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A solução dos problemas do leite no Brasil

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 24/08/2017

8 MIN DE LEITURA

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A saída para os problemas do leite no Brasil é barrar ou limitar as importações. Esta, afinal, é a pauta que domina o setor desde que o MilkPoint começou, no ano 2000. Sem as famigeradas importações, a história do leite seria absolutamente diferente. Teríamos preços consistentemente mais altos e produtores e indústrias teriam lucros superiores. Mas...será mesmo?

Infelizmente a coisa é um pouco mais complicada. O efeito imediato de uma suspensão ou limitação das importações é um aumento de preços ao produtor e ao consumidor, já que uma parcela não desprezível do nosso consumo vem do leite importado. Porém, com preços mais altos, o resultado óbvio será o aumento da produção interna, que encontrará também a redução do consumo em função de preços mais elevados.

Creio que todos concordam em uma coisa: nosso potencial de aumento de produção é enorme, tanto pelos baixos níveis de produtividade, como pelo fato de não termos quaisquer limitações para o crescimento da oferta. Com efeito, os dados históricos recentes mostram que, em sequência a bons preços (ou a bons momentos de rentabilidade), a oferta responde imediatamente.

Os dados de variação na Receita Menos o Custo da Ração (RMCR) e de variação de oferta, deixam isso claro (gráfico 1). Com melhores margens, o resultado é inequívoco: o danado do produtor acelera; se as margens caem, ele pisa no freio.

Gráfico 1. Variação da Receita menos Custo de Ração x Variação da oferta (sobre mesmo mês do ano anterior). Fonte: MilkPoint Mercado. 

rmcr - gado de leite

O resultado dessa situação é fácil de se prever: se, por consequência do fim das importações (ou de uma regulação maior), os preços subirem significativamente, haverá, sem sombra de dúvida, forte aumento de oferta interna que, logo ali na frente, ocasionará queda de preços, sem que seja importado um kg sequer de lácteos. Mais do que isso, o forte aumento de preços, como já vimos antes, atrairá oportunistas, manterá produtores ineficientes e afrouxará exigências de qualidade, jogando mais uma vez para o futuro as possibilidades de, efetivamente, evoluirmos como cadeia produtiva.

Como não temos ferramentas suficientes para composição de estoques, o estímulo fará com que a paulada seja imediata, até que consigamos preço para participar do mercado externo – se é que, na ocasião, teremos acesso a ele, já que não importaremos e seremos, para todos os efeitos, uma economia láctea fechada.

Há, sim, uma maneira de perpetuar preços atrativos e margens confortáveis: colocarmos cotas de produção de leite. Funciona assim: para produzir, o produtor adquire o direito de produzir cada kg de leite. Assim, mesmo com margens muito convidativas, novos entrantes terão que comprar as cotas de produção (e, quanto mais atrativa a atividade, mais cara será a cota); produtores já existentes, se quiserem aumentar a produção, também precisam comprar esse direito (o que aumenta o custo de produção, evidentemente). É a camisa de força do leite.

Dessa forma, consegue-se, artificialmente, manter condições muito boas para quem está dentro. É precisamente o sistema canadense, com altas taxas de importação (o que inviabiliza a entrada de produto de fora) e, claro, altos custos ao consumidor, o que pode funcionar em um país com renda per capita de US$ 34.273, a sétima do mundo, e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,967, o terceiro do mundo. Mas, dificilmente, funcionaria em um país como o Brasil, com renda per capita de menos da metade dessa, e IDH de 0,754, o 79o no mundo. Compreensivelmente, não podemos ter um preço canadense, pela simples razão de que nosso consumidor não comporta isso, não é mesmo? Pelo menos não na quantidade de consumo que precisamos ter.

Também, esse foi o sistema europeu durante várias décadas, que precisou ainda de subsídios para fechar a conta, considerando os custos intrínsecos de produção e ainda o custo de compra das cotas. Esse mesmo sistema foi abandonado pela União Europeia em 2015, sob o argumento de que não mais seria possível arcar com os custos envolvidos. Nos parece, pois, que não é também um caminho viável para o Brasil. É, pois, uma solução completamente anacrônica (tal qual o tabelamento), analisada aqui somente sob a perspectiva teórica.

