Cloro mata bactérias no rúmen da vaca! |
JOÃO LUIS DOS SANTOS
Mestre em engenharia agrícola pela Unicamp/Feagri na área de concentração de águas e solo. Atua a mais de 15 anos no desenvolvimento de soluções e tecnologias para tratamento da água na produção animal. Diretor e fundador da Especializo.
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LUCIANO PEIXOTO DE CAMPOSRESENDE - RIO DE JANEIRO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 23/03/2018
Mestre João Luiz. Bom dia.
A utilização de tratamento da água por ozônio, já na captação, de toda água usada na propriedade, inclusive humana, não seria a melhor solução para os contaminantes da água? Médicos têm proibido pacientes tratados de câncer de beberem ou se banharem com água clorada. O MAPA e a Anvisa precisam ter consciência de que o contato dos seres com o cloro não está só na água, está em quase tudo, nos cloretos da vida. Então, esta medida dita mínima da IN62, não é tão miníma, nem pras vacas, nem pra nós. Grato pela atenção. Abraços, Luciano Campos |
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JOÃO LUIS DOS SANTOSCAMPINAS - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 13/02/2019
Prezado Luciano,
Perdoe a demora na resposta, não vi sua pergunta antes. A humanidade utiliza a cloração de água a mais de 100 anos e nesse período a expectativa de vida humana passou de 40 anos para 80 anos associando a melhor qualidade da água com o saneamento. Água clorada não causa câncer. O que causa câncer é uso indiscriminado do cloro no tratamento da água de baixa qualidade com objetivo de eliminar ou otimizar outras fases do tratamento. Por ser um poderoso oxidante, por exemplo, o cloro pode ser utilizado para oxidação da matéria orgânica reduzindo o uso de floculantes e aumentando eficiência de filtros sem necessidade de investimento. Esse processo de oxidação da matéria orgânica poderá, e isso depende de vários fatores, gerar a formação de Trihalometanos (THM). O THM poderá ser cancerígeno se consumido acima do limite seguro (100 ug/L) por 70 anos. A chance de desenvolver o câncer de bexiga é de 5% se isso acontecer. De todos os tipo de câncer que podemos desenvolver certamente não é esse o que mais nos afeta. Quanto ao uso do ozônio, esta previsto na Portaria de Consolidação 5, Anexo XX que versa sobre potabilidade da água para consumo humano. Mas mesmo assim é necessário que se faça uso de um produto que mantenha um residual sanitizante em toda rede de abastecimento como segurança e garantia da qualidade da água. O cloro é o único produto que faz isso. Finalizando, o melhor sanitizante é aquele que atende as necessidades técnicas, operacionais, econômicas e regulatórias. Os órgãos reguladores não especificam produtos ou procedimentos sem embasamento técnico e científico. Desconheço estudos que recomendem não utilizar água clorada e isso seria irresponsável. Num pais que ainda 50% da população não tem acesso a água tratada oferecido pelo abastecimento público e mais 80% não tem acesso a coleta, afastamento e tratamento de esgoto, pregar a não cloração da água seria quase que um genocídio. Uma contaminação de veiculação hídrica pode matar em uma ou duas semanas estão a decisão é, clorar a água e ter 5% de chance de ter câncer com 70 anos ou não clorar e viver numa roleta russa. 75% de todas doenças que estamos sujeitos a desenvolver são de veiculação hídrica. Clorar a água é apenas a ponto do iceberg de todos cuidados que devemos tomar em preservar e conservar nossa água. Abraços |
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MARCELO MALDONADO CASSOLISÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 13/03/2017
No caso do Milton, como já comentei anteriormente aqui, minha experiência prática com o uso adequado do clorador na água servida às bezerras em aleitamento resultou em menor incidência de diarréias. Vale lembrar que utilizo o sistema de aleitamento automático (calf feeder) a partir do terceiro dia de vida e não uso sucedâneo, só leite descarte.
