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De cara para o sol

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 30/03/2001

5 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

Estive presente ontem no 5º Seminário de Conjuntura Agropecuária, promovido em São Paulo pela MB Associados e Agência Estado. Foram discutidos aspectos relativos ao cenário macroeconômico nacional, por José Roberto Mendonça de Barros (Diretor da MB Associados), perspectivas de comercialização desta nova safra agrícola pelo Prof. Guilherme Leite da Silva Dias (FEA-USP) e os desafios embutidos na produção vegetal e animal, com vistas às crescentes exigências sanitárias e de garantia de origem no mercado mundial, por Enio Marques Pereira, Diretor Executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Industrializada (ABIEC).

Na palestra do Prof. Guilherme Dias, foi abordada a atual conjuntura dos principais produtos agrícolas e pecuários, bem como as perspectivas futuras. É nesta apresentação que faremos o comentário desta semana.

Tendo como abertura o algodão, o Prof. Dias mostrou como a produtividade dobrou nos últimos 3 anos, fazendo com que o poder de compra atingisse níveis promissores, ainda que a relação de troca se mantivesse estável, ou seja, a maior produtividade foi a principal responsável por manter a atratividade desta cultura (ver abaixo). A maior produtividade está intimamente relacionada à migração da produção para o Centro-Oeste, com condições favoráveis e adoção maciça de tecnologia. As perspectivas para o algodão são promissoras; o Brasil já começa a participar do mercado externo, com previsão de exportação da ordem de 120.000 toneladas nesta safra.

 

Gráfico 1



O milho, apesar da supersafra que se espera, apresenta um quadro que se não é tão favorável quanto o algodão, pelo menos é estável, com perspectivas de exportação de 1,3 milhão de toneladas para este ano. O poder de compra tem flutuado nos últimos anos, porém a produtividade mostra um crescimento contínuo deste 1987, o que significa um ajuste da cultura a uma nova condição de mercado surgida principalmente após o Plano Real (ver abaixo).

 

Gráfico 2



O caso da soja é mais problemático (ver gráfico abaixo). Apesar dos aumentos de produtividade obtidos, os preços têm se mantido muito baixos nos últimos anos e, pior, tendem a continuar assim. A relação de troca está em queda livre e o poder de compra do agricultor não é nada animador, mesmo com o expressivo aumento de produtividade, se mantendo em queda desde 1993. Um dos principais problemas é a elevada carga de subsídios praticada pelo governo americano, inflando a produção deste país e achatando os preços do produto mundo afora. O gráfico abaixo ilustra claramente como é difícil guerrear contra o subsídio americano ou europeu, especialmente quando a artilharia é pesada, como no caso da soja.

 

Gráfico 3



Em relação à proteína animal, o cenário é bem mais favorável, embora o crescimento da oferta nacional deva crescer mais do que a demanda (veja abaixo). Isto quer dizer que o destino natural para este aumento de oferta deve ser o mercado externo, como já está ocorrendo com o algodão e com a soja. No caso da carne bovina, a relação de troca melhorou quase 20% de 1996 para 2001, bem mais do que as lavouras acima analisadas. Além disto, a produtividade vem crescendo (vagarosamente, é verdade) e o poder de compra do pecuarista de corte subiu cerca de 25% neste período. A conjuntura é, portanto, muito favorável, ainda mais se considerando os problemas decorrentes da BSE e febre aftosa na Europa, que nos possibilitam marcar presença mais forte no mercado mundial e, quem sabe, não mais perdê-la.

 

Gráfico 4



No caso do frango, a situação é mais complicada, uma vez que os preços têm se achatado cada vez mais. O setor se adaptou ao mercado externo extremamente competitivo e à oportunidade de produzir comida barata internamente para se estruturar. A organização da cadeia é invejável e os ganhos de eficiência nos últimos anos, fantásticos. Porém, a relação de troca continua caindo e a avicultura depende mais do que nunca de seu desempenho no mercado mundial, uma vez que o consumo nacional já é elevado.

Já a suinocultura apresenta um cenário bastante favorável. Os aumentos de produtividade e qualidade nos últimos anos foram significativos. O poder de compra do suinocultor deve crescer cerca de 13,5% neste ano, o maior crescimento entre os produtos analisados. O consumo nacional, na faixa dos 10 kg de carne suína/habitante/ano, é bastante baixo se comparado com 31,7 kg na China e 30,2 kg nos EUA. É um setor que apresenta cenário bastante favorável, a exemplo do algodão.

E o nosso leite ? Pelos dados mostrados pelo Prof. Guilherme Dias, a situação também é interessante. A produtividade é ainda baixa, mas está crescendo (ver abaixo). A relação de troca mostra uma recuperação de 28% entre 1999 e 2001. É bem verdade que, em 1998/1999, o setor estava no fundo do poço, com importações subsidiadas afetando os preços no mercado interno. De qualquer forma, o poder de compra parece estar se recuperando.

Outra observação interessante foi que o setor leiteiro protagonizou o primeiro caso digno de sucesso na defesa dos nossos interesses comerciais, ao conseguir o acordo anti-dumping com Argentina, Uruguai, União Européia e Nova Zelândia, constituindo-se em um indicativo de que o setor está conseguindo se articular.

No cenário agrícola nacional, a produção de proteína animal parece vislumbrar dias mais ensolarados do que a produção de proteína vegetal. Às vezes, para termos uma visão mais isenta, é interessante analisar a situação de outros produtos para melhor situar o cenário da cadeia do leite.

 

Gráfico 5



Observação: o prof. Guilherme Dias mostrou a importância do mercado externo para vários segmentos, como forma de garantir o crescimento da produção e, eventualmente, da remuneração. Para isto, além da eficiência produtiva, é necessário atenção crescente à qualidade dos produtos e à rastreabilidade. Neste quesito, as cadeias agroindustriais com alto grau de integração estão à frente, como a cadeia do frango. Será muito mais fácil garantir a qualidade final de uma cadeia integrada do que em uma cadeia dispersa, com pouca interação entre os elos da cadeia (pecuária de corte e leite, por exemplo).

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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