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Once-a-Day milking: fazendas da NZ estão optando por ordenhar as vacas uma vez ao dia

POR MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/10/2021

5 MIN DE LEITURA

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#GESTÃO DE FAZENDAS
Mais vitalidade já no primeiro dia pós-parto

Atualizado em 15/10/2021

"O Once-a-Day milking (OAD) consiste em um esquema em que as vacas são ordenhadas somente uma vez ao dia durante toda a estação de produção."
 

Hoje em dia, mão de obra disponível para trabalho em fazendas, foco na qualidade de vida dos funcionários e produtores, assim como o cuidado com a saúde mental dos mesmos, são temas de grande importância que pedem soluções urgentes em terras neozelandesas, por isso algumas fazendas estão mudando a frequência na ordenha de seus animais e temas como "Flexible Milking"  e "Once-a-day Milking" tornam-se cada vez mais populares aqui.
 

O que é Once-a-Day milking (OAD)? 

Once-a-Day milking (OAD) consiste em um esquema em que as vacas são ordenhadas somente uma vez ao dia durante toda a estação de produção.

Segundo Dr Paul Edwards da DairyNZ, hoje, na Nova Zelândia, cerca de 9% dos rebanhos são ordenhados uma vez ao dia durante toda a estação de produção, 52% das fazendas ordenham duas vezes ao dia durante todo o período e o restante das fazendas optam por ordenhar uma vez ao dia no início ou no final da estação, praticado o "Flexible Milking", tema que abordarei no próximo artigo.

Assim como no Brasil, a mão de obra disponível é cada vez mais cara e escassa, portanto, ao adotar o OAD a fazenda oferece aos colaboradores redução na carga horária e melhores condições de trabalho, aumentando a atração de jovens para o setor além de aumentar a retenção dos funcionários nas fazendas, pois resulta a eles maior tempo livre para lazer e família, melhorando também as condições de vida e trabalho do proprietário que geralmente é figura presente nas atividades do dia-a-dia da fazenda.

Do ponto de vista prático, haverá menor tempo gasto ordenhando e menor pressão de trabalho e, por consequência, maior foco e capricho nas outras atividades do dia a dia, como o planejamento e gerenciamento do negócio, ajuste fino no manejo de pastagem e manutenção das benfeitorias, resultando em maior eficiência de mão de obra e redução do quadro de funcionários. A fazenda onde trabalho, por exemplo, dispõe de 4 funcionários fixos incluindo o folguista, para cuidar de tudo em uma fazenda de 1300 vacas, só contratando mais uma pessoa na época de parição.

Melhor aproveitamento das áreas distantes da ordenha e em declive para produzir leite também é um fator que leva produtores a considerar a adoção do sistema, afinal, não é raro que vacas nessas fazendas caminhem de 3 a 4 quilômetros para chegar na ordenha. Estas vacas, com mais tempo livre no pasto, apresentam mais saúde, menos problemas de casco e melhor escore de condição corporal durante a lactação.  

vacas nova zelandia
Fonte da foto: Matheus Lobo

Muitos produtores relatam que as vacas conseguem socializar mais pois elas gastam menos tempo fazendo atividades onde seu comportamento natural é reprimido, como esperar na sala de espera e caminhar pra ordenha.

Em levantamentos de dados de reprodução a LIC mostrou que nos anos de 2014 - 2016 os rebanhos em OAD tiveram uma taxa de serviço 7,7% maior nas primeiras 3 semanas da estação reprodutiva, 10,4% a mais de prenhez nas primeiras 6 semanas de inseminação e no diagnóstico de gestação final a taxa de prenhez foi 7,9% maior que rebanhos em regime de duas ordenhas, colocando os rebanhos em OAD no quartil de rebanhos mais eficientes reprodutivamente da NZ.

Segundo estudos da DairyNZ a demanda animal de nutrientes para mantença reduz em até 10%, e como consequência há possibilidade de um aumento em até 10% na taxa de lotação da propriedade, reduzindo assim o impacto no decréscimo de produção de leite por animal, este efeito compensatório poderá variar muito de acordo com o manejo de cada fazenda.

vacas nova zelandia
Fonte da foto: Matheus Lobo

Como dito acima, o OAD Milking traz consigo uma redução na produção de leite. É demonstrado que essa redução pode variar de 11% (Edwards, 2019), podendo chegar á 20% (Dexcel & LIC 2007), dependendo muito da produção por animal antes da adoção do sistema e manejo da fazenda, sendo a redução na produção menos evidente nas vacas Jersey comparadas as Frísias, confirmando a maior aptidão do Jersey para sistemas OAD.

A CCS dos animais em OAD se mostrou mais alta, na ordem de 20 mil células/ml, mas vale lembrar que o padrão por aqui são fazendas que produzem leite abaixo das 200 mil células/ml (Edwards, 2019).

O que se recomenda por aqui é que o primeiro ponto a se observar antes de adotar o sistema OAD é o produtor avaliar seu custo de produção, (o que de certa forma, já é o habitual por aqui)  pois um custo operacional mais baixo e com uma infraestrutura mais enxuta, reduzirá o impacto econômico da menor receita na venda de leite, justificando assim, essa mudança radical no manejo da fazenda.