Se as diarréias não estiverem associadas ao uso ineficiente do cloro em água de baixa qualidade, o problema pode advir do próprio sucedâneo, da baixa colostragem, do estresse, da falta de higiene geral, etc |
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JOÃO LUIS DOS SANTOSCAMPINAS - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 10/03/2017
Caro Milton, obrigado pela participação.
Certamente o baixo desenvolvimento esta ligado a diarreia, mas é improvável que a diarreia esteja relacionada ao cloro. Isso porque o próprio substituto lácteo irá neutralizar a ação do cloro. Inclusive, uma prática comum no mercado de avicultura era neutralizar o cloro com leite em pó. Não sei como estão clorando essa água, mas o mais provável é que a diarreia esteja relacionada a água contaminada (nesse caso ineficiência da cloração) ou caso não seja a água, esteja relacionada a outras fontes de contaminação. Certifique-se de que sua água clorada tenha entre 0,5 e 1,0 mg/L de cloro. Que a cloração seja realizada antes de um reservatório com um tempo mínimo de contato de 30min. Faça uma analise bacteriológica de sua água para detectar coliformes totais, Escherichia coli e bactérias heterotróficas. No mais veja estas orientações da Embrapa: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1035039/diarreia-em-bezerros-leiteiros-lactantes-a-doenca-e-o-manejo-em-diferentes-unidades-da-embrapa Fico a disposição. Abraços |
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MILTON LUIZ PAIZPAIM FILHO - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS EM 10/03/2017
E no caso de bezerros amamentados com substituto lácteo diluído em água clorada, como é a unica alimentação que recebe nos primeiros dias de vida pode ter efeito sobre as bactérias no estômago? Tenho notado aumento de diarreias e baixo desenvolvimento após a diluição em água clorada.
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JOÃO LUIS DOS SANTOSCAMPINAS - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 02/02/2017
Olá Edilene
Obrigado por sua participação e comentários de apoio. Penso que esse paradigma esta sendo quebrado pois não são poucas as empresas e produtores que já fazem uso da cloração da água. Que melhor forma de quebrar o preconceito do que o dialogo e o conhecimento. Esse canal é uma excelente oportunidade para isso. Abraços |
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EDILENE COTRIMSÃO PAULO - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 02/02/2017
Tudo que se utiliza de maneira inadequada traz resultados indesejáveis .
O uso do cloro na água de maneira adequada, seguindo as indicações do Ministerio da Saúde, OMS, etc só tem a contribuir como uma vida mais saudável e com a produção de alimentos mais seguros. Concordo quando João Luís diz que existe muito preconceito a respeito do uso do cloro e que são gerados pela falta de informação e pelo uso errado na água a ser consumida por seres humanos ou animais. Parabéns pela iniciativa de esclarecer, elucidar e informar. |
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JOÃO LUIS DOS SANTOSCAMPINAS - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 25/01/2017
Olá Marcelo,
Obrigado por compartilhar sua experiência. Nos motiva saber que esta tudo correndo bem em sua produção. Vale ressaltar aqui que além da cloração a propriedade do Marcelo Cassoli também adota odas demais práticas de higiene e limpeza bem como os cuidados com o manejo de ordenha correto. Prova disso são os contantes prêmios de melhor qualidade do leite que tem recebido. A cloração da água é uma etapa da segurança alimentar, nenhuma outra pode ser desprezada mas somada a ela. Forte abraço. |
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MARCELO MALDONADO CASSOLISÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 25/01/2017
Utilizo o clorador de pastilhas recomendado pelo João Luis há mais de um ano. Ele fica na entrada da caixa de água central da fazenda e é distribuída para a ordenha, bebedouros dos animais (de bezerras em aleitamento a vacas adultas, todas confinadas), e para todas as casas de funcionários.
