Como assumiram o papel de intermediários entre produtores e indústria, comprando e revendendo o alimento, os atravessadores flagrados até agora pelo Ministério Público Estadual (MPE) buscavam ganhos ao adicionar substâncias para aumentar o volume ou disfarçar a deterioração do leite entregue nos laticínios.
Para o MPE, a falta de fiscalização nos transportadores é um dos pontos que mais facilitam a adulteração, e delegar às indústrias a função de controlar os freteiros seria um erro porque as empresas não teriam interesse em perder fornecedores em meio a um mercado com oferta apertada.
O Ministério da Agricultura, no entanto, discorda sobre a existência de uma lacuna legal entre os pecuaristas e os laticínios. Para o coordenador-geral de inspeção do ministério, Luiz Marcelo Araujo, a Instrução Normativa 62 já disciplina condições de transporte.
Enquanto o ministério – responsável pela inspeção de 90% do leite captado no Estado – vê pouca possibilidade de controle, o governo gaúcho promete acabar com o papel de negociante dos transportadores. A solução, que tem atraso superior a três meses, seria a adoção pelos laticínios de plano de controle para coleta de leite a granel, previsto na portaria que regulamenta a implantação da norma no Estado. A regra indica o volume a ser recolhido em cada propriedade.
– Isso elimina em grande parte a possibilidade de fraude porque, no final, a indústria vai processar apenas a soma do leite declarado pelos produtores – diz o secretário estadual de Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.
Como desdobramento da terceira fase da Operação Leite Compen$ado, desencadeada quinta-feira, o MPE programou para o próximo dia 19 as audiências para ouvir os quatro acusados de adulterar leite com água oxigenada em Três de Maio.