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Como age a tripanosomose bovina?

POR CEVA SAÚDE ANIMAL

CEVA: JUNTOS, ALÉM DA SAÚDE ANIMAL

EM 03/09/2018

8 MIN DE LEITURA

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Com alto poder de dispersão e sintomas difusos, doença causa sérios prejuízos para a pecuária mundial

A tripanosomose é uma das doenças de maior impacto da pecuária mundial, responsável por uma série de prejuízos econômicos. De origem africana, o trypanosoma está presente em quase todos os rebanhos do país. Estudos indicam que o parasito surgiu na região leste da África, e hoje em dia nesse continente a doença apresenta grande variabilidade genética e diversificação de Trypanosoma vivax encontrado na região por pesquisadores.

No Brasil, o T.vivax é a espécie de maior relevância para os bovinos. O primeiro caso de tripanosomose registrado em território nacional foi documentada na década de 1970, em búfalos no estado do Pará, na sequência casos em bovinos foram identificados no Mato Grosso. Porém, desde estão, a doença vem se espalhando silenciosamente pelo país e está presente em todos os estados sem exceção de acordo com estudos epidemiológicos da Universidades.

O Trypanosoma vivax é um hemoprotozoário que age diretamente na corrente sanguínea dos bovinos, roubando nutrientes essenciais e causando anemia, perda de peso, queda na produção de leite, problemas reprodutivos, abortos, alterações neurológicas e mortes. Altamente debilitante para o sistema imunológico dos animais, a tripanosomose provoca imunossupressão, o que favorece o surgimento de outras patologias, como doenças respiratórias, mastites, doenças reprodutivas, diarreia ou outras hemoparasitoses.

A forma mais comum de transmissão dentro do rebanho é o compartilhamento de seringas e agulhas durante a aplicação de medicações ou vacinações. Essa forma de transmissão é imediata, pois coloca o parasito diretamente na corrente sanguínea dos animais. Qualquer equipamento ou material que possa levar sangue contaminado de um animal para outro, pode favorecer a infecção.

As moscas hematófagas, como a mosca dos estábulos (Stomoxys calcitrans), a mutuca (Tabanus sp) e a mosca do chifre (Haematobia irritans), também estão envolvidas na transmissão do T. vivax. Nessa forma de contaminação, o clima tem influência direta no surto por conta do aumento da população de vetores. O período das águas, por exemplo, é um dos mais complicados. Porém, no sistema leiteiro, onde existe a manutenção constante da umidade, o clima não é fator chave para a indecência da tripanosomose.

O comércio de animais infectados é outro fator que estimula a rápida disseminação do T.vivax. Alguns produtores ao identificarem o problema no rebanho, utilizam a venda dos animais positivos como uma estratégia para evitar os gastos com tratamento. Isso, consequentemente, mascará o problema dentro da propriedade infectada e propicia a entrada do parasita em outras fazendas com animais saudáveis.

Além disso, aumento de casos da doença em uma determinada região podem contribuir para a disseminação do parasito. Por exemplo, uma fazenda vizinha com animais infectados que não são tratados, associado ao aumento da circulação de moscas, juntos esses fatores podem estimular a disseminação da doença e causar surto de mortes dentro do rebanho saudáveis, antes mesmo que a tripanosomose  seja identificada, pois a enfermidade se espalha rapidamente.

Para evitar a proliferação da tripanosomose, os produtores devem investir em um programa de biosseguridade que evite o uso concomitante de fômites que entram em contato direto com o sangue dos animais, e que assegure o controle biológico de vetores.

Outra medida importante é manter os animais recém adquiridos isolados, para que sejam examinados e em casos positivos, os bovinos devem ser tratados antes de serem introduzidos no rebanho. Além disso, parte do plano de controle da doença envolve o descarte de animais altamente susceptíveis, que mesmo após o tratamento devido sua alta sensibilidade voltam a adoecer em poucos dias, pois esses bovinos podem agir como incubatórios do T.vivax no rebanho.

A enfermidade pode se manifestar em forma clínica ou subclínica. Na clínica, o animal infectado apresenta uma série de sintomas como febre intermitente, anemia, linfonodos reativos, hemorragias, mucosas pálidas, apatia, diarreia, diminuição do apetite, perda de peso, queda na produção de leite, além de sinais neurológicos como fraqueza, ataxia e salivação excessiva.

Já na forma subclínica, normalmente após um surto clínico, a sintomatologia apresentada pelo rebanho é mais branda com manifestações como febre baixa, redução do apetite e perda de peso. Neste caso, o animal passa a ter um quadro crônico da doença, o que estimula uma série de perdas econômicas silenciosas para o produtor, pois o bovino terá seu potencial produtivo reduzido e será uma fonte de infecção constante para o restante do rebanho.

Em ambas as manifestações o animal pode apresentar problemas reprodutivos, como anestro prolongado, abortos, bezerros natimortos ou muito fracos e doentes, já que a infecção pode ser transplacentária. Os touros podem apresentar inflamações nos testículos e epidídimos, o que acarretará em problemas de fertilidade.

A tripanosomose, portanto, tem impactos diretos na produção e na reprodução. Diversos estudos publicados mencionam até 47% de perdas no volume de leite produzido. Além disso, a doença traz prejuízos associados a baixa eficiência reprodutiva e diminui drasticamente o valor de venda desses animais, que em muitos casos, não conseguem recuperar seu potencial produtivo mesmo após o tratamento devido a lesão causada pela doença em órgãos nobres como fígado e coração.