Ele é muito seguro, sem risco de superdosagem, e preciso. O único risco é faltar cloro se não for feita a reposição semanal de pastilhas no clorador. Não tivemos nenhum prejuízo em termos de produção de leite, composição nutricional do leite ou aceitabilidade da água pelos animais, muito menos algum tipo de intoxicação dos animais. Muito pelo contrário, a CBT do nosso leite não passa de 5 mil , os animais consomem até mais água, pois os bebedouros permanecem mais tempo limpos, reduziu a diarréia em bezerras e gastamos menos mão de obra para lavar todos os bebedouros. Fora a segurança de ter água de qualidade em qualquer torneira da fazenda. Nossa água é proveniente de 2 poços artesianos de excelente qualidade. Mas o risco de contaminação sempre existe e o clorador nos dá segurança. Recentemente um cano da adutora rachou na emenda e a água amanheceu turva nas torneiras. Não precisei fazer nada além de consertar a emenda e continuar a abastecer a caixa normalmente. No dia seguinte a água já estava cristalina. Não tivemos qualquer problema com a sanidade dos animais ou com a CBT do leite por conta disso. Recomendo fortemente o uso do tratamento da água da forma correta, como o João Luis ressaltou, sem amadorismo e usando a fonte adequada de cloro, é seguro e além da questão de Boas Práticas de Produção e higiene, é uma questão de Biossegurança na fazenda, especialmente para quem usa fontes superficiais de água (minas, córregos, açudes, cisternas). |
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JOÃO LUIS DOS SANTOSCAMPINAS - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 01/01/2017
Olá Romualdo.
Esse elevado nível de trocas de experiências é o que me motiva escrever esse blog, obrigado por seus comentários. A resposta à sua pergunta é sim. Por norma o Ministério da Saúde exige que toda água de contato direto ou indireto com o ser humana contenha cloro mínimo residual de 0,5mg/L. O Ministério da Agricultura tem normas como a Instrução Normativa 62, a Instrução Normativa 56 que orientam água clorada em unidades de produção de leite e aves. O fato é que (e essa é uma constatação minha, sem fundamente científico e baseada em meus anos de convívio e experiência no setor de produção animal) poucos profissionais da área percebam, é que a atividade veterinária deve ser guardiã da saúde humana acima das exigências da produção animal. O leite, foco de nosso blog, é o alimento com maior número de toxinfecções alimentares no mundo e o problema é higiene. Higiene se faz com água tratada e isenta de contaminações. Por outro lado, é exatamente o uso errado, sem controle, dosando mais que o necessário que tenho buscado combater com processos e procedimentos adequados. É isso que tenho ensinado e insistentemente orientado em minhas palestras, consultorias, visitas a produtores e eventos afins. Produtores de leite que já utilizam o sistema de dosagem correto com um processo de controle adequado já colhem benefícios financeiros da cloração da água. Temos visto CBT ou CPP baixas de 800.000 para menos de 100.000 com a cloração da água. Você tem total razão quanto a necessidade de uso mínimo e limitado a fim de não afetar as bactérias boas e como mencionou isso vale para o antibiótico e o cloro. Basta ver que super-bactéria que já preocupa a OMS é uma variação da Escherichia coli, uma bactéria que vive em nosso intestino de forma simbiótica e que está se tornando uma ameaça à saúde humana. Forte abraço e um 2017 abençoado por Deus. |
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ROMUALDO MILITÃO DOS SANTOSTERESINA - PIAUÍ - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 01/01/2017
Caro Dr.João.
So me concentrei no título do texto, como sou especialista nessa área de bactérias do rumem , não me contive e escrevi para chamar a atenção que a água clorada interfere sim no rúmen, não discordo do benefícios do cloro para os casos que o senhor colocou, mas da mesma forma que o antibiótico é eficaz para debelar infecções bacterianas mas causando vários transtornos ao organismo, o cloro tem prestado um relevante serviço no combate as infecções mas isso não quer dizer que de forma silenciosa não cause uma baixa produtividade, a questão está, necessito de cloro para tratar minha água? atentemos que a ingestão de água é muito grande e geralmente os usuários cometem o erro de usar maior quantidade que o ideal, causando assim transtornos na biota ruminal. So queria chamar a tenção para o uso comedido do cloro , pois na minha modesta opinião é um limitador das melhores cepas bacterianas ( chamadas de boas bactérias) e assim diminuindo consideravelmente a produção. SMJ |
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JOÃO LUIS DOS SANTOSCAMPINAS - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 01/01/2017
Prezado Romualdo, agradeço muito sua participação e o tema abordado.