É até compreensível, inclusive, que haja algum grau de proteção para compensar desajustes históricos e desvantagens competitivas, mas desde que – e aqui vem o ponto que quero destacar neste artigo - os benefícios advindos dessa estratégia sejam traduzidos na busca pela maior competitividade no futuro. Uma parcela da diferença entre o preço externo e interno poderia ser revertida em um fundo setorial, gerenciado profissionalmente, atacando 2 ou 3 causas principais da nossa baixa competitividade, por exemplo.Marcelo P. de Carvalho
Desta forma, voltemos ao ponto original. Se, porventura, eliminássemos a zero as importações (que têm variado de 3 a 8% do nosso consumo, nos últimos anos), na ausência de cotas e outras barreiras que impeçam o aumento da produção interna, teríamos, em pouco espaço de tempo, talvez 6 meses, talvez 1 ano, um novo desequilíbrio, agora 100% causado pela produção interna. Não estamos falando de substituir 30, 40, ou 50% do consumo através do fomento à produção interna; estamos falando de 3 a 8%. Um a dois anos do crescimento médio do período entre 2007 e 2014 fariam o serviço.

Isso posto, concordo com aqueles que argumentam que o leite é ainda protegido em alguns países; que nosso “Custo Brasil” certamente é maior do que o “Custo Nova Zelândia” (embora, convenhamos, o produtor de soja, milho, frango, suíno e boi também sofram com isso). Também, concordo que é necessário investigar se há irregularidades nas importações, sejam referentes à qualidade, origem, etc. Isso não se discute. Devemos nos manter vigilantes quanto a qualquer tipo de concorrência desleal, mas que verdadeiramente representem algum tipo de deslealdade ao comércio. Isso, no entanto, é diferente de ser, por convicção, contra a abertura comercial.

Também, cumpre lembrar que, no passado, as lideranças foram efetivas ao estabelecer medidas antidumping. Naquele momento, principalmente na União Europeia, ainda se utilizava de práticas desleais ao comércio. Era um período pré-reforma da Política Agrícola Comum, quando a maior parte dos subsídios era de fato pago dentro da chamada Caixa Ambar, ou seja, através de medidas de apoio interno que distorciam o comércio, muitas vezes atreladas ao pagamento por preço mínimo garantido pelo governo. De lá para cá, a União Europeia veio, não sem dor e chiadeira, desmantelando parcialmente este sistema, do qual faziam parte também subsídios à exportação, as já mencionadas cotas e forte suporte para estocagem.

É até compreensível, inclusive, que haja algum grau de proteção para compensar desajustes históricos e desvantagens competitivas, mas desde que – e aqui vem o ponto que quero destacar neste artigo - os benefícios advindos dessa estratégia sejam traduzidos na busca pela maior competitividade no futuro. Uma parcela da diferença entre o preço externo e interno poderia ser revertida em um fundo setorial, gerenciado profissionalmente, atacando 2 ou 3 causas principais da nossa baixa competitividade, por exemplo.

O que não é correto é acreditarmos que o fim das importações resolveria definitivamente nosso problema de preço, como parece ser o caso diante de manifestações em mídias sociais e aqui no MilkPoint. Ou, ainda, ficarmos restritos a uma única agenda, voltada para uma realidade que cada vez menos existe no mundo. É preciso admitir que, nestes 17 anos, pouco se fez para buscar uma agenda de mais longo prazo, atacando as causas da nossa atávica falta de competitividade, como a baixa escala de produção (os 1,3 milhão de produtores, usados como argumento para a necessidade de proteção, caso ainda existam nesse número, são parte do nosso problema), baixa produtividade de sólidos por área, questões relativas à qualidade, más condições de transporte de leite e energia nas fazendas, juros altos, tributação em insumos (ex: teteiras de ordenha), custos de importação de equipamentos, má coordenação da cadeia, e outras mazelas.

Estou há mais de 20 anos na atividade e posso assegurar que, passada a ameaça das importações, seja porque o mercado externo em algum momento reage, seja porque o câmbio em algum momento se deprecia, os problemas do setor (isto é, as importações) desaparecem...até a próxima crise, quando o mesmo discurso volta à tona. O problema, sempre, são os outros, contra os quais não temos e nunca teremos como competir.

Pouco, efetivamente, é feito no sentido de se criar condições para que sejamos mais competitivos. Um exemplo rápido, conhecido de todos: os seguidos adiamentos dos parâmetros da IN-62. Na impossibilidade óbvia de cumpri-los diante dos problemas mais básicos que temos, joga-se para frente, na esperança de que o tempo crie as condições para que os níveis possam ser atingidos. Até o próximo adiamento. Não é assim?

E assim permanecemos na segunda divisão do leite mundial, apanhando do Uruguai (que produz menos da metade do leite do Rio Grande do Sul), a despeito do sucesso do agronegócio brasileiro, da existência de formidáveis técnicos e produtores de leite, e do enorme potencial de crescimento que temos.