Anos onde o preço do leite está alto obriga o produtor a reduzir ainda mais seus custos de produção para reduzir a diferença na margem líquida quando comparado à fazendas que realizam duas ordenhas diárias.

No próximo artigo falarei um pouco sobre Flexible Milking, estratégias onde fazendas fazem 10 ordenhas em 7 dias ou 3 ordenhas em 2 dias, os resultados tem se mostrado bem satisfatórios.

Uma realidade que pode parecer meio sem sentido para muitos produtores brasileiros, até por que os desafios e realidades não são exatamente as mesmas nos dois países, porém, para os desafios encarados pelo produtores neozelandeses o OAD milking e o Flexible milking são alternativas que estão fazendo com que muitos produtores de leite voltem a ter prazer em produzir, aliando qualidade de vida e paixão em produzir leite.

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Autor
Matheus Lobo - Médico Veterinário formado pela UFG Regional Jataí -  Assistant Manager em fazenda na Nova Zelândia.
 

 

Referências

https://www.dairynz.co.nz/milking/milking-intervals/once-a-day-milking/full-season-once-a-day-oad-milking/

https://www.dairynz.co.nz/media/5786969/oad-case-study-leo-vollebregt.pdf

Edwards, J. P. (2019). Comparison of milk production and herd characteristics in New Zealand herds milked once or twice a day. Animal Production Science, 59(3), 570-580.

https://www.lic.co.nz/tips-and-advice/reproduction/once-day-milking-and-reproduction/

https://www.dairynz.co.nz/media/917736/1_milk_production_from_oad.pdf.Dexcel & LIC 2007

 

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Foto: Mateus Henrique Silva Lobo

MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

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BATALHA - ALAGOAS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/03/2022

Com o efeito da pandemia sobre todos os insumos produtivos , até os sistemas mais enxutos e mais flexíveis sofreram , devido o preço do leite não ter acompanhado em mesma proporção os custos de produção !! Os subprodutos muito utilizados nesses sistemas tbm aumentou muito !! Em sistemas de mais baixa produtividade abaixo de 20 litros por vaca se evidenciou muito isso tbm !! Além da perda do poder de compra fora da porteira da fazenda !!
  • (0) (0) RESPONDER
JAIR ZEFERINO DA SILVA JUNIOR

PIÊN - PARANÁ - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL

EM 21/10/2021

bom dia,ótimo texto, concordo, acredito que esta prática contribue com o bem estar animal e do criador, tenho reforçado junto aos criadores a importancia de produzir leite e carne exclusivamente a pasto.
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/10/2021

Obrigado companheiro! Concordo com você, vamos buscar eficiência na produção e colheita de pasto, assim podemos ter liberdade em tomar decisões de manejo assim como esta.
  • (0) (0) RESPONDER
JAIME ALCIR VIEIRA PRESTES

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 19/10/2021

Obrigado por compartilhar suas experiências. Temos tratado um pouco disto no dia a dia da extensão rural. Belo subsídio para a reflexão.
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/10/2021

Obrigado companheiro. Espero ter conseguido passar um pouco de informação da realidade aqui, tenho certeza que se bem usada pode ser de grande valia especilmente para pequenos e médios produtores no Brasil. Logo o artigo sobre Flexible Milking é publicado, fica de olho ai!
  • (0) (0) RESPONDER
LAERMAR PINHEIRO

JAGUARIBE - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/10/2021

Gostei acho interessante pra quem tem pouca mao de obra
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/10/2021

Obrigado companheiro! Exatamente, creio que este sistema pode ser usado em certos casos no Brasil, fica ligado que logo o artigo sobre Flexible Milking será publicado, trazendo uma boa reflexão também.
  • (0) (0) RESPONDER
CAMILLA ARANTES

EM 18/10/2021

Ótimo texto! Mateus Lobo sempre trazendo uma ótima reflexão.
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Muito obrigado Camilla, há muito o que olhar pra Nova Zelandia para podermos ter uma visão diferente sobre a produção de leite, espero aos poucos levar a filosofia neozelandesa pra voces.
  • (0) (0) RESPONDER
ORIALI DALBERTO

DOIS VIZINHOS - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 18/10/2021

Boa tarde! Parabéns Matheus, excelente reportagem! ??????
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Boa tarde companheiro, muito obrigado por ler e por deixar o feedback!
  • (0) (0) RESPONDER
CARLOS OTAVIO LACERDA

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Reflexão interessante
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Obrigado amigo!
  • (0) (0) RESPONDER
RENATA APOCALYPSE NOGUEIRA PEREIRA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Bom saber das tendências de manejo de outros países. Acho q pro Brasil ainda não é uma boa opção pra quem utiliza pouco pasto e mais concentrado. Mas, gostei de ter essa informação.
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Obrigado Renata, vale muito a reflexão, concordo que há muito o que ser repensado nao Brasil para que este sistema funcione bem.
  • (0) (0) RESPONDER
AFONSO VOLTAN

JALES - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL

EM 18/10/2021

Olá, Matheus, bom dia! Muito bom o seu artigo! Nos leