, cujos palestrantes - americanos - vêm de uma realidade distinta da maioria, até certo ponto combatida pela mídia nacional e, mesmo assim, atraíram uma platéia de cerca de 500 ou 600 pessoas.

Sem dúvida, esta ausência de padrão em uma mesma região está atrelada ao profissionalismo ainda embrionário da cadeia leiteira como um todo, do produtor ao consumidor (as alterações em vista na legislação para produção de leite estão aí para mostrarem isto). A desregulamentação do setor tem 10 anos apenas. A abertura do mercado é também muito recente. Seria talvez demais exigir que tivéssemos sistemas de produção tecnicamente acabados em um cenário tão intenso em movimentações.

Também, pode-se argumentar que, devido às abençoadas condições climáticas das quais dispomos, é possível acomodar várias opções igualmente rentáveis, porém distintas em sua concepção. Isto já não é possível de ser feito em um país com 9 meses de clima gelado, como o Canadá, por exemplo, ou em países desérticos. Desta forma, além de dificultar a orientação da pesquisa, é cabível ponderar que várias opções são possíveis e a adoção de um sistema ou de outro dependerá muito de cada produtor.

A volatilidade e a inconstância do mercado de leite também afetam a definição do sistema de produção adequado à cada situação. Sob preços elevados de leite, é provável que a maximização da produção de leite por vaca, em sistemas confinados, seja a melhor alternativa. Já em um mercado caracterizado por preços baixos, sistemas a pasto, com menor investimento e maior flexibilidade, tendem a ser uma escolha mais apropriada (note que utilizamos termos vagos como "tendem", "é provável", etc., justamente porque faltam dados). Mas como definir para onde correr quando o mercado é uma verdadeira montanha-russa ?

Por fim, talvez até fruto desta indefinição do mercado aliada à benevolência climática, a pesquisa tem feito pouco no sentido de estudar a fundo sistemas de produção adequados às nossas variadas condições. Há aqui e ali experimentos interessantes, mas nem sempre estes esforços são sinérgicos, o que reduz a evolução (acredito que isto esteja mudando, felizmente).

O resultado deste cenário indefinido é facilmente visualizado ao notarmos a avidez por informação sobre os vários sistemas disponíveis, entre eles o exemplo dado acima. Pode ser que vários sistemas possam coexistir e ser até semelhantes em relação ao lucro, dada uma determinada condição de mercado. Não há problema nenhum nisto, assim como não há problema em constatarmos as vantagens de um determinado sistema sobre o outro. O que não podemos é permanecer no "achismo" ou na preferência pessoal, sem base científica e econômica. É onde estamos hoje.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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