É oportuno lembrar que, ao mesmo tempo em que nos deparamos com os fantasmas de sempre, há um novo leite surgindo, seja com produtores com visão gerencial, ambição e criatividade – e quem foi ao Interleite Brasil 2017 viu isso, seja com laticínios buscando diferenciação e agregação de valor, seja com técnicos e pesquisadores que não fazem feio a seus pares nos Estados Unidos, Europa, Argentina, ou Nova Zelândia.

A questão que precisa ser discutida, como setor, é o que de fato queremos e podemos ser. Queremos participar do mercado mundial, que seja em algum momento futuro, para o bem (vendendo a muitos mercados e podendo crescer a produção) e para o mal (lidando com volatilidade de preços superior ao que temos e preços médios em geral menores, competindo com o mundo)? Ou queremos manter nossa economia láctea fechada?

Ambas as estratégias são teoricamente defensáveis; ambas têm vantagens e desvantagens; cada uma envolve enfoques e caminhos distintos. Hoje, não estamos caminhando para nenhuma delas. “Se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve”, cunhou Lewis Carroll, em Alice no País das Maravilhas. Ou, o seu corolário: nessa condição, também nenhum caminho serve. É onde precisamente estamos quando discutimos o leite no Brasil.

Por que não trabalhamos uma agenda de futuro, abordando as causas que nos travam há décadas? Por que não olhamos para 5 ou 10 anos à frente, ao invés de buscarmos sempre a solução temporária e que não nos trará as respostas das quais precisaremos lá na frente? Por que não temos uma postura proativa, como muitos países e setores estão fazendo, ao invés de sermos apenas reativos?

Estamos dispostos a participar ativamente desse processo.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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GENECIO FEUSER

PARANAVAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/01/2018

Sinuca de bico, mercado é oferta e demanda, não vejo saída inteligente sem que o setor se sente e pense o mercado. Industriais, produtores, comerciantes (especialmente grande mercadista) e governo precisam conversar, estamos no mesmo barco. Qual é o mercado? Conversando com industriais eles reclamam que não conseguem vender leite mesmo com os preços baixos, sim, é óbvio, pois quem dita é o mercado (Lei da oferta e procura). Estamos numa sinuca de bico, preços não cobrem o custo de produção ao produtor, mercado vendendo leite a preços que não cobrem o custo de produção do produtor, é comum ir ao mercado e ver preços de 0,90, 1,26, 1,48, 1,80 e até 2,15 reais o leite da caixinha. Aí pergunto, onde está o custo de produção da indústria, o custo de transporte, impostos, margem para cobrir os custos do mercado e novamente impostos? Vejam que não falei em lucro, e sem ele ninguém sobrevive. Alguém pode dizer, é promoção! Promoção durante 120 dias e com dinheiro de quem?

Nunca vi tamanha esculhambação! Bem, alguma empresa ou empresas estão quebrando, só pode ser, nem Dumping é, pois não vejo ninguém com poder, no momento, para tirar ou ampliar o mercado.

Porém o efeito soa como se fosse dumping, marcas estão no mercado a preços tão baixo que chego a sentir vergonha da nossa cadeia produtiva, tamanho desastre, e assim impede outras empresas de efetuar as suas vendas preços "normais". Várias empresas reclamando, não consigo colocar meu leite, quer seja caixinha ou saquinho. O que podemos fazer?

O mercado não se expande rapidamente, então precisamos ajustar a oferta, eis a questão, muito comum em países mais civilizados.

Precisamos que alguém lidere essa cadeia láctea, estamos todos do mesmo lado, todos queremos e precisamos respirar, não existe milagre, só o bom senso pode criar uma solução "definitiva".

Afirmo, para o equilíbrio financeiro do setor, se precisar, reduzo a minha produção. Você produtor, industrial, mercadista toparia? Hahahahahahahaha, estou sonhando demais, né?



.
ARGEMIRO MAGALHÃES

SÃO GONÇALO DO SAPUCAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/09/2017

Como melhorar a qualidade do leite, para concorrer com os mercados de países desenvolvidos, se não temos recursos financeiros para aplicar na atividade se a renda que temos mal dar para a sobrevivência do produtor. Como concorrer com os países do primeiro mundo onde os juros são quase zero e os financiamentos São a perder de vista? É fácil fazer críticas aos produtores de leite, parece até que o articulista esquece que somos produtores em um país chamado Brasil que não assegura nenhum retorno a sua população e tem os juros mais caros do mundo e cobra taxas de impostos absurdas ,tornando  praticamente meeiros do governo. Não acho justo colocar essa crise do leite nas costas do produtor ,pelo contrário acho que o produtor é um herói por sobreviver nessas condições conjunturais tão adversas .
JÚLIA D. LIMA DIAS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/09/2017

Obrigada a equipe do Milkpoint pelo artigo. Muito bom.

