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Exclusivo: entenda a criação da Itambé S/A e o papel da CCPR no novo cenário

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 25/02/2013

5 MIN DE LEITURA

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 Em uma movimentação que surpreendeu o mercado, a cooperativa Itambé anunciou a criação de uma joint venture com a Vigor, do grupo JBS. A surpresa se deu não exatamente pelo anúncio da criação de uma nova empresa envolvendo a Itambé – a cooperativa já vinha buscando alternativas para equacionar o problema da dívida existente e a necessidade de capitalização para sua continuidade de crescimento. Há 3 anos, liderou o processo de criação de uma grande central cooperativa, com a possível participação do BNDES, mas que acabou não dando certo.

A partir daí, a empresa lançou mão do plano B: se não é possível criar uma grande central cooperativa, sonho da diretoria e conselho, a empresa partiria para a busca de um parceiro estratégico que pudesse capitalizar a empresa. Em outras palavras, sairia do modelo cooperativista tradicional. Em dezembro passado, a Itambé havia criado sem alarde a Itambé S/A, sinalizando o caminho. Quem visitava a sede da empresa, em Belo Horizonte, já via na entrada um grande banner com os dizeres “Itambé Alimentos S/A, momento de crescer”.

A surpresa, no caso em questão, foi o parceiro. Após um longo período de negociação com um parceiro estrangeiro, quem levou foi a brasileira Vigor.

A Itambé é não só uma das principais empresas de laticínios do país, como também uma das grandes centrais (se não a única) que se manteve forte no mercado após a abertura dos mercados em 1991. Foi uma das primeiras empresas a investir pesado na exportação de lácteos, com a criação da trading Serlac, em 2002. Nos anos áureos do curto boom exportador brasileiro, em 2007 e 2008, foi uma das principais protagonistas do movimento, sendo responsável por cerca de metade do volume exportado pelo Brasil.

O sucesso da empresa, no entanto, acabou sendo seu próprio entrave: embalada pelas exportações e pela forte elevação dos preços do leite em pó, a Itambé investiu em uma moderna fábrica em Uberlândia. Também, dobrou de tamanho a fábrica de Goiânia. Quando a festa começava a ficar boa a ponto do projeto de duplicação de Uberlândia ser iniciado, veio a crise de 2008, a forte queda nos preços do leite em pó e a valorização do real. Os planos exportadores foram deixados momentaneamente de lado, sobrando para a Itambé a dívida relativa ao investimento e um portifólio fortemente baseado em leite em pó e condensado, produtos focados principalmente para a exportação e que, ao serem vendidos no mercado interno, como ocorreu com outras empresas que tiveram o mesmo problema, ocasionaram queda nos preços destes derivados, lembrando que em 2008, praticamente um terço do volume de leite processado pela Itambé fora exportado.

Desde então, a Itambé procurou readequar seu portifólio, voltando a investir no longa vida e expandindo a produção de refrigerados. Porém, as baixas cotações do leite em pó no mercado nacional e a impossibilidade de exportar, aliados ao endividamento para a expansão, dificultaram a situação da cooperativa mineira, ficando cada vez mais claro que o único caminho possível seria de uma parceria como a que foi delineada. Vale lembrar que, mesmo em 2012, ano complicado para o setor, a Itambé teve geração de caixa positiva, da ordem de R$ 120 milhões, talvez um dos melhores resultados operacionais do setor, o que mostra que o principal problema era de fato o endividamento, novamente equacionado com os R$ 410 milhões da Vigor.

Na nova estrutura, a marca Itambé foi transferida para uma empresa S/A, que portanto não é mais uma cooperativa. A CCPR – a cooperativa que possuía todos os ativos – agora tem 50% da nova empresa, que reunirá as fábricas e marcas da antiga Itambé. É um modelo semelhante ao verificado por outras grandes cooperativas do passado, como as irlandesas Glanbia e Kerry – não por acaso uma estratégia conhecida como o “modelo irlandês”.

O tamanho da participação futura da cooperativa depende da capitalização da empresa. Nesse modelo, a tendência é que a nova empresa ganhe musculatura através de investimentos para expansão, envolvendo aquisições ou novas fábricas. Esses investimentos podem vir de financiamentos, uma vez que a nova companhia nascerá de fato com baixo índice de alavancagem (próximo a 1x de seu Ebitda ou geração de caixa), mas também pela venda de participação acionária a outros grupos, e mesmo pela abertura de capital. Nesse cenário, a possibilidade mais concreta é que haja diluição do capital da CCPR na Itambé S/A, um processo esperado em situações desse tipo, uma vez que a capacidade de investimento dos parceiros não é a mesma.

