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O leite parou em São Paulo?

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 18/05/2001

4 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

A produção de leite no Brasil vive fases distintas dependendo da região para a qual olhamos. Enquanto em alguns estados o estímulo à produção vai de vento em popa, com produtores animados, investimentos sendo realizados e com perspectivas favoráveis, em outros parece haver um clima de velório instalado: muitos produtores deixam a atividade e boa parte dos que não deixam não demonstram nem de longe a mesma animação observada em outras regiões. Entre as regiões com crescimento e estímulo, por exemplo, estão Goiás, Mato Grosso, parte do Paraná, parte de Minas Gerais e alguns estados do nordeste. Entre as regiões de desestímulo, figuram principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e o Sul de Minas, analisando de forma superficial.

Muitas das razões para esta dupla realidade já foram discutidas extensivamente na mídia. Custos de produção mais baixos, dinheiro barato "a fundo perdido", falta de padronização de matéria-prima, permitindo a coleta de leite de qualidade inferior vindo das fronteiras, etc.

Embora, não há dúvida, estes aspectos expliquem em grande parte o movimento do leite no país, é possível apontar outras causas para esta realidade. Um ponto que chama a atenção é que nas regiões onde a produção está sendo fomentada, os produtores estão articulados ou estão se articulando. O exemplo que já demos inúmeras vezes é o estado de Goiás, que vem solidificando-se na produção de leite, a ponto de servir de referência para o preço pago em São Paulo, Rio e sul de Minas. A articulação atua basicamente em três frentes: primeiro, cria condições para que o produtor se integre com mais poder de barganha aos outros elos da cadeia do leite, especificamente os latícinios e o varejo, ficando também mais antenado ao que ocorre nos transações comerciais externas envolvendo leite. Com isto, as possibilidades de uma melhor remuneração existem, ainda que se tenha em mente que a definição final de preços será dada na prateleira do supermercado.

Em segundo lugar, a articulação dos produtores viabiliza e fomenta serviços que atuam na melhoria da eficiência técnica e econômica. Cursos, treinamentos, "pool" de compras e outras formas de interação são exemplos para a capacitação do próprio produtor e de seus funcionários. Embora preço seja uma variável extremamente importante, não se pode esquecer da busca pela eficiência (não pense que o produtor da Nova Zelândia ou EUA não é eficiente).

Em terceiro lugar, a articulação dos produtores cria uma atmosfera positiva em torno da atividade. Esta atmosfera positiva permite, ou melhor, ajuda, a enfrentar os momentos difíceis pelos quais toda atividade passa.

Em São Paulo, por exemplo, não encontramos este clima, assim como não se nota a articulação dos produtores e de lideranças como ocorre em outros estados. Enquanto em Goiás novas cooperativas são formadas, em São Paulo assistimos ao encolhimento e posterior venda da Paulista; sindicatos de produtores e federações parecem não atuar com a mesma força que se verifica em outros estados; embora bons produtores e jovens lideranças em potencial existam, estas lideranças não tomam a frente do setor no estado como seria de se esperar (porque ?). Enquanto isso, São Paulo encolhe no leite. (há exceções, claro - a APLECC em Cerqueira César e a Cooperativa de Lorena são exemplos recentes).

Quanto da migração da produção para outros estados não se explica por este relativo marasmo, pela aparente falta de busca de soluções para a pecuária de leite de São Paulo ? Digo aparente porque, caso as atuais lideranças estejam atuando fortemente em prol do leite de São Paulo, desconfio que os frutos desta atuação não chegam à maior parte de seus beneficiários, ou pelo menos a informação não chega.

Esperamos que esta situação mude. Não é possível concordar com a constatação geral de que São Paulo não é um local rentável para a produção de leite. Para que isto ocorra, porém, é necessário que haja mobilização como ocorre em outras regiões. A mobilização pode não ser suficiente, mas é condição necessária para que São Paulo possa ter novamente seu status na produção de leite. Necessária para que se organize o esclarecimento da população a respeito do leite informal (São Paulo é o maior centro de consumo do país); necessária para que se evite a entrada de leite clandestino de outros estados, etc.

Até entende-se a colocação do presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, em artigo enviado ao site MilkPoint (ver artigo), ao analisar a migração do leite para as regiões de fronteira como um aspecto esperado e inclusive positivo, fruto de melhores condições em outras regiões. Mais ainda, como foi colocado pelo dirigente, talvez exista certo exagero na magnitude desta migração. Pode ser. De qualquer forma, não há como negar que a produção de leite em São Paulo está longe de apresentar a mesma pujança de outras regiões. E os produtores devem fazer sua parte para reverter este quadro.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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