Dois pontos me chamam atenção: desenvolvimento do produtor em termos de competitividade e desenvolvimento de mercado interno. Acredito que o mercado interno brasileiro tem como crescer em consumo de lácteos por pessoa, em quantidade e valor. Obviamente se a economia permitir. Na outra ponta temos 1,3 milhão de unidade de produção, como disse o artigo. São empresas trabalhando e empregando. Não acho que boa parte delas deveriam desaparecer. Acredito que o governo e as entidades do setor podem fazer muito sobre a competitividade da cadeia nacional e no desenvolvimento do consumo interno, com melhores resultados do que barrar importações.  
CAETANO BEBER

BLUMENAU - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 13/09/2017

Bom dia pessoal, aqui vai mais um artigo para complementar e expandir essa análise feita pelo Marcelo:

https://www.milkpoint.com.br/seu-espaco/espaco-aberto/o-brasil-dos-dois-leites-107172n.aspx



Boa leitura,

abraços
ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/09/2017

Caro Marcelo,

Muito oportuno o artigo e o debate que o mesmo "detonou".

Concordo que focar apenas na questão da importação, com a proposta de fechar as entradas, é paliativo e pouco sustentável.

Temos que preparar para continuarmos crescendo a produção, de olho nos mercados interno e externo, mas a custos competitivos. E isto só conseguiremos se trabalharmos as questões estruturantes.

Ainda somos impedidos de utilizar julietas (reboques) para coletar o leite, enquanto temos uma densidade de coleta muito baixa, elevando os custos logísticos da captação. A mecanização da ordenha ainda não é generalizada e os equipamentos e sua operação nas fazendas de produção de leite deixam muito a desejar. Enquanto isso, a mão de obra parece cara porque a relação de litros de leite por dia homem envolvido com a ordenha é muito baixa (menor que 300 litros). A estrutura de rebanho deixa muito a desejar, tendo muitos sistemas de produção com um percentual de vacas em lactação em relação ao rebenho total muito baixo. Aliás, os indicadores técnicos e, principalmente, os econômicos, são muito pouco utilizados para o planejamento e o processo de tomada de decisão nos sistemas de produção. A maioria dos produtores ainda se orienta apenas com os resultados da margem bruta (renda bruta menos o custo opercaional efetivo) sem levar em consideração elevado custo do capital imobilizado.

Acabei de ministrar um treinamento de cálculo de custos de leite e planejamento para técnicos que vão atuar com produtores de leite da Castrolanda, utilizando a metodologia da ATeG do SENAR nacional e fizemos uma prática numa propriedade (D. Neide Barreto e Sr. Benedito Coelho) que tem média histórica de menos de 10.000 UFC por ml e elevado teor de sólidos (12,93%), enquanto estamos discutindo para quando será o próximo adiamento da IN-62.

Reunimos todas as condições para abastecermos o mundo de leite mas precisamos endereçar certo nossas ações.  
ANDRE FERNANDO ALVES DE OLIVEIRA

JUNDIAÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/09/2017

Gostaria de acrescentar alguns elementos que valem a pena serem conhecidos, ou lembrados, para vermos e entendermos que o problema real do segmento de lácteos no Brasil e a produção primária em particular é interno e dependem muito pouco do cenário de importações. Trabalhei com os dados da FAO:

Nossa produtividade em litros/animal/ano em 1961 era de 550, em 2014 foi de 1.256 litros, aumento de produtividade de 2.3 vezes.

A produtividade das Américas, excluindo o Brasil era de 2.310 litros e hoje é de 3.949 litros, aumento de produtividade de 1.7 vezes.

Ok aumentamos nossa produtividade acima da média, mas ainda faltam acrescentar 1.000 litros por vaca/ano para chegarmos à produtividade das Américas de 1961!!!!

Ou seja, estamos 56 anos atrasados em termos de produtividade e aumentamos a nosso produção de leite basada no aumento do rebanho de 9 milhões em 1.961 para 28 milhões em 2014.

Talvez fique mais claro pensarmos com estes dados para entendermos que não estamos no caminho certo e que foi seguido pelos demais países, ou seja produtividade.

O rebanho das Américas em 2014 era de 34 milhões de cabeças que produziu 148 bilhões de litros de leite.

Assim o grande problema do Brasil não são as importações, mas nossa baixíssima produtividade, será mais efetivo para toda a cadeia pensar em termos de negócios e aplicarmos os mesmos princípios de outros segmentos do agronegócio, onde somos tão produtivos e servimos de exemplo para o mundo, infelizmente o caso do leite é o contrário, não servimos de exemplo para ninguém.

