O Interleite Sul 2023, realizado pelo MilkPoint, da MilkPoint Ventures, com o apoio do Sistema FAESC/SENAR Santa Catarina e demais parceiros, teve início hoje (10/05), em Chapecó/SC, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, com a presença de mais de 800 agentes do setor, em edição recorde.
Como ponto de partida, o primeiro painel da 10ª edição do Interleite Sul trouxe à tona a grande transformação do leite brasileiro. Traçando uma linha do tempo da produção colonial à produção de leite do futuro, Wagner Beskow, Sócio-Diretor da Transpondo, relembrou que antigamente o leite era voltado para a subsistência.
Considerada hoje uma das principais regiões produtoras de leite do país, entre os diferenciais culturais para o crescimento do leite no Sul, Beskow destacou que “a maioria dos produtores residem na propriedade, fato não preponderante no Sudeste e Centro-Oeste,” destacou. Além deste ponto, Wagner ressaltou a importância do papel das cooperativas no Sul do Brasil, com forte atuação no desenvolvimento da região.
Foto: Wagner Beskow, Interleite Brasil 2023. Fonte: Equipe MilkPoint.
Ao longo de sua apresentação, o palestrante abordou as mudanças no perfil de produção da região, como a maior produtividade por animal. Para o futuro, Wagner comentou que a produção de mão-de-obra tende a se intensificar muito e indagou: como conciliar isso?
Também, de acordo com ele, veremos o surgimento de um novo ofício, o folguista, que cobrirá folgas e receberá pelo dia trabalhado. “Tudo indica que o produtor de leite verá uma maior valorização do seu produto e de seu trabalho. Simplesmente, porque haverá poucos querendo e capazes de fazer,” finalizou.
Sandro Viechnieski, Gerente da área do Leite da Starmilk Alimentos e Clínica, continuou a maratona de conhecimentos do Interleite Sul 2023. Além dos processos e entendimento da propriedade, a gestão de pessoas é um dos pilares de sucesso no leite. Viechnieski trouxe pontos de como atrair e reter bons funcionários. "Não importa quantos robôs e tecnologias, sempre terá pessoas envolvidas.” O gerente salientou que, quando falamos de gente, basicamente, estamos buscando pessoas que nos aliviam dores, problemas.
Em relação às contratações, Sandro disse que hoje não busca mais experiências, habilidades e conhecimentos. “O que quero hoje, são pessoas que tenham comportamentos iguais aos meus. Quero pessoas que tenham valores iguais aos meus. Não precisam saber nada, mas acreditam naquilo que eu acredito.”
Após a contratação, o papel fundamental de todo gestor é fazer com que os colaboradores se sintam integrados ao negócio. O próximo passo é, de acordo com Sandro, a retenção. “É preciso fazer com que as pessoas não queiram sair, respeitando o comportamento humano. Às vezes, subestimamos a capacidade das pessoas (...) É preciso criar desafios.”
Foto: Sandro Viechnieski, Interleite Sul 2023. Fonte: Equipe MilkPoint.
E, como remunerar as pessoas? “Nós imaginamos que as pessoas precisam ganhar mais para produzir. Eu não acredito nisso. As pessoas trabalharam e melhoraram porque elas querem. A remuneração é importante, mas não motiva sozinha,” disse Sandro. “Torne as pessoas mestres. Se elas saírem, terão sucessores dentro do seu negócio,” encerrou.
O mercado lácteo no Sul do país também foi tema neste primeiro painel do Interleite Sul, com Valter Galan, Diretor Técnico e de Novos Negócios na MilkPoint Ventures. Galan mostrou que se produz leite dentro de 99% dos municípios brasileiros.
Apesar dos 99%, Valter destacou as áreas de concentração (clusters) de produção, sendo que os clusters da Região Sul têm apresentado crescimento bem mais significativo do que as demais bacias produtoras. Hoje, de acordo com Galan, o Sul é o maior produtor de leite do país, — ultrapassando o Sudeste —, alterando a geografia e a sazonalidade do leite no país.
Como efeito, houve um aumento no número de empresas atuantes na região. Outro aspecto destacado por Valter, é a forte tendência de crescimento dos sistemas de produção em confinamento, no Sul do país. “Nos últimos quatro anos, metade do leite vem de confinamento. Isso é uma mudança gigantesca,” apontou.
Foto: Valter Galan, Interleite Sul 2023. Fonte: Equipe MilkPoint.
Encerrando o primeiro painel, Airton Spies, Consultor da SpiesAgro, Coordenador da Aliança Láctea Sul Brasileira, explorou a visão de futuro para o leite no Sul do país e o caminho a percorrer. Para Airton, o leite brasileiro ainda não é competitivo. E, por isso, mexer o ponteiro da eficiência agronômica, zootécnica e industrial é preciso.
“Nós temos muito dever de casa para fazer, como o aumento da escala a partir da segmentação do processo produtivo. Essa foi a grande alavanca da suinocultura,” comparou. Olhando para o futuro, Airton reforçou que este requer foco, envolvendo pesquisa e assistência técnica especializada, focadas em gestão e defesa agropecuária robusta. Contudo, pontuou que, a indústria tem que ser protagonista nesse processo. “O leite tem condições de se transformar em mais uma estrela do agronegócio.”
Foto: Airton Spies, Interleite Sul 2023. Fonte: Equipe MilkPoint.
Ao final da palestra de Airton, Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da MilkPoint Ventures, conduziu um rico debate com a presença de todos os palestrantes. Hoje, o Interleite Sul 2023 ainda terá mais dois painéis, trazendo aspectos de sustentabilidade, digitalização e protagonismo do consumidor. Todo o conteúdo do evento ficará disponível por 30 dias! Ainda não está participando? Não fique de fora, faça agora a sua inscrição, clique aqui!