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Mastite em ovelhas é causa de mortalidade de cordeiros

POR CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/02/2014

5 MIN DE LEITURA

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No informativo mensal do índice de custo de produção do cordeiro paulista (ICPC), de setembro de 2013 calculado pelo Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal, um número incluído na Tabela 2 deste informativo: “Coeficientes zootécnicos das propriedades representativas de criação de ovinos de corte nas mesorregiões estudadas”, obtido por Raineri (2012), me impressionou muito. Foi o dado de mortalidade pré desmame (%) obtido na região de Araçatuba, SP: 70%! Ora, a pergunta que eu faço é a seguinte: como alguém pode criar ovinos se 70% dos cordeiros morrem antes do desmame? E por que morreriam tantos cordeiros? Eu já desconfiava, mas perguntei a uma das autoras do Informativo, Camila Raineri, e ela me respondeu que este número não foi um erro de digitação, e que esta realidade acontece em função da mastite nas ovelhas.

Revendo o artigo de minha autoria e do colega Luiz Francisco Zafalon, da Embrapa Pecuária Sudeste, que havíamos encaminhado ao FarmPoint, com o título “Prejuízos causados pela mastite em ovinos”, postado em 19/02/2010, percebi que o texto apresentou dados parciais da pesquisa que estávamos realizando. Depois que a pesquisa terminou, publicamos alguns dos resultados obtidos (VERÍSSIMO et al., 2010; ZAFALON et al., 2010; 2012; 2013). Porém, não publiquei mais nada sobre mastite no FarmPoint, este excelente fórum permanente de discussão e informação. Portanto, acho que esta é uma excelente oportunidade para relembrar o que já foi comentado, assim como divulgar novas informações que poderão ajudar muito os produtores que têm o problema da mastite em seus rebanhos e que por causa disso têm altos índices de mortalidade em cordeiros.

Informações obtidas do trabalho citado e de revisão bibliográfica sobre o assunto controle da mastite encontram-se abaixo:

- A mastite clínica é a principal causa de alta mortalidade de cordeiros antes do desmame;

- Em mais de 90% dos casos, o diagnóstico da mastite clínica pode ser feito ao parto (às vezes antes mesmo do parto alguns animais já apresentam o úbere com mastite clínica). Através de palpação do úbere e observação da produção leiteira pela ovelha é possível saber se a ovelha tem os úberes produzindo leite normalmente quando parem. Caso contrário, quando não sai leite de um ou dos dois peitos, é necessário providenciar leite de vaca (ou de cabra) para poder alimentar o cordeiro, principalmente quando o parto for de gêmeos.

- A secagem da ovelha também é um ponto crítico quando a mastite está presente no rebanho. Quando estiver próximo ao período da secagem da ovelha, esta já deverá receber menos concentrado para que a produção leiteira vá diminuindo. Geralmente, recomenda-se a secagem abrupta, mas sempre com acompanhamento para verificar se a ovelha já apresenta, neste momento, algum sinal de mastite clínica (peito com nódulos duros, podendo o leite estar alterado em sua coloração), devendo ser tratada sempre que for constatada a mastite.

- Na estação de monta, o úbere das ovelhas deve ser palpado e eliminadas as fêmeas que apresentem o úbere comprometido (grandes áreas duras no úbere). O ideal é que o médico veterinário que atende a propriedade acompanhe e faça este diagnóstico, eliminando as ovelhas que têm mastite crônica (úbere comprometido).

- O grande problema da mastite é a mastite subclínica, aquela na qual a bactéria está presente no úbere, porém não causa nenhum sintoma, mas vai, paulatinamente, diminuindo a quantidade e a qualidade do leite produzido pela glândula infectada, podendo causar (ou não) perda de peso nos cordeiros. É por causa desse tipo de mastite que a bactéria permanece no sistema de produção. É muito importante que os cordeiros tenham à disposição um sistema de alimentação diferenciado, em que só eles tenham acesso (“creep feeding”), para que não dependam somente do leite da ovelha para crescer e engordar. Essa providência também evita prejuízos com os cordeiros. É possível diagnosticar a mastite subclínica das ovelhas do mesmo modo que se diagnostica mastite subclínica em vacas, ou seja, utilizando a caneca e o reagente do teste CMT (“California Mastitis Test”), encontrado nas lojas agropecuárias.

- Para eliminar a mastite subclínica pode se estabelecer o tratamento da “ovelha seca”, semelhante ao que acontece hoje em dia com as vacas. Nas vacas de leite recomenda-se o tratamento da mastite subclínica quando ela está secando; ela é tratada com medicamento intramamário, próprio para uso na secagem, no último dia da lactação. Por associação, essa medida também deve ajudar muito no controle da mastite subclínica de rebanhos ovinos, principalmente porque o principal agente etiológico da mastite nas ovelhas é o Staphylococcus, semelhante ao que acontece com as vacas leiteiras. Trabalhos científicos têm dado respaldo a essa hipótese (MENDONÇA et al., 2000; COUTINHO et al., 2008; MELO et al., 2008;). Alguns produtores já estão realizando a aplicação de antibiótico na secagem das ovelhas, obtendo sucesso, diminuindo bastante, ou não havendo novos casos de mastite na próxima lactação. No entanto, devido ao fato de ainda não haver um medicamento próprio para aplicação no teto da ovelha, cujo esfincter é muito mais estreito que o da vaca, recomenda-se a orientação de um técnico com experiência neste assunto. Procure sempre um veterinário para sua orientação.

