Com mais de 14 milhões de cabeças, a ovinocultura brasileira é caracterizada por elevado grau de informalidade. Segundo COUTO (2001), esta atividade juntamente com a caprinocultura, no nordeste, tem distribuição de cerca de 50% dos rebanhos concentrados em propriedades com menos de 30 hectares, 28,9% entre 31 e 200 ha e 21,1% são produzidos em propriedades com mais de 200 ha.
A região Nordeste carece de uma política de desenvolvimento que priorize a oferta contínua de carnes com elevado padrão de qualidade, a competitividade de preços em relação aos produtos concorrentes, a comercialização de carnes submetidas aos serviços de inspeção federal ou estadual e ações voltadas para promoção comercial (prospecção de mercado, adequação de produtos, marketing e publicidade, participação em feiras nacionais e internacionais de alimentos, entre outras).
O avanço deste sistema produtivo vem acarretando o surgimento de raças mais produtivas, assim paralelamente ao crescimento da produção ovina há forte tendência de crescimento da raça Santa Inês. No elo produtivo verifica-se a passagem do progresso genético dos rebanhos de elite para os rebanhos comerciais ficando estrangulada nos rebanhos multiplicadores. Animais de alto padrão, independentemente do tipo de avaliação, têm custo muito elevado e tendem a circular somente entre os criadores de rebanhos de elite.
Sabe-se que a ovinocultura de corte compreende produções que englobam pequenos, médios e produtores empresariais. Atualmente, o enfoque empresarial tem preconizado um módulo mínimo de 500 matrizes (com Intervalo de partos =12 meses) ou 350 (com Intervalo de partos = 8 meses).
Vale ressaltar algumas ações importantes para estimular o crescimento da produção e comercialização da carne ovina, como a organização dos produtores em associações e cooperativas, a capacitação tecnológica e gerencial, o melhoramento genético dos rebanhos, o acesso a linhas de crédito com juro diferenciado, a certificação de qualidade das carnes, a política de marketing e o combate aos locais de abate clandestino. Estes fatores fortalecem a atividade sendo muito importante para os pequenos e médios criadores que podem ter a venda de seus produtos assegurada e para os consumidores que terão acesso a produtos de melhor qualidade.
O ambiente organizacional/institucional representado abaixo confere os segmentos encontrados na cadeia agroindustrial da carne ovina.
Ambiente organizacional/institucional
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Os pequenos e médios produtores são caracterizados, na maioria das vezes, pelo uso de mão de obra familiar e pela reduzida utilização de tecnologias. São altamente correlacionados com o mercado informal, possuindo participação formal quando ligados a associações ou cooperativas.
Esses produtores são os maiores responsáveis pelo consumo de carne ovina pela população de renda baixa e média, através do abate clandestino, da venda direta ao consumidor ou em feiras livres, sendo este último tipo de distribuição muito característico na região nordestina.
O nível empresarial, composto pelos grandes produtores é caracterizado pelo alto grau de capital de exploração, com a presença de grandes plantéis, intenso uso de tecnologias, mão de obra assalariada e conseqüentemente significativa participação no mercado formal (açougues, boutiques e casas de carnes, supermercados, entre outros) seja individualmente ou através de associações e cooperativas.
O produtor deverá perceber o que representa as mudanças tecnológicas e as exigências de padronização para o seu negócio. Terá de renunciar as expectativas de elevadas taxas de retorno, na medida que a coordenação técnica lhe propiciará menor grau de incerteza e menor taxa de risco, terá que aprender a ganhar menos sobre mais.
O grande número de investidores na ovinocultura demanda um grande número de animais para formação de plantéis e o maior retorno financeiro proporcionado pelos animais destinados à reprodução tem atraído os criadores que, deixam de produzir carne para comercializar seus animais em leilões, em conseqüência disso e somado-se a outros fatores, o mercado nacional é abastecido por três tipos de carne ovina: a importada, a nacional e a clandestina.
A reduzida oferta de abatedouros ou frigoríficos especializados para ovinos acarreta na falta de dados sobre abate de ovinos no país, além do alto consumo de carne clandestina.
A carne encontrada nas gôndolas de supermercados, boutiques e casas de carnes representam produtos direcionados a consumidores de médio a alto poder aquisitivo. Os produtos cárneos originados desta atividade ainda podem ser considerados pouco explorados, no sentido da possibilidade de agregar valor através de diferenciações, como marcas, cortes especiais, processados, etc;
Referências bibliográficas
FAOSTAT. Disponível em: https://faostat.fao.org/. Capturado em 23 de setembro de 2005.
COUTO, F.A.D. Apresentação de dados sobre a importância econômica e social da ovinocultura brasileira. In: Relatório final de apoio a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura brasileira, 2001, Brasília - DF.