Este texto é parte do artigo publicado pelos pesquisadores israelenses Roth, Z. Bor, A. Braw-Tal, R., Wolfenson, D. no Journal of Thermal Biology, 29 (2004) 681-685.
Tradicionalmente a baixa fertilidade em vacas de leite nas regiões tropicais e subtropicais está associada aos meses quentes do ano, mas durante o outono, apesar da temperatura ambiente começar a cair e as vacas não estarem mais sob estresse térmico as taxas de concepção continuam abaixo das observadas no inverno. A baixa fertilidade das vacas durante o outono é provavelmente devido aos efeitos persistentes do estresse térmico ocorrido durante o verão.
Vacas expostas ao estresse térmico exibem alterações na dinâmica folicular e na expressão da dominância folicular no ciclo seguinte, essas mudanças estão associadas às alterações na concentração de FSH e inibina. O estresse térmico agudo reduz a produção de esteróides em folículos médios e pré-ovulatórios algumas semanas depois. A competência dos oócitos é baixa no início do outono e melhora de forma lenta e gradual até o final do outono e início do inverno.
Os estudos iniciais sobre estresse térmico indicavam efeitos imediatos na função folicular, como por exemplo, a exposição das vacas ao estresse térmico reduz o diâmetro do folículo dominante e reduz a atividade da enzima aromatase nas células da camada da granulosa, diminuindo a concentração de estradiol no fluido folicular.
Estudos sazonais mostraram baixa produção de androsterona e baixa concentração de estradiol nos folículos dominantes durante o verão em comparação com os folículos dominantes no inverno.
Apesar dos efeitos persistentes do estresse térmico na função folicular ainda não serem bem conhecidos nas vacas de leite, sabe-se que esses efeitos são passageiros e isso é indicado pelo fato da taxa de concepção em vacas de leite ser maior no início do inverno em comparação com o verão e outono.
Roth et al., (2001) observaram que ocorre uma melhora espontânea na competência do oócito durante o outono e início do inverno. Baseado nessa observação é esperado que o aumento do recrutamento folicular durante o outono acelere a remoção dos folículos danificados pelo estresse térmico durante o verão e aumente a competência dos oócitos.
Estudos encontraram que a aspiração folicular freqüente e os tratamentos hormonais que induzem o crescimento de mais ondas foliculares aumentam a competência oocitária durante o outono.
Os estudos sobre os efeitos persistentes do estresse térmico sobre os folículos e a competência oocitária ainda estão na fase inicial, e muito ainda terá que ser feito para que esses efeitos sejam compreendidos e tratamentos possam ser desenvolvidos, visando antecipar a melhoria da concepção em vacas de leite de alta produção que sofreram de estresse térmico durante o verão.