Por isso, o diagnóstico ágil e assertivo da tripanosomose é imprescindível para aumentar as chances de recuperação. Na fase inicial da doença, a identificação é mais fácil, pois neste momento o número de parasitas circulantes no sangue é alto, porém essa etapa dura em média 2 a 4 semanas.

Após esse período é cada vez mais difícil identificar a presença do T.vivax no organismo, e a parasitemia se torna cada vez mais baixa.  Além disso, as alterações clínicas que o parasita causa são facilmente confundidas com outras doenças, entre elas a tristeza parasitária bovina (TPB), o que torna o diagnóstico diferencial moroso e aumenta substancialmente os impactos sobre o rebanho infectado.

Nas propriedades, comumente, os animais que apresentam sintomatologia com febre e anemia são diagnosticados com TPB e apenas após o insucesso do tratamento contra a patologia é que a suspeita de contaminação por tripanosomose é analisada.

Por isso, investigar e identificar corretamente o agente causador dos sinais clínicos é imprescindível. Na fase inicial da contaminação por T.vivax exames diretos são os mais indicados. Já após a queda na parasitemia é recomendada a realização de testes indiretos. Para evitar falsos negativos o ideal é associar as análises e manter contato com centros diagnósticos e veterinários com experiência com a doença.

Os exames diretos pesquisam a presença do parasito no sangue dos animais. Entre as técnicas estão: esfregaço sanguíneo, Técnica de Woo, avaliação de gota de sangue entre lâmina e lamínula. Estes exames necessitam da observação no microscópio e tem validade apenas quando os níveis de parasitos no sangue dos animais são muito altos, e em geral tem baixa sensibilidade se comparado aos testes de sorologia e moleculares.

Já os métodos indiretos buscam a presença de anticorpos contra a doença. Portanto, são indicados algumas semanas após o pico de parasitemia. Neste caso, podem ser empregadas as técnicas de ELISA ou Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), tais métodos exigem estrutura laboratorial. Métodos para diagnósticos moleculares a base de PCR detectam o DNA do parasito e são mais específicos, porém o custo do diagnóstico de PCR tende a ser proibitivo para rebanhos comerciais.

Para quebrar o ciclo da doença no rebanho, todos os animais devem ser tratados, mesmo que a incidência de bovinos positivos no teste de sorologia seja pequena, pois a velocidade com que o Trypanosoma se espalha é muito rápida. Além disso, ao tratar apenas parte dos bovinos, algum animal contaminado, que está assintomático, pode ficar sem tratamento, e ele será uma fonte de reinfecção dentro da propriedade.

O programa de tratamento da doença deve ser baseado no diagnóstico e monitoramento dos animais infectados, durante pelo menos um ano. O uso do Isometamidium é o mais indicado, a posologia irá depender de cada rebanho e deverá ser feita com critérios técnicos bem definidos, como por exemplo respeitar as datas de aplicação do medicamento.  O uso de medicamentos com imidocarb e o diminazeno não tem ação curativa sobre o Trypanosoma, pois matam apenas as formas mais novas do parasita. Esse preceito é estabelecido na literatura por diversas pesquisas.

O tratamento com esses medicamentos irá diminuir a parasitemia, porém tornará o animal crônico para a doença. Além disso, muitos dos bovinos tratados com esses princípios ativos voltam a adoecer em um curto espaço de tempo.

O protocolo de quatro tratamentos espaçados é o mais indicado, pois o Trypanosoma, como alguns outros tipos de hemoparasitas, consegue identificar o quimioterápico na corrente sanguínea e se esconde do sistema imune, na parte intraocular, intracerebral e até em articulações. Por isso, é necessária uma dose maior, para manter o medicamento em níveis curativos por um tempo prolongado para matar o protozoário quando ele tentar voltar a corrente sanguínea nos bovinos acometidos e para prevenir contaminações horizontais no rebanho.

Além da sintomatologia clássica, os animais infectados podem apresentar uma série de complicações, como insuficiência cardíaca e renal, além de graves danos hepáticos e cerebrais. Muitas vezes o quadro anêmico é tão severo que não pode ser eficientemente revertido e os animais morrem abruptamente. É comum também que os animais recém paridos deixem de produzir leite de forma súbita devido a reparasitemia que pode ocorrer no pós-parto.

Em casos onde o tratamento é protelado, os animais contaminados apresentam complicações, como lesões hepáticas e em outros órgãos nobres, como o coração e pulmão. Isso fará com que esses bovinos nunca mais voltem a produzir leite na mesma quantidade de antes do surto. Por isso, é importante a proatividade, pois o grande risco do tratamento tardio é que os animais infectados nunca mais venham a alcançar sua capacidade produtiva e reprodutiva plena.

Vale ressaltar que os impactos econômicos da tripanosomose bovina são complexos, e em muitos casos as perdas financeiras não são completamente contabilizadas pelas propriedades contaminadas. A doença tem cura, mas a vigília deve ser constante.

Alexandre Souza, é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade de São Paulo (Unesp-Botucatu), mestrado pela Universidade de Wisconsin-EUA, PhD sanduíche (USP e Univ. Wisconsin) e pós-doutorado pela Universidade de Wisconsin e USP (em progresso). O profissional é Gerente Técnico de Bovinocultura de Leite da Ceva Saúde Animal Brasil.

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