A produção brasileira de leite alcançou 98 milhões de litros/dia em 2024, valor ligeiramente acima dos 97 milhões de litros/dia observados no ano anterior e bem próximo dos 96 milhões de litros/dia registrados em 2014. Estes números, mostrando pouca variação, não mostram importantes mudanças nos sistemas de produção e na distribuição espacial da produção leiteira.
Ao lado de sistemas de menor produtividade, surgem sistemas intensivos com gestão e inovação tecnológica mais avançadas. As mudanças espaciais também se intensificam, com a concentração da produção em áreas que não só aumentam a produção a um ritmo superior à média nacional, mas que se mostram mais dinâmicas quanto à inovação tecnológica, exibindo avanço de produtividade dos rebanhos mais acelerado.
As áreas mais dinâmicas na produção do leite no Brasil não coincidem com divisões políticas ou outras tradicionalmente consideradas na geografia. Assim, há a necessidade de uma nova regionalização que melhor capte as mudanças e as diferenças espaciais na produção leiteira. Considerando áreas municipais contíguas com densidade de produção acima de 50 litros/dia/km² e com a produção de ao menos 200 mil litros/dia, a Embrapa identificou as principais áreas de produção para o país. Foram definidas 15 bacias leiteiras, 5 na região Nordeste, 5 no Sul e 5 nas regiões Centro-Oeste e Sudeste (Figura 1).
Figura 1. Localização das bacias leiteiras identificadas. Brasil, 2024.
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
Estas 15 bacias ocupam 434 mil km², apenas 5% do território nacional. No entanto, produziram 59 milhões de litros/dia ou 60% do leite brasileiro. É apenas nesta diminuta área do território brasileiro que a produção aumentou nos últimos dez anos, atestando a concentração espacial crescente da produção nacional. A produtividade do rebanho não só cresceu a ritmo mais acelerado que a média nacional quanto já alcançou 3.682 litros/ vaca em 2024, valores que já podem ser considerados como médios no contexto mundial. Esta nova realidade contrasta com a posição historicamente inferior da produtividade brasileira na comparação com os outros países do mundo (Tabela 1).
Tabela 1. Superfície, produção e produtividade das quinze bacias leiteiras, das demais áreas e do Brasil, 2014-2024.
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
As bacias mais importantes, em volume de produção, são: Sul, com 22,5 milhões de litros/dia, Sudeste, com 17,8 milhões de litros/dia e Nordeste, com 5,6 milhões de litros/dia. Juntas estas bacias concentram cerca de 78% da produção nacional. A produção cresceu de maneira mais acelerada nas bacias Sudeste e Nordeste, com um aumento de cerca de 3 milhões de litros/dia observado em ambas nos últimos dez anos. A produção da bacia Sul se mostrou estabilizada neste período (Figura 2).
Figura 2. Produção diária das principais bacias leiteiras e sua participação no total brasileiro. Valores expressos em milhões de litros de leite por dia e porcentagem, 2024.
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
Na porção meridional do país se encontram as bacias com maior produtividade dos rebanhos. A bacia Leste Paranaense já exibe produtividade próxima aos países mais avançados na produção de lácteos, alcançando 7.581 litros/ vaca em 2024, seguidas por Sudeste Parananense e Sul. Em média, as bacias exibem produtividade acima da média brasileira e há forte disparidade entre elas, mostrando as diferenças tecnológicas existentes nas diferentes áreas de produção de leite no Brasil (Figura 3).
Figura 3. Produtividade das principais bacias leiteiras, do total das 15 bacias e do Brasil. Valores expressos em litros por vaca no ano, 2024.
Fonte: Embrapa e IBGE (2025).
A produção leiteira brasileira tem apresentado importantes mudanças nos últimos anos. Há uma crescente concentração espacial da produção que favorece o desenvolvimento da cadeia de lácteos, concentrando a oferta de bens e serviços bem como facilitando a logística.
O recorte geográfico proposto pela Embrapa capta estas mudanças, não se prendendo às divisões tradicionais já conhecidas de nosso território. Além disso, permite enxergar nuances importantes como, por exemplo, o contraste de produtividade entre as diferentes bacias do Sul Brasileiro, onde coexistem áreas de média e alta produtividade para os padrões mundiais da produção leiteira.
O estudo completo está disponível no Centro de Inteligência do Leite (CILeite) da Embrapa no endereço: https://www.cileite.com.br/ind_leite_derivados_out_especial_2025