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A New Zealand Dairy Board, enfim

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 08/09/2000

3 MIN DE LEITURA

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Marcelo Pereira de Carvalho

A notícia da semana com toda certeza foi a aquisição, por uma subsidiária da New Zealand Dairy Board, de 51% das ações da Vigor, o sétimo maior laticínio nacional, com captação de 231 milhões de litros em 1999. Aliás, é a notícia não só da semana, mas dos últimos tempos no setor lácteo nacional.

Não tanto pelo fato de ter sido a Vigor - a empresa estava para ser vendida (ou procurava um parceiro estratégico) há um bom tempo e todos sabiam. O aspecto marcante é que a aquisição se deu pela Milk Products Holdings, subsidiária da todo-poderosa New Zealand Dairy Board, entidade máxima do setor leiteiro do país que leva o leite mais a sério no mundo, a Nova Zelândia.

E há razões de sobra para considerar este um grande acontecimento, seja ele positivo ou nem tanto. Primeiro, a NZDB tem se caracterizado por um apetite voraz em se expandir e ocupar os espaços nos mercados em que entra. Será que vai ficar apenas na Vigor ? E as tão comentadas negociações com a Itambé, resultarão em algo mais concreto ? Ou será que não interessa à empresa neozelandesa a participação como sócio-minotário, como buscam os dirigentes da cooperativa mineira ? As respostas a estas perguntas certamente serão gradativamente respondidas, mas o fato é que, com a compra do controle da Vigor, a NZDB fincou de vez o pé no país e não será surpresa se vier mais pela frente.

A entrada da NZDB no Brasil chama a atenção também em função do perfil exportador da empresa. Sendo proveniente de um país pouco populoso e distante, mas com condições muito favoráveis à produção de leite e sem subsídios há mais de 20 anos, a NZDB aprendeu há tempos que seu mercado é o mundo. E, neste quesito, tem sido imbatível. Mas o potencial de crescimento da produção de leite na Nova Zelândia é limitado, uma vez que já se utilizam grande parte das terras favoráveis à atividade e o sistema de produção dominante já está há muito tempo amadurecido, de maneira que os ganhos de eficiência tendem a ser sempre menores.

A decisão de entrar no Brasil, poderia, em tese, estar relacionada ao potencial do país não só como grande mercado consumidor, mas também como possível exportador de lácteos. Seria uma antecipação de um realinhamento da produção de leite em um mundo globalizado e, espera-se, cada vez mais livre de subsídios. Se considerarmos os países que têm potencial de aumento na produção, o Brasil com toda certeza ocupa lugar de destaque: nossa produtividade é ainda baixíssima, as preocupações com qualidade do leite são recentes, há ainda produtores demais produzindo muito pouco, os custos de produção em dólar são competitivos. Apostar no Brasil é potencialmente uma boa estratégia. E se é bom para uma empresa de lácteos com perfil exportador, é bom para a produção de leite do país escolhido...

Desde que esta empresa não priorize a importação de produtos do país de origem. E este é o lado mais imediato e não tão positivo. Onde entra, a NZDB costuma importar matéria prima da Nova Zelândia - afinal, a empresa trabalha para os produtores locais. No Chile, por exemplo, a Soprole, subsidiária local da NZDB, é tida como grande importadora de produtos lácteos a preços bastante reduzidos, empurrando os preços do mercado local para baixo (veja matéria no MilkPoint, Protestos marcaram crise no setor leiteiro no Chile, 30/05/00).

Apesar da justificativa divulgada no Brasil para a entrada da NZDB ser o potencial de crescimento do mercado consumidor brasileiro, o site da NZDB traz uma versão um pouco diferente ( veja matéria do MilkPoint). Ao menos para os produtores locais, a empresa sugere que esta aquisição possibilitará a colocação de produtos lácteos da Nova Zelândia com mais facilidade, o que obviamente é muito ruim para a cadeia láctea brasileira.

O Brasil entrou definitivamente na rota mundial do leite. Resta saber qual será seu papel daqui para a frente: um grande mercado consumidor atraente para países como a NZ; um mercado interno promissor, que se basta e atrai multinacionais como a NZDB; ou um futuro protagonista da produção de leite em um mundo, em tese, com cada vez menos barreiras comerciais.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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