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Notas curtas (ou nem tão curtas assim) sobre os acontecimentos da semana

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 12/04/2001

4 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

¨ Na semana passada, a New Zealand Milk Products, subsidiária da NZDB, pôs fim precocemente ao breve casamento com a Vigor. Na realidade, apesar de anunciado, o casamento de fato não chegou a ocorrer, uma vez que o negócio estava emperrado nas tradicionais diligências que são feitas antes de se bater o martelo definitivamente. Se, por um lado, acreditava-se que a aquisição estava consolidada, por outro havia boatos no mercado de que o negócio estava a perigo, sendo a prova desta situação o adiamento dos prazos finais para as diligências. Só surpreende o fato de, durante este período todo, a mídia não ter levantado sequer uma vez suspeitas sobre a real concretização da aquisição da Vigor pela NZMP. A até então curta passagem dos neozelandeses gerou mais pessimismo do que otimismo. Ao entrar em novos mercados, as empresas normalmente investem em marketing, com o objetivo de ganhar o apoio público ou pelo menos do setor em que atuam. Foi assim com as empresas de telecomunicações, com o Banco Santander ao adquirir o Banespa e muitos outros exemplos. Com a NZMP, foi o oposto. Poucas foram as declarações fornecidas à mídia. Pode ser que a empresa estivesse esperando a consolidação do negócio com a Vigor para começar a mostrar as caras, o que faria sentido. De qualquer modo, o fato é que as incertezas em relação às intenções da NZDB no país se intensificaram em função da distância que a empresa demonstrou em relação ao setor lácteo nacional. Resta saber, agora, para onde a NZDB apontará seus canhões, ou melhor, suas contas bancárias ...

¨ A francesa Danone lançou e está promovendo (com campanha de US$ 13 milhões) no Reino Unido um produto que bate de frente com o leite: água enriquecida com cálcio. Segundo a propaganda do produto, uma criança teria que beber 3 litros do produto chamado Danone Activ para obter 100% da recomendação diária de cálcio. No editorial da publicação Dairy Industries International, comenta-se ser preocupante que qualquer empresa tente recomendar água em vez de leite às crianças. Mas, em se tratando de uma empresa tradicional do setor lácteo, como a Danone, o fato ganha dimensão. Segundo comentário de Michael Griffin, da FAO, tanto a Danone quanto a Nestlé são líderes em laticínios e em água mineral. E, avaliando o balanço das empresas, não há dúvida sobre qual das duas áreas cresce mais rapidamente e dá mais lucro: a água mineral. Ao mesmo tempo, levando em conta que produtos lácteos geram cerca de 50% das vendas mundiais da Danone, segundo Griffin, é surpreendente o investimento feito pela empresa para promover o Danone Activ. Em tempo: na campanha de marketing, é mencionado que um litro do produto fornece a mesma quantidade de cálcio do que 2 copos de leite.

¨ Aproveitando a empresa, um fato curioso: a Danone (no Brasil), que teve média de captação acima de 1000 litros/dia por produtor, hoje apresenta menos da metade, entre 400 e 450 litros/dia. A empresa, no ano passado, captou 390.000 litros diários de 330 produtores de leite. Hoje, capta 350.000 litros de mais de 800 produtores. Seriam os custos mais baixos pagos pela matéria-prima de produtores menores ?

¨ Em entrevista realizada pelo BeefPoint, o Prof. Pedro de Felício, da UNICAMP, comentou as lições que ficaram após o problema da vaca louca com o Canadá. Na opinião do Prof. Felício, graças ao problema, o país passou a tomar importantes medidas no sentido de melhor posicionar a produção de carne bovina para o comércio internacional, seguindo o ditado "há males que vêm para bem". Esperamos que, de fato, as ações tenham continuidade após a poeira baixar (como já está baixando), e as oportunidades sejam de fato aproveitadas. Em artigo recente, o Prof. Rubens Ricupero coloca que, com a preocupação crescente com a segurança nos alimentos que ocorre nos países desenvolvidos (ficando só atrás do desemprego, mas na frente dos temores com a criminalidade), tem-se a chance de valorizar a produção de alimentos em países de terceiro mundo. E esta chance não é de se descartar e tem uma importância histórica: nós últimos séculos, estes países sofreram pelo fato de exportarem matérias-primas baratas, sem valor agregado, e importarem produtos manufaturados, distorcendo a distribuição mundial de renda. Ao agregar valor na exportação de matéria-prima, podemos recuperar um terreno cedido ao longo de muito tempo.

¨ As liquidações de rebanhos leiteiros seguem a todo vapor. Há, contudo, uma diferença em relação aos anos anteriores, quando os leilões eram marcados pelo desânimo, a ponto de uma vez terem sido comparados a velórios. A diferença é que não faltam compradores e os preços obtidos pelos animais estão aquecidos. Embora o aumento do número de leilões indique crise para alguns ou migração da atividade para outras regiões, sem dúvida o mercado aquecido atua catalisador da liquidação de rebanhos de produtores que vislumbram outras possibilidades de aplicação do dinheiro, ou simplesmente estão cansados da atividade. Em outros momentos, talvez permanecem produzindo. Do atual mercado aquecido, recebem o empurrãozinho que faltava para deixarem a atividade. O fato é que, definitivamente, as vacas estão mudando de mãos.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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