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Seleção de alimentos e acidose: existe ligação?

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/12/2000

4 MIN DE LEITURA

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José Roberto Peres

As vacas de alta produção normalmente são suplementadas com grandes quantidades de concentrados, mas ainda assim não deixam de exigir uma certa quantidade de fibra fisicamente efetiva para o perfeito funcionamento do rúmen, ruminação, produção de saliva e formação de uma manta fibrosa no rúmen. A falha no fornecimento de fibra efetiva resulta em acidose, caracterizada por um ou mais dos seguintes fatores:

* Maior incidência de torção de abomaso
* Menor tempo de ruminação
* Distúrbios digestivos e flutuação no consumo (e na produção)
* Resistência imunológica deprimida
* Menor teor de gordura no leite
* Maiores problemas de casco

Nos últimos anos os nutricionistas têm utilizado peneiras que determinam a distribuição da forragem por tamanho de partícula numa ração completa. Estes dados são valiosos para formulação de dietas de alta densidade energética (com grande participação de concentrados). Foram desenvolvidos parâmetros para a ótima distribuição do tamanho das partículas tanto no momento da colheita quanto no preparo de rações completas.

Uma área que não foi perfeitamente avaliada é o "efeito da vaca". Em outras palavras, se as vacas têm capacidade de selecionar os alimentos deixando de lado a porção fibrosa. Seria isto um fator importante na prevenção de problemas de acidose?
Uma série de experimentos neste sentido foi conduzida por pesquisadores americanos, utilizando a Peneira da Penn State (veja artigo anterior nesta seção - Fibra Efetiva em Dietas de Vacas Leiteiras - Parte II: Avaliação Prática). O experimento inicial envolveu uma fazenda bem manejada utilizando um grupo de vacas alimentadas com ração completa uma vez ao dia. No momento do trato, às 9:00 horas da manhã, a mistura atendeu as recomendações em termos de distribuição de partículas, conforme mostra a tabela 1.

Tabela 1: Alterações na composição da ração completa com o passar do tempo

 

Tabela 1



A cada 6 horas após o trato inicial, o alimento restante era empurrado em direção ao cocho, amostrado e novamente "peneirado" para determinação da distribuição das partículas. Se não existisse escolha ou consumo seletivo, a distribuição não deveria se alterar. No entanto, as amostragens demonstraram grandes alterações no tamanho das partículas. As vacas nitidamente consumiram as partículas mais finas e evitaram as partículas mais longas de "fibra efetiva".

Devido a esta seleção, a dieta consumida nas primeiras 12 horas após o trato tinha muito pouca fibra efetiva. Baseado nestes dados, as vacas claramente podem estar em risco de acidose subclínica. Lembre-se que existem 3 tipos de dietas que devem ser cuidadosamente avaliadas num programa de nutrição:

 

1. A dieta formulada no papel

2. A dieta que é misturada e fornecida

3. A dieta que é realmente consumida pelos animais



No rebanho em questão, a ração foi corretamente formulada e misturada e portanto tinha o perfil de tamanho de partículas recomendado. Todavia, a dieta não estava sendo consumida de forma correta pelas vacas devido às características físicas dos ingredientes.

Num segundo experimento conduzido na Universidade de Wisconsin, também foi medido o efeito de diferentes quantidades, qualidade e tamanho de partícula de feno nas dietas. Para isto 24 vacas foram alimentadas individualmente com duas dietas que continham 40% de feno de alfafa e outras quatro que continham 20% de feno e 20% de silagem de alfafa. A matéria seca da dieta baseada exclusivamente em feno foi de 89,9%; e de 69,4% para as 4 dietas com silagem.

A pesquisa da universidade confirmou o que havia sido observado no campo. No geral as vacas selecionam as partículas mais finas. Quanto maior o tamanho das partículas, maior a seleção. Houve diferenças também entre vacas dentro de um mesmo tratamento a um ponto que duas vacas não faziam seleção alguma, enquanto outras tinham comportamento seletivo muito acima da média. Claramente houve mais seleção nas dietas mais secas. Quando se combinou o efeito de uma vaca que naturalmente seleciona mais com a matéria seca da dieta oferecida, houve um caso onde a vaca não comeu nenhuma das partículas mais longas.

Baseado nestes dados, os seguintes fatores foram determinados como importantes:

* O teor correto de umidade da ração completa é importante para manter as partículas dos alimentos agrupadas. O objetivo deve ser dietas com matéria seca entre 46 e 52%.

* O fornecimento de maiores quantidades de feno, especialmente os de baixa qualidade (alta fibra) contribui para a seleção. É melhor fornecer menor quantidade (1 a 2 kg) de feno de alta qualidade e processá-lo para reduzir o tamanho das partículas, se possível.

* Alimentos com partículas longas contribuem para a seleção. O objetivo deve ser o tamanho de partícula adequado (intermediário) e consistente na ração completa.

* O processamento da silagem de milho é interessante. A presença de palhada e sabugo na ração completa contribui para a seleção.

Comentário MilkPoint: existem vários fatores e suas devidas interações que podem contribuir para a seleção de alimentos e ocorrência de acidose. É importante que se tenha consciência que a seleção pode ocorrer. Avalie as características da dieta de seus animais para determinar o grau de seleção. Depois altere as estratégias de fornecimento para minimizar este problema.

 

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fonte: MARTIN, R., ARMENTANO, L. e LEONARDI, C. 2000. Feed sorting and acidosis: Is there a Link? Hoard’s Dairyman, September 25.

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