Duração do tratamento com progesterona necessário para resolver a condição anulatória com presença de folículos grandes (cistos foliculares) em vacas de leite

Este é o resumo do trabalho publicado por Gümen, A., Wiltbank, M.C. na revista Theriogenology 63 (2005) 202-218.

A insensibilidade do hipotálamo ao pico de estradiol parece ser a causa da formação dos cistos foliculares (folículos grandes que falham em ovular) e a exposição à progesterona por 7 dias resolve essa condição. Nesse estudo, vacas de leite com cistos induzidos (Experimento I) ou cistos naturais (Experimento II) foram tratadas por diferentes períodos com progesterona.

No experimento I, a formação do folículo anovulatório grande foi conseguida pela indução do pico GnRH/LH na ausência de um folículo ovulatório, em 16 das 36 vacas tratadas (62%). As vacas anovulatórias (n = 16) foram distribuídas em um dos quatro grupos de acordo com a duração do tratamento com dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR):

Grupo 1 (n = 4): controle, sem tratamento com progesterona
Grupo 2 (n = 3): 1 dia de tratamento com progesterona
Grupo 3 (n = 5): 3 dias de tratamento com progesterona
Grupo 4 (n = 4): 7 dias de tratamento com progesterona

Todas as vacas anovulatórias tinham baixa concentração plasmática de progesterona antes da inserção do dispositivo intravaginal de progesterona. A concentração máxima de progesterona (1,3 ± 0,1ng/mL) foi atingida 3 horas após a inserção do dispositivo e após a remoção do dispositivo a concentração basal de progesterona foi atingida em 4 horas.

As vacas foram tratadas com 5mg de benzoato de estradiol (BE) 12 horas após a remoção do dispositivo. Nenhuma das vacas do grupo controle (n = 4) apresentaram pico de LH após a aplicação do BE. Todas as vacas do grupo 3 (3 dias de tratamento com progesterona) e do grupo 4 (7 dias de tratamento com progesterona) apresentaram pico de LH após a aplicação de BE e apenas uma vaca do grupo 2 (1 dia de tratamento com progesterona) apresentou pico de LH. A magnitude do pico de LH foi semelhante entre as vacas que foram tratadas por 3 ou 7 dias com o dispositivo intravaginal de progesterona.

Todas as vacas tratadas por 7 dias com progesterona ovularam e apenas 3/5, 1/3 e 0/4 ovularam nos grupos tratados por 3, 1 e 0 dias, respectivamente.

As duas vacas do grupo tratado por 3 dias que não ovularam tiveram pico normal de LH, mas tinham folículos de diâmetro menor do que as que ovularam.

No experimento II, foram utilizadas vacas identificadas como anovulatórias por exame de ultra-som realizado semanalmente (24/248). Todas as vacas classificadas como anovulatórias tinham folículos maiores que 12mm, sendo que 54% das vacas (13/24) apresentavam folículos entre 15 e 24mm e 33% (8/24) folículos maiores que 25mm (considerados cistos). Todas as vacas anovulatórias (n = 24) foram distribuídas em um dos três grupos, de acordo com a duração do tratamento com dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR):

Grupo 1 (n = 8): controle, sem tratamento com progesterona
Grupo 2 (n = 9): 1 dia de tratamento com progesterona
Grupo 3 (n = 7): 3 dias de tratamento com progesterona

Todas as vacas do grupo 3 (7/7), 33% (3/9) do grupo 2 e 25% (2/8) do grupo controle ovularam uma semana após a retirado do dispositivo intravaginal de progesterona.

Estes resultados mostram que 3 dias de tratamento com dispositivo intravaginal de progesterona é suficiente para reiniciar a responsividade do hipotálamo ao estradiol e resolver a condição anovulatória das vacas de leite com folículos grandes (cistos foliculares).