Referências bibliográficas

COUTINHO, D.A.; COSTA, J. N. C.; RIBEIRO, M.G.; SALERNO, T. Eficácia do cefalônio anidro intramamário na secagem de ovelhas Santa Inês. Veterinária e Zootecnia, v. 15, n. 3, p. 469-477, 2008. https://www.fmvz.unesp.br/rvz/index.php/rvz/article/view/455/348

MELO, C. B.; ALMEIDA, B. M.; OLIVEIRA, A. A.; AZEVEDO, H. C.; MELO, L.S.S.; MATA, S.S. Avaliação de uma metodologia profilática contra a mastite clínica em ovelhas da raça Santa Inês. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária Zootecnia, v.60, n.4, p.1011-1013, 2008, Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/abmvz/v60n4/33.pdf, Acesso em: 04/02/2014.

MENDONÇA, A.; VALENTIM, R.; MAURÍCIO, R.; CARDOSO, M.; CORREIO, T.; SEQUEIRA, M.; MARTINS, C. Mamites em pequenos ruminantes. Secagem e recuperação de ovelhas. Veterinária Técnica, Dezembro, p. 44 – 47, 2000. Disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/6288/3/RVT%20Mamites%20Peq%20Rum%20(2000).pdf, Acesso em: 04/02/2014.

VERÍSSIMO, C.J.; ZAFALON, L.F.; OTSUK1, I.P.; NASSAR, A.F.C. Prejuízos causados pela mastite em ovelhas Santa Inês Arquivos do Instituto Biológico, v. 77, n.4, p. 583-591, out./dez., 2010. Disponível em: https://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/v77_4/verissimo.pdf, Acesso em 04/02/2014.

ZAFALON, L. F. ; MARTINS, K. B. ; DIAS, W. A. F. ; VERISSIMO, C. J. ; ESTEVES, S. N. . Etiologia infecciosa da mastite subclínica ovina em rebanhos destinados à produção de carne. Veterinária e Zootecnia (UNESP), v. 17, p. 568-576, 2010.

ZAFALON, L. F. ; VERISSIMO, C. J. ; MAMIZUKA, E. M. ; MARTINS, K. B. ; ALMEIDA, L.M. ; VESCHI, J.L. . Estafilococos resistentes à oxacilina isolados em casos de mastite subclínica em ovinos. Arquivos do Instituto Biológico (Impresso), v. 79, p. 1-7, 2012.

ZAFALON, L.F.; MARTINS, K. B.; DIAS, W. A. F.; VERÍSSIMO, C. J.; ESTEVES, S. N.; VESCHI, J. L. A. Efeitos da mastite subclínica infecciosa sobre o desempenho de cordeiros na raça Santa Inês. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 35, n. 4, p. 299-305, 2013. Disponível em: https://www.rbmv.com.br/pdf_artigos/29-11-2013_20-02RBMV017.pdf, Acesso: 04/02/2014.
 

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CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

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CECÍLIA JOSÉ VERÍSSIMO

NOVA ODESSA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 27/02/2014

Obrigada pelos elogios,

espero poder contribuir com minha experiência, até o momento, nesta área. Infelizmente, ainda não há um trabalho científico (pelo menos eu não achei) que seja definitivo, demonstrando o benefício do tratamento da "ovelha seca". Os trabalhos comentados são observações preliminares que indicam que esta técnica é uma boa opção. Mas, como eu disse no texto, tenho ouvido falar de pessoas que têm adotado o tratamento da ovelha na secagem com sucesso, conforme mostra o depoimento do Jaime Oliveira Filho.

Por favor Joaquim Távora, dê o seu depoimento (bom ou ruim) depois de implementar o tratamento da ovelha na secagem.

Continuem enviando comentários sobre o assunto!

Abraço a todos,
DELCINO TAVARES DA SILVA

JOAQUIM TÁVORA - PARANÁ

EM 26/02/2014

Gostei do trabalho: objetivo, direto e claro. Na minha experiência de ovinocultor de 10 anos, com matrizes da raça santa inês, a mastite tem sido o maior dos meus problemas. Atualmente, estou fazendo desmama com 90 dias e eliminando toda ovelha que apresente mastite clínica. A partir de agora, vou cuidar dos casos sub-clínicos fazendo tratamento recomendado.
TACIA GOMES BERGSTEIN

CURITIBA - PARANÁ

EM 24/02/2014

Parabéns pela iniciativa de chamar a atenção dos criadores/consultores quanto a isso. É fato que não existe o costume da correta secagem das ovelhas e consequentemente perdas produtivas. Por vezes observo que os produtores não atentam para isso, mesmo sendo um procedimento muito simples.
NILSON PAULO MICHEL MISSEL

CIDREIRA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/02/2014

Parabéns pelo artigo, claro e preciso. Muito bom!
JAIME DE OLIVEIRA FILHO

ANGATUBA - SÃO PAULO - OVINOS/CAPRINOS

EM 17/02/2014

Em uma fazenda que a 2 anos atrás comecei dar assessoria logo na primeira parição que aconteceu começou com muitos casos de mastite e vendo o relato do cuidador notei que o problema se originava no manejo no desmame e comecei então mudar o manejo fazendo nas ovelhas em época do desmame a aplicação de antibióticos para não correr o risco e nisso sempre estar descartando ovelhas do rebanho,Tenho usado com muito êxito a Oxitetraciclina subcutânea(devido prolongar a ação)  e nunca mais tivemos problemas com mastite nas parições.

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