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Por que devemos cuidar bem dos microrganismos do rúmen

POR ALEXANDRE M. PEDROSO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/01/2004

4 MIN DE LEITURA

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Todos sabemos que para as vacas poderem expressar bem o seu potencial produtivo e reprodutivo precisam estar bem nutridas, com teores adequados de energia, proteína, fibra e minerais. Mas a qualidade desses nutrientes também é muito importante.

Já há alguns anos, nós nutricionistas aprendemos que proteína não é só proteína. É isso mesmo, temos que pensar em proteína solúvel (PS), proteína degradável no rúmen (PDR), proteína não degradável no rúmen (PNDR) e proteína indisponível. Vaquinhas exigentes essas, não? Pois é, mas boa parte dessa exigência não é exatamente das nossas amigas que produzem o leite, mas das nossas igualmente amigas bactérias que vivem em simbiose no rúmen das nossas amigas maiores.

Os microrganismos do rúmen contribuem com até 75% do suprimento total de proteína metabolizável para uma vaca em lactação. Dessa forma, ao se alimentar as vacas leiteiras, deve-se buscar a maximização da produção de proteína microbiana no rúmen. Os microrganismos do rúmen utilizam carboidratos, nitrogênio e aminoácidos para produzir sua proteína endógena, crescer e se multiplicar. Daí esses microrganismos acabam sendo "lavados" para fora do rúmen, e levados para o intestino da vaca, onde serão absorvidos e utilizados como fonte de aminoácidos para a produção de proteína corporal e proteína do leite.

Para que cresçam com eficiência, os microrganismos ruminais necessitam de fontes de energia, nitrogênio e aminoácidos disponíveis ao mesmo tempo. À medida que aumenta a disponibilidade dos carboidratos, mais nitrogênio e proteína podem ser utilizados para a síntese de proteína microbiana. A proteína solúvel (PS) fornece nitrogênio e aminoácidos para utilização imediata pelos microrganismos - em até uma hora após a ingestão. A proteína degradável no rúmen (PDR) contém a fração PS, e também proteína para ser utilizada mais a médio prazo (em até 16 horas após a ingestão). Para que se consiga a sincronia perfeita entre as disponibilidades das fontes de carboidratos e proteínas, é preciso fornecer às vacas as quantidades corretas, tanto de PS como de PDR. Como regra geral, recomenda-se que as dietas para vacas leiteiras contenham de 60 a 65% de PDR e 28 a 32% de PS (como porcentagem da PB).

Se essas quantidades forem insuficientes, a quantidade de carboidratos fermentados no rúmen será reduzida, e a produção de proteína microbiana será comprometida. Mesmo que se forneça a quantidade adequada de energia (carboidratos) na dieta, a produção de leite pode ser prejudicada se as fontes de proteína não tiverem, na média, a mesma velocidade de degradação no rúmen do que as fontes de carboidrato, numa situação conhecida como desacoplamento energético. Se as fontes de proteína forem de degradação muito lenta em relação às de carboidrato, nossas amigas bactérias ficarão com sua capacidade produtiva comprometida, o que vai resultar em menos proteína metabolizável disponível para a vaca.

Por outro lado, se a situação for inversa, ou seja, se a degradação ruminal das fontes de proteína for mais rápida que a das fontes de carboidrato, ou se a dieta fornecer quantidade maior de proteína do que a vaca necessita, vai haver sobra de proteína no rúmen, e esse nitrogênio extra será desperdiçado. Ele deverá ser excretado na urina, havendo um custo metabólico adicional, além de aumento na poluição ambiental, e também se observará teores aumentados de uréia no leite e no sangue das vacas. E o excesso de uréia no sangue ou no leite frequentemente é associado a baixas taxas de concepção e má-formação embrionária em vacas leiteiras, o que não interessa a nenhum produtor de leite, não é mesmo?

Uma forma bastante prática e conhecida de fornecer PS às vacas é através da uréia, que deve ser utilizada com cautela. A uréia é, na verdade, uma fonte de nitrogênio não protéico, altamente solúvel, que os microrganismos da flora ruminal utilizam para a síntese de sua proteína endógena. Dentro do rúmen a uréia é inicialmente convertida em amônia, que por sua vez é utilizada pelos microrganismos como fonte de nitrogênio. O problema da uréia é que, se a quantidade ingerida for excessiva, ou se não houver na dieta quantidade correta de carboidratos prontamente disponíveis para que os microrganismos possam utilizá-los para fixar o nitrogênio fornecido pela uréia, vai haver acúmulo de amônia no rúmen, o que pode ser extremamente tóxico para as vacas, podendo levá-las, em casos extremos, à morte.

Para que a uréia seja utilizada com eficiência faz-se necessária a disponibilidade de carboidratos solúveis em quantidade suficiente para que haja o perfeito acoplamento com a quantidade de nitrogênio disponível, promovendo-se assim a síntese de proteína microbiana. Dessa forma, não há um nível pré-determinado de uréia que irá causar toxidez, o fundamental é que seu fornecimento seja acompanhado de uma boa fonte de carboidratos prontamente disponíveis. De qualquer forma, não é recomendável fornecer mais de 150 g de uréia por dia para vacas em lactação. Ao iniciar o fornecimento da uréia é prudente fazer uma adaptação dos animais, aumentando-se gradativamente a quantidade oferecida ao longo de 10-15 dias.

Além da PS, a maior parte das espécies de microrganismos do rúmen tem requerimentos específicos por certos aminoácidos, o que nos obriga a também fornecer uma boa fonte de proteína verdadeira para as nossas amigas vacas. Diversos trabalhos de pesquisa mostram ganhos significativos em produção de proteína microbiana quando se adicionou uma fonte de proteína verdadeira na dieta, mesmo quando os níveis de nitrogênio livre no rúmen estavam adequados. Dessa forma sempre é recomendável se incluir na dieta de vacas leiteiras, especialmente as de alta produção, ingredientes como farelo de soja, farelo de algodão, ou equivalentes, que são boas fontes de aminoácidos degradáveis no rúmen.

Assim, para que o produtor possa alcançar elevada eficiência em produção de leite, deve prestar muita atenção aos princípios básicos da nutrição protéica das vacas. E isso significa atender as necessidades dos microrganismos do rúmen para que esses possam produzir grandes quantidades de proteína microbiana, que irá se converter na maior parte de proteína metabolizável disponível para as vacas.

Fonte: de Ondarza, M. B. - Your cows need soluble protein - Hoard´s Dairyman, 148(12): 454, 2003.

ALEXANDRE M. PEDROSO

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência Animal e Pastagens, especialista em nutrição de precisão e manejo de bovinos leiteiros

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