São os fatos que os dados mostram, gostemos ou não!
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/09/2017

Prezado  Otávio A. C. de Farias: É por isso que eu digo que estas importações colocam em xeque toda a lisura do sistema, pois, se há o declarado excesso e a queda tão vertiginosa do consumo, por que elas continuam? Por lado outro, com o crescimento da população e sendo o leite um dos principais, essenciais e mais baratos meios de alimentação do mercado, tradicionalmente presente na mesa dos mais pobres, não seria a regra contrária, ou seja, o aumento do consumo face à perda do poder aquisitivo, a realidade mais palpável? Em outro diapasão, a baixa no preço do farelo de soja e do fubá, produtos essenciais na produção leiteira em grande escala, veio acompanhada, como sempre, do aumento no preço dos medicamentos, dos insumos para ordenha, do valor do óleo diesel, das sementes e dos fertilizantes (que encareceu a silagem de milho), e, principalmente, da baixa do preço do leite pago ao produtor. Onde o custo de produção foi reduzido? Por fim, que tenha havido queda no consumo de iogurtes, queijos, manteiga, e outros derivados mais caros, até concordo, mas, neles, também ocorre a importação dos Países vizinhos. Entendo, portanto, ser, como sempre, nebulosa, alojada na zona cinzenta  das relações comerciais, esta assertiva de que houve aumento desenfreado de produção, quando temos visto é o fechamento de várias fazendas leiteiras, por incapacidade de continuar produzindo.

Um abraço,



GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

ALFA MILK - FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
OTAVIO A C FARIAS

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 31/08/2017

Prezado Guilherme Alves de Mello Franco,

Queda nos preços não ocorreu de um dia para outro, e não deve exclusivamente às importações, mas à queda de consumo no Brasil que vem se confirmando desde o ano passado de acordo com dados e estatísticas disponíveis.

Enquanto isso, indústrias em sua decisão de compra local ou externa, arbitram entre preço do momento e perspectiva de oferta-e-demanda local (ou externa), em função de cambio no caso de importação. O mesmo se dá em qualquer cadeia de valor, seja no agro negócio ou outro setor.

No ano passado, aumento muito expressivo nos preços pode ter levado a indústria a se antecipar a uma escassez que não ocorreu. A super safra de grãos propiciou baixo custo de produção de leite, motivando aumento da disponibilidade doméstica de leite, enquanto o consumo se manteve reduzido devido ao desemprego e queda de renda das famílias.

Abraços
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 31/08/2017

Obrigado a todos que comentaram nessa segunda "leva": Guglielmo, Paulo Hiroki, Zequinha, Cincinato, Marcelino, Cesar, Luiz Gonzaga, André, Jair, Ardêmio, Leonardo, Jorge Giraudo, Bandeira, Guilherme, Roberto, Marcelo, José Antônio, Otavio, Fernando, Caetano, Jorge Leon.



É muito gratificante quando o artigo não só tem repercussão, mas se torna um instrumento a partir do qual pessoas capacitadas e bem intencionadas expõem seus pontos de vista.

O artigo foi traduzido para o espanhol e publicado na Argentina; de onde vieram muitos emails de cumprimento. A Aliança Sul Láctea, em reunião em Esteio, na Expointer, fez deste artigo parte integrante de sua ata, dada a identificação com suas propostas.



Paulo Hiroki: em todos os levantamentos feitos, nota-se enorme discrepância nos valores de custos e rentabilidade, o que mostra que a cadeia ainda tem muito a evoluir. Quais os resultados dos melhores produtores por aqui, em comparação aos melhores dos outros? É possível reproduzir os resultados dos melhores? Estes são pontos importantes.



Zequinha: vamos puxar essa discussão sim. Sobre o leite longa vida, depende do país. Há países da Europa em que o UHT é o leite preponderante, ao passo que em outros, como nos EUA, é desprezível. Não acho que o leite UHT em si seja o problema, embora acredito que exista espaço para leite pasteurizado de alta qualidade, o que somente alguns produtores de leite tipo A ocupam.



Cincinato: concordo que estoques reguladores são bons instrumentos e que precisam ser trabalhados. O papel dos varejistas, com margens muito elevadas em vários produtos lácteos, deveria ser mais ressaltada, A "briga" é muito mais entre indústria e varejo do que produtor e indústria.



Marcelino: o Custo Brasil é uma pauta necessária, sucesso em sua caminhada política!



José Antonio: concordo com você, o modelo atual de ICMS, cuja competência passou a ser estadual desde a terrível constituinte de 1988, é uma aberração.



