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Cenário confuso para o leite brasileiro

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 04/05/2001

2 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

A pecuária de leite no Brasil talvez reúna a maior diversidade possível em relação a tendências e acontecimentos relativos a um setor agropecuário. E são vários os exemplos que podem ser utilizados para embasar esta afirmação.

Vamos bater mais uma vez no item qualidade do leite. Ao mesmo tempo em que lideranças do setor depositam no PNMQL as esperanças para a profissionalização do leite no Brasil, é sempre bom lembrar que o leite informal continua representando um volume significativo da produção consumida, sem que, aparentemente, não existam projetos concretos para o seu combate. Não há sequer consenso por parte dos especialistas a respeito da quantificação do mal que aflige ao setor, do ponto de vista econômico, e mesmo do ponto de vista sanitário à população (está certo, o informal é uma vergonha, há riscos para a população, mas alguém já quantificou este risco, a ponto de permitir estabelecer a priorização em seu combate ?). Há, ao contrário, uma percepção da população que o informal é melhor, pelo menos da população (significativa) que o consome.

(Não deixe de ler o artigo da professora Vanerli Beloti sobre o trabalho realizado em Londrina em relação ao leite informal - Leite clandestino: quem tem medo do lobo mau?).

Por parte dos laticínios, nota-se uma movimentação maior na direção do pagamento por qualidade especialmente em algumas regiões do país, ao passo que, em outras (justamente as que mais crescem, nas fronteiras agrícolas, para onde as empresas estão direcionando a captação), o objetivo parece ser de fazer volume ao preço mais baixo possível. Mesmo nas regiões nas quais os programas de qualidade estão sendo implementados, questiona-se o rumo destes programas considerando momentos de escassez de leite.

Ou seja, tanto no setor informal, como em parte do setor formal, os conceitos de qualidade passam ao largo dos conceitos definidos pelo PNMQL. Considerando, a partir destas observações, que a conjuntura não é favorável para a adoção de novas medidas em boa parte do setor, depreende-se que a sua adoção dependerá fundamentalmente da fiscalização. E aí a porca torce o rabo: já ouvi de profissionais do SIF que a fiscalização não basta - as indústrias precisam cooperar e comprar a briga, afinal o interesse deve ser delas.

Esta situação reflete um certo "samba do crioulo doido": o setor aposta na modernização da produção e aumento da qualidade; o consumidor não sabe o que é qualidade; o governo diz que não tem como fiscalizar a contento; o leite cresce justamente nas regiões nas quais estas deliberações parecem coisa de outro planeta considerando-se a realidade local; os laticínios apresentam comportamento dúbio dependendo da região e da conjuntura do momento; o informal é um bicho que ninguém sabe direito o tamanho e a força... Junta-se a isto potenciais conseqüências de cunho social decorrentes da modernização e, pronto, a salada está completa !

Confesso que tenho dificuldades em interpretar este cenário. Para onde de fato o leite brasileiro caminha ? A diversidade é tanta que nos dá a impressão de que o peão está indo para um lado e o cavalo, para o outro. É um pé em Paris e o outro no Afeganistão.

Confesso também que, até o momento, não tive conhecimento de nenhuma análise que realmente se ocupasse em avaliar este confuso cenário atual do leite e indicasse de fato para onde a produção de leite brasileira está caminhando.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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