Realmente esse é um tema a ser explorado. Tenho sempre o cuidado de não transformar minhas respostas em outro artigo de blog, mas nesse caso não foi possível. Em meus mais de 25 anos trabalhando com cloração de água foram inúmeras as vezes que acolhi argumentos contrários ao cloro e tenho o maior prazer em responde-los. A Portaria 2914, que versa sobre os padrões de qualidade da agua potável para o consumo humano recomenda: Art. 34. É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L de cloro residual livre ou 2 mg/L de cloro residual combinado ou de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de distribuição (reservatório e rede). A admissibilidade do uso de ozônio e UV esta condicionada a posterior cloração para manutenção do residual de cloro mínimo como poderá verificar no Art. 35 da portaria. Países que fazem uso do ozônio ou da UV não tem reservatórios em seu sistema de abastecimento. A água sai das Estações de Tratamento direto para as torneiras das residências. No Brasil e em geral nos países tropicais isso é impraticável, além disso não temos mananciais livres de contaminantes. Como expliquei (em artigos anteriores) o cloro, quando administrado de forma técnica, sem amadorismos, exageros, com controle da dosagem nunca vai chegar ao rumem. Cloro não é uma partícula radioativa, não tem vida eterna e após sua reação ele deixa de ser cloro. Por mais de 15 anos ensino a avicultura e suinocultura que a água de bebida deve ter no máximo 0,5mg/L de cloro para ser isenta de bactérias. No XVII Simpósio Brasil Sul de Avicultura, após saber que haviam empresas dando água com 30ppm de cloro para aves, em minha palestra no evento reforcei esse conceito. Mas, eu sei, o problema é muito maior que isso. Em 1992 a água contaminada causou a morte de milhares de peruanos devido a cólera. Pesquise isso e achará mais informação. O motivo, ausência de cloro na água que causou a formação de biofilmes que proliferaram o vibrião da cólera. O problema foi resolvido clorando a água. Tenho observado ao longo dos anos que o problema do preconceito quanto ao uso do cloro fundamenta-se em três pontos: desqualifica-lo para promover outros produtos; uso de forma amadora sem técnica adequada; má informação do usuário. São mais de 100 anos de histórico de uso e o mundo evoluiu muito depois do cloro. Concordo que ele não é a única solução, existem muitas outras melhores, mas com técnicas e custos proibitivos para nossa realidade. A pergunta que devemos responder hoje é: Prefiro tomar uma água sem cloro e correr o risco de morrer, ou perder um ente querido, em algumas semanas devido a uma infecção bacteriana, ou prefiro tomar água clorada e quem sabe aos 70 anos ou mais ter 5% de chance de um câncer de bexiga? A água não clorada ainda é a maior causa de mortes de crianças com menos de 5 anos e idosos ao redor do mundo. |
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ROMUALDO MILITÃO DOS SANTOSTERESINA - PIAUÍ - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 01/01/2017
Caro Dr. João Luis, O balanço no interior do rúmen é bem mais sensível do que possa parecer, embora concorde que o Cloro é economicamente viável venho colocar que hoje na maioria dos países o controle da água é feito por outros mecanismos, Peroxido, UV, e coleta de mananciais livres de contaminante. O cloro ao longo dos anos, por ingestão recorrente , causa um desiquilíbrio na biota ruminal, temos observado que em criações de aves , suínos e ruminantes a retirada do cloro aumenta a produtividade, em alguns caso em 17%. Por vários motivos o uso do cloro traz desvantagens, sendo o biofilme o mais importante , por ser visível, demonstrando que o cloro seleciona bactérias , sendo inócuo para algumas tidas como superbactérias. Creio ser um tema para ser explorado por extremamente importante.
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