Jorge Giraudo: o seu comentário em meu artigo me orgulha muito, em especial por me fazer perceber que o artigo encontra eco no país vizinhos, que também tem seus problemas. Que bom se conseguirmos trabalhar mais alinhados, Brasil, Argentina, Uruguai. De nossa parte, estamos à disposição para colaborar.



Caetano: concordo com grande parte de suas colocações. O protecionismo sempre existiu no leite mundial. Mesmo a Nova Zelândia, a meca do custo baixo, cresceu a partir de um monópolio nas exportações, pela então New Zealand Dairy Board, e acesso ao protegido mercado europeu. Mas o ponto é que o mundo está indo gradativamente para um ambiente de menor protecionismo. E não podemos perder de vista o que queremos ser, que papel teremos no mercado mundial. O que acha de transformar seu comentário em um artigo no site? Assim podemos debater melhor.



O IDH é calculado a partir da expectativa de vida, escolaridade e pelo próprio PIB, tendo uma relação com a renda per capita.



Grande abraço, Jorge! Que bom que o artigo repercutiu na Colômbia.
JORGE LEON PEREZ

PESQUISA/ENSINO

EM 30/08/2017

amigo marcelo

los planteamientos a futuro,estrategicos y macros son necesarios en el hoy y dentro de economia agraria de nuestros paises

opino que es una problematica mas alla de brasil y nuestro caso colombia tiene similitudes y la COMPETITIVIDAD-PRODUCTIVIDAD  es la linea a trabajar y dentro de sector-rurabilidad de condiciones dignas de mejorar

existe un desbalance muy grande entre la atencion productor ye industria y comercio y siempre el golpe es para productor

los margenes riesgo de cada uno de estos en la formacion del precio no se trabaja,investiga y publica ,

entonces el empresario va en coche y el productor a pie
CAETANO BEBER

BLUMENAU - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 30/08/2017

continuação...

Outro problema é o custo Brasil que de fato é alto e precisamos muito investimento em infraestrutura básica, começando por rede elétrica estável e uma rede rodo-aqua-ferroviária decente. Há de se olhar para o setor do leite como há décadas viemos fazendo com outros setores dentre os quais estamos entre os mais competitivos do planeta. Pois os produtores de soja, milho, frango, suíno e boi recebem tecnologia de ponta custeada pelo governo/contribuinte através da EMBRAPA e outros institutos e um plano Safra com taxas que nem um pai cobraria tão pouco. Também há a CONAB, uma linda ferramenta de composição de estoque. Mas esse é só outro detalhe.

Agora o que fazer? Obrigar a IN-62 e quem não cumprir está fora?

Não sei se muitos aqui lembram ou leram o que aconteceu na região Sul do Brasil na década de 1980 com os mais 52 mil famílias excluídas do setor de aves e suínos com a intensificação e integração dos sistemas de produção? Resposta: Elas migraram para o leite como forma de sobrevivência no meio rural e daí foram surgindo muitas cooperativas singulares e centrais para beneficiar essa produção. Daí eu pergunto, se intensificarmos a produção de leite da mesma forma para onde vão migrar as mais de 412 mil famílias (IBGE, 2006) produtoras de leite só na região Sul? Temos suficientes industrias para absorver toda essa mão-de-obra?

A resposta dessa pergunta é: NÃO, não temos. O leite vem sendo a base da economia rural, o sustento de famílias e a grande fonte dos empregos no campo, sobretudo de jovens e mulheres. Olhar para esse setor como a visão simplista da maximização de lucros é um equivoco, portanto as politicas para ele devem levar em conta todos estes aspectos.

Há de haver abertura comercial, temos que correr atrás do Uruguai e Argentina, mas não se pode deixar o setor ao livre mercado esperando que ocorra outro problema de exclusão em massa. Eu não tenho ideia de pra onde esses agricultores iriam migrar desta vez? Para o fumo talvez?
CAETANO BEBER

BLUMENAU - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 30/08/2017

continuação...

No meu ponto de vista (posso estar equivocado), o Brasil tem que ser analisado pelo que ele é, e temos que parar de imitar quem gostaríamos de ser sem antes termos uma reflexão sobre nós mesmos. Há duas realidades no setor de leite no Brasil, uma com alto nível tecnológico (a do leite commoditie), como o Centro-Oriental do PR por exemplo, e outra com sua agricultura familiar e de economia solidária (a do leite fonte-de-renda) como a região Sudoeste do PR por exemplo. Partindo daí, os pesquisadores e espertos na cadeia, devem desenhar políticas distintas e adequadas para cada contexto. Incentivos à exportação, redução de tributação de insumos, incentivo à fusões das cooperativas (ganho de escala em processamento de matéria-prima), apoio tecnológico e de infraestrutura, mas ao mesmo tempo aprimorar as compras institucionais, microfinanciamentos, extensão rural, profissionalização e empreendedorismo no campo para que os pequenos produtores não sejam apenas excluídos, mas tenham noção de como poder progredir e se adequar ao mercado competitivo. E ah, em sistemas intensivos À BASE DE PASTO, por favor! Assim talvez conseguiríamos melhorar os problemas estruturais da cadeia sem criar um problema paralelo.



