O uso de probióticos para a melhoria da saúde tem aumentado expressivamente nos últimos anos, principalmente por meio da ingestão de produtos lácteos fermentados contendo bactérias ácido-lácticas probióticas dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium. Os benefícios dos probióticos para saúde são inúmeros, e entre eles destaca-se a atividade anti-inflamatória, capaz de prevenir doenças inflamatórias intestinais crônicas e diminuir a incidência de câncer, principalmente o câncer colorretal (VERRUCK; DANTAS; PRUDENCIO, 2019; PLAZA-DÍAZ et al., 2019).
A relação entre inflamação e câncer está estabelecida, e estudos indicam que os processos inflamatórios crônicos afetam todos os estágios do desenvolvimento tumoral. As doenças inflamatórias intestinais, representadas principalmente pela doença de Crohn e colite ulcerativa, são distúrbios inflamatórios crônicos que lesam o trato gastrointestinal e apresentam uma alta prevalência e incidência mundial, estando associadas a um risco maior de desenvolvimento de câncer colorretal (DOS SANTOS et al., 2017; ELINAV et al., 2013).
Além disto, pacientes com doenças inflamatórias intestinais crônicas possuem um desequilíbrio na composição da microbiota intestinal, a qual pode ser restabelecida com os probióticos, e desta forma contribuindo com a manutenção do equilíbrio da microbiota e da homeostase intestinal devido à produção de substâncias antimicrobianas que inibem micro-organismos patogênicos. Desta forma, os probióticos atuam como adjuvantes no fortalecimento e manutenção da barreira epitelial intestinal, sendo capazes de atenuar os sintomas das doenças inflamatórias intestinais, reduzindo a inflamação no intestino e prevenindo o câncer colorretal (MATSUMOTO et al., 2005 HEMARAJATA; VERSALOVIC, 2013; KICH et al., 2016). A necessidade de encontrar alternativas para a prevenção e o tratamento da doença inflamatória intestinal e do câncer colorretal tornam os probióticos uma fonte promissora.
Probióticos dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium estão sendo identificados com grande potencial para o uso em uma variedade de distúrbios gastrointestinais (SANDERS et al., 2013; VASILJEVIC; SHAH, 2008). Nesse contexto, pesquisadores desenvolvem continuamente estudos para viabilizar a utilização de probióticos em alimentos, principalmente em produtos lácteos fermentados, e como produtos terapêuticos, para promover uma composição equilibrada da microbiota intestinal como forma de prevenção de inflamações crônicas e terapia adjuvante no tratamento do câncer colorretal.
Referências
DOS SANTOS, R. M. et al. Doença inflamatória intestinal: Perfil do paciente em tratamento ambulatorial. Arquivos de Gastroenterologia, v. 54, n. 2, p. 96–100, 2017.
ELINAV, E. et al. Inflammation-induced cancer: Crosstalk between tumours, immune cells and microorganisms. Nature Reviews Cancer, v. 13, n. 11, p. 759–771, 2013.
HEMARAJATA, P.; VERSALOVIC, J. Effects of probiotics on gut microbiota: Mechanisms of intestinal immunomodulation and neuromodulation. Therapeutic Advances in Gastroenterology, v. 6, n. 1, p. 39–51, 2013.
KICH, D. M.; VINCENZI, A.; MAJOLO, F.; SOUZA, C. F. V.; GOETTERT, M. Probiotic: effectiveness nutrition in cancer treatment and prevention. Nutricion Hospitalaria, v. 33, n. 6, p. 1430–1437, 2016.
MATSUMOTO, S. et al. Probiotic Lactobacillus-induced improvement in murine chronic inflammatory bowel disease is associated with the down-regulation of pro-inflammatory cytokines in lamina propria mononuclear cells. Clinical and Experimental Immunology, v. 140, n. 3, p. 417–426, 2005.
PLAZA-DIAZ et al. Mechanisms of action of probiotics. Advances in Nutrition, v.10, p. 49-66, 2019.
SANDERS, M. E. et al. An update on the use and investigation of probiotics in health and disease. Gut, v. 62, n. 5, p. 787-796, 2013.
VASILJEVIC, T.; SHAH, N. P. Probiotics - From Metchnikoff to bioactives. International Dairy Journal, v. 18, p. 714-728, 2008.
VERRUCK, S. et al. Functionality of the components from goat’s milk, recent advances for functional dairy products development and its implications on human health. Journal of Functional Foods, v.52, p. 243-257, 2019.