Também, conforme informado pelo presidente da Vigor, Gilberto Xandó, em matéria do jornal o Estado de S. Paulo, há a possibilidade futura de fusão da Itambé S/A com a Vigor S/A, também um movimento previsível ao se analisar que sem isso as sinergias não são tão evidentes.

A CCPR, porém, tem proteções para evitar que a eventual perda de poder através da diluição de capital ocorra. Uma delas é que enquanto a participação da CCPR na Itambé S/A estiver acima de 20%, a cooperativa tem poder de veto no caso de uma fusão efetiva. A outra é que tanto a CCPR quanto a Vigor terão três assentos no Conselho de Administração, que nomeará conjuntamente um CEO (principal executivo da empresa).

Além desse fato, é importante destacar que a participação da CPPR na Itambé S/A ocorre através de uma holding, que poderá receber investimentos de outras cooperativas de leite e mesmo outras empresas. Essa possibilidade aumenta as opções de financiamento através da CCPR, mantendo uma participação elevada na joint venture mesmo diante da capitalização futura feita pela Vigor.

Outro aspecto importante da criação da Itambé S/A e que protege a CCPR é que a cooperativa é a fornecedora preferencial de leite para a empresa. Mais do que isso: a Itambé S/A não pode captar leite de produtores em áreas que a CCPR já tem atuação. Por outro lado, poderá ter estratégias independentes de aquisição de leite spot (entre empresas), exportação e importação de lácteos, e também poderá investir em fábricas em regiões nas quais a CCPR não atua e, nesse caso, captar leite de produtores.

A matéria-prima da CCPR será remunerada de forma a manter a estrutura administrativa necessária para a nova configuração, bem como cobrir os preços vigentes no mercado, definidos a partir de reuniões mensais, refletindo, segundo a empresa, o máximo possível as condições de mercado.

Será interessante acompanhar os efeitos dessa movimentação no mercado de laticínios brasileiro, um tanto ressabiado com fusões e investimentos que, via de regra, não trouxeram os resultados esperados.

Também, fica no ar o desafio para as cooperativas brasileiras que, na prática, perderam sua principal referência.

A matéria é do MilkPoint.

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DILERMANDO JOSÉ DA SILVA

UNAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/04/2013

Tudo vai depender do poder de capitalização da CCPR, ou seja de seus associados, no futuro visando assegurar os 50% de capital na empresa ora criada.
HERMENEGILDO DE ASSIS VILLAÇA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 11/03/2013

Estou pagando para vêr,e torcendo  para que esta jogada dê certo.

Potencial, nosso Brasil tem de sobra como futuro pais exportador.

Devemos contudo pensar no {dentro} da porteira, e na qualidade do produto, caso contrário continuaremos como simples importadores.



         
MATOZALÉM CAMILO

ITUIUTABA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/03/2013

O sistema cooperativo do leite no Brasil é muito amador e a maioria dos diretores de nossas cooperativas não conseguem enxergar além da projeção de sua própria sombra. Não conseguiram se unir e formarem um grupo forte, há dois anos atrás, e agora perde a maior cooperativa do país, que apesar de ser uma cooperativa, sempre atuou com administração semelhante às grandes empresas do setor. Não sei se isso é bom ou ruim para o setor somente o tempo irá dizer.
DR. JAIRO PINTO DE CARVALHO

SALVADOR - BAHIA

EM 04/03/2013

Salvador-BAHIA,04.03.2013-2ª feira.



Ao MilkPoint.

Prezados Senhores:



No artigo supra por sinal,muito bem articulado,pude notar vários senões,ou seja,poderá,se,talvez,porventura,quiçá,etc..

é uma temeridade!

quem viver verá!

não desejo o insucesso mas,no brasil tudo é temerário!

não temos solidez econômica,nunca tivemos,só um arremedo!

os custos de uma sociedade anônima,são bem mais elevados,será que vai compensar?

Grato pela atenção.

Jairo Pinto de Carvalho.


ANDRÉ LUIZ COSTA

ESMERALDAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/03/2013

Parabén Marcelo, sua matéria é bastante esclarecedora.

Vale agora uma reflexão dos produtores de leite, dirigentes das cooperativa que fazem parte do sistema CCPR, o mais importante é abrir um diálogo aberto, franco sobre as futuras decisões. Profissionalizar os administradores da cadeia do leite também é fundamental.
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 01/03/2013

Obrigado a todos que comentaram e elogiaram a matéria.
JERONIMO GOMES FERREIRA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/03/2013

Um abraço Marcelo.