Realmente o nosso potencial de crescimento é enorme, mas temos muito a evoluir como cadeia produtiva. O problema é definitivamente estrutural, mas muito mais complexo do que se vêm discutindo.



Obs.1: Não entendi o que tem a ver o IDH nessa história? Humanos mais desenvolvidos consomem mais leite? A renda per capita tudo bem.

Obs.2: Um fundo setorial não seria novidade. No Rio Grande do Sul foi criado o IGL-Instituto Gaúcho do Leite que recebia fundo financeiro através do Fundoleite (PL 281/2013). O IGL decepcionou um pouco quanto à efetividade das suas ações, talvez por má gestão, mas a ideia é ótima, teria apenas que ser aprimorada.


CAETANO BEBER

BLUMENAU - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 30/08/2017

Bom artigo Marcelo,

Também acho que o problema da cadeia do leite brasileira não será solucionado com uma simples política tarifária. Temos que investir muito ainda em ganhos de eficiência e produtividade, para nos tornarmos mais competitivos e não dependermos de subsídios. Mas...será mesmo?  

Infelizmente a coisa é um pouco mais complicada. O pesquisador e chefe-geral da EMBRAPA Gado de Leite, Paulo Martins defendeu, inclusive em artigo publicado pelo Milkpoint, que leite deve ser tratado como assunto de Estado. "É assim em toda parte do mundo. Não há nenhum país que trabalhe com livre comércio no que diz respeito ao leite". E realmente não há, no Canadá existem cotas, nos EUA o "Milk marketing orders", o "MPP-Dairy", e o "DPDP", na Europa já houveram vários subsídios e hoje há os pagamentos por redução de produção, etc. Assim como há uma pressão no Canadá para que caia o sistema de cotas, houve na Europa durante muito tempo. O problema é que os produtores não se davam conta de que eram as cotas quem mantinham o preço "alto" ao seu leite. Assim que o sistema caiu levando junto os preços do leite pagos ao produtor, vimos produtores franceses fazendo protesto todos os dias porque o valor recebido nem sequer cobria os custos de produção. O que aconteceu? Europa volta a subsidiar seus produtores de leite, agora pagando àqueles que decidem reduzir a sua produção, retornando, em partes, ao sistema de cotas. Eles não conseguem se livrar dos subsídios ao setor.

E pasmem, Canadá, EUA, e Europa possuem os sistemas de produção mais eficientes do planeta, com produtividades estratosféricas. Os parâmetros da nossa (nunca aplicada) IN-62 eles já cumpriram há décadas, o poder de consumo (demanda) deles é muito superior ao nosso e mesmo assim há políticas de estado ao setor leiteiro. É até explicável, sistemas intensivos confinados são geralmente frágeis, com margens sempre muito pequenas, onde qualquer alta no preço dos insumos ou queda no preço do produto já põe a atividade em risco.

Nessa história quem consegue se virar sem subsídios, mesmo em dificuldades, é a Nova Zelândia, com seu sistema intensivo, mas À BASE DE PASTO, o que não à deixa tão vulnerável às flutuações de preços de insumo e produto. E pasmem outra vez, quem mantém o sistema mais eficiente de produção de leite na União Europeia é a Irlanda, sendo o único, ou um dos poucos, com sua produção majoritariamente À BASE DE PASTO. Daí acompanhamos todos os dias mais e mais especialistas dizendo que a salvação da produção de leite no Brasil é o confinamento. Simplesmente não faz sentido em um país  onde podemos ter pasto o ano inteiro querer imitar os sistemas confinados de países onde o setor sobrevive às custas de subsídios. Vamos andar em círculos, ficar mais eficientes e continuar dependendo de subsídios. Mas esse é só um detalhe.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/08/2017

Prezado Otávio A. C. de Farias: Se,realmente, há excesso de leite no mercado interno, por que as importações? Há algo inexplicado nisso!!!



GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

ALFA MILK - FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
SÁVIO COSTA SANTIAGO DE BARROS

LAVRAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 29/08/2017

Boa tarde Marlúcio Pires;



Acho que você não entendeu o contexto do meu questionário. Eu questionei os produtores que tentam manter e aumentar volume com o uso de BSTs nesse momento;



Concordo com você que nesse momento a solução é reduzir a produção interna



Abraço
FERNANDO BACK

FORQUILHINHA - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/08/2017

Marcelo. Abordagem bem ampla e didática. Barreiras, são como  medicamentos que devem ser usados  com cuidado e por tempo determinado a fim de evitar conseqüências mais graves ao paciente.Analogias a parte temos muito que fazer da porteira para dentro, pois temos que ser competitivos  com  o mercado internacional para  não precisarmos de outras intervenções artificiais.A criação de um fórum de discussão sobre o tema com boas cabeças (ligadas diretamente a cadeia produtiva) seria  uma estratégia  para pensarmos nosso sistema e propôr soluções a curto (medicamento) , médio e longo prazo.parabéns pela matéria. abraços.back.
OTAVIO A C FARIAS

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 29/08/2017

Marcelo, brilhante abordagem.

Durante anos discutimos essa questão.... Barreiras às importações gerariam mais distorções que teriam que ser corrigidas lá na frente.

Um mercado fechado criaria estoques náo-exportáveis, uma vez que, tratando-se de um mercado fechado, preços domésticos desses estoques no Brasil estariam descolados do mercado mundial. Esse é um cenário distinto do atual ?! Absolutamente não !

Hoje o Brasil tem excedente de leite sendo produzido, que nao encontra demanda imediata devido à queda de consumo. Mesmo com queda dos preços de leite no campo, e queda dos precos de Leite em Pó (e queijos etc), não se consegue competir no mercado internacional aos preços atuais LPI ao redor e acima de US$ 3,000 FOB.

Parabéns pelo artigo.
JOSÉ ANTONIO M. DE ARAÚJO

SALVADOR - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/08/2017

Prezado Marcelo,



Na minha opinião a importação é uma ponta deste gigante Iceberg, o DESEQUILÍBRIO TRIBUTÁRIO (ICMS) entre as UF é muito mais nocivo ao produtor do que politicas de cotas. E Porque! Com estas alíquotas em vigor de 7% para a o Centro Sul e 12% para o restante do país, percentuais instituídos por volta da decada de 40 permitiu este desequilíbrio e consequentemente a criação de um mecanismo denominado DESENVOLVE. Se olharmos para as décadas quando os governos no seculo passado impulsionavam suas economias com incentivos fiscais podemos julgar necessário tal iniciativa, mais hoje o que vemos? Conheço inúmeras empresas do setor que arrenda uma planta apenas para obter o beneficio e continuam com as mesmas praticas do seculo passado.



Entre tantos outros temas podemos destacar, produzimos leite num país que permite fabricar iogurte e leite UHT a partir do leite em pó, permite também 'SORO aromatizado ser comercializado na mesma gondola com o jargão "leite modificado", não consegue saber a diferença entre industria primaria e demais elos da cadeia.



O produtor tem sua parcela de culpa, é desorganizado, muitos ainda produz o leite igual a seus antepassados e assim segue achando que estar tudo bem.
MARCELO BRANQUINHO PEREIRA

TRÊS CORAÇÕES - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/08/2017

Assim como você Marcelo estou na cadeia do leite há mais de 20 anos , eu como produtor , posso afirmar que pouco evoluiu. Os produtores evoluíram pouco em qualidade e produtividade. No decorrer destes 20 anos as cooperativas enfraqueceram. Hoje temos no mercado leite fermentado que quase não tem leite, requeijão no qual seu principal ingrediente é amido e leite longa vida que nunca deveríamos chamar de leite , com isso afastando os consumidores de nossos produtos com certeza o nosso problema é nosso e não vem de importações. Com este cenário somos participante do setor mais MEDÍOCRE do agronegócio Brasileiro. Infelizmente temos que admitir e trabalhar pra mudar.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/08/2017

Marcelo, ótima sua abordagem no artigo e melhor ainda sua iniciativa em propor e participar desse processo muito bem vindo. A meu ver nossas maiores deficiências são a falta de visibilidade ao produtor e a falta de previsibilidade para industria. Nesse sentido só temos a ganhar olhando para o futuro ao invés de olhar o retrovisor.

Ainda sobre o artigo, quero dizer que acho excelente a ferramenta do RMCR porque ao fazer a relação com o custo do alimento, o índice abrange 100% do custo variável da produção.

Já o custo fixo restante é sempre um fator que será diluído apenas com mais litros produzidos, ou seja, com ganho de escala. A mensagem do índice RMCR é muito clara; escala é prioridade em qualquer sistema de produção de leite. Abraços,

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