O assunto merece mais análise. Mais do que análise, providências de quem está à frente da CCPR. O sistema cooperativista só tem um caminho, para a redençao do produtor de leite. O fortalecimento do sistema, por uma gestão profissional, unificando os processos de logística na captação, capacitação do produtor, fornecimento de insumos, produtos e serviços.  Daí, a nossa esperança, de um diálogo mais aberto e inteligente da CCPR com as cooperativas que poderão construir fusões e parcerias com objetivo de baixar o intolerável custo de produção do leite. Mais do que isso, possibilitar o fortalecimento dos 50% da Itambé Alimentos S/A, agora focada na Industrialização e comercialização.








II

PONTE SERRADA - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/02/2013

Ótimo artigo. Parabéns a equipe da Milk Point.
GUSTAVO KRULL

TEÓFILO OTONI - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/02/2013

Muito interessante esse jogo de mercado em que a cooperativa passa a fazer parte. Enfim, esse episódio mostra o amadurecimento da consciência cooperativista, das empresas do setor cooperativista do em nosso país. Já passamos da hora de encararmos as Cooperativas como Grandes Empresas aptas a trabalhar e ganhar grande parte do nosso mercado capitalista. Parabéns ao MilkPoint pela matéria.
MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 26/02/2013

Obrigado Marcelo Ermini.
WELLINGTON MARCOS DE PAIVA SILVA

CARRANCAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/02/2013

Não sou produtor do sistema CCPR, mas sempre tive mto orgulho dessa mineira, estou muito sentido por não ter dado certo o movimento para criação da central cooperativa, tinha esperança que com esse plano A, conseguiria um dia fazer parte do sistema através da cooperativa da minha região. Quanto ao plano B, resta-nos ter esperança que com o tempo o capital dos produtores rurais não vire pó!

Saudações aos companheiros de atividade!

Wellington
MARCELO ERMINI

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 26/02/2013

Parabens pela excelente apresentaçãos dos fatos.
GENECIO FEUSER

PARANAVAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/02/2013

Sou produtor e vendo para Vigor, adoro essa empresa, mas gostaria que tivesse ocorrido a junção e o fortalecimento das cooperativas.
DANILO MELO FRANCO

UNAÍ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/02/2013

uma grande perda para o cooperativismo brasileiro, visto que uma cooperativa, só  justifica a sua existência,quando ela é só um meio para os seus associados, e com esta mudança esta empresa vai buscar o lucro máximo para seus acionistas e não mais para os produtores de leite. Mas vale ressaltar que 50% é melhor que nada.
DOMINGOS DOS SANTOS PANTALEÃO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 26/02/2013

Bom dia gostaria de entender essas coisas que acontecem com cooperativas e laticinios vira e mexe a conta não fecha
PAULO VITOR FERREIRA DE ALMEIDA

ITAPACI - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/02/2013

Nós temos que acreditar que essa estrategia da Itambé e da Vigor será bom para o mercado nacional, pois precisamos de empresas como essas que valorize a produção com qualidade e produtos que garanta a segurança alimentar de nós consumidores e produtores. Temos que parar com esse pessimismo que carregamos de herança portuguesa e sabermos lidar com coisas que são novas ao nosso olhar. E como já cansei de ver aqui creditar tudo no preço de leite e fazermos mais por nossa produção, aprender lidar primeiro com os nossos problemas do que ficar "agorando" ações que vêem para fortalecer o nosso produto.
TULIO VIEIRA

BURITIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/02/2013

Nos produtores do sistema CCPR podemos ficar tranquilos de que a Itambe SA ira comprar toda nossa producao das cooperativas do sistema CCPR? A gente vai negociar no mercado Spot agora? Como vai ser isso?
RICARDO DE APARECIDO DO COUTTO

CURVELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/02/2013

Para ser mais seguro pra nos produtores, a Itambe SA e a Vigor deveriam fazer um contrato de CEPEA de cada regiao, anual com os produtores afiliados a CCPR, pois essa questao de "a matéria-prima da CCPR será remunerada de forma a manter a estrutura administrativa necessária para a nova configuração, bem como cobrir os preços vigentes no mercado" fica meio solto! O que e o mercado??
LUCIANO DANTAS

ABAETÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/02/2013

Queria saber se continuaremos a ter direito ao 13o no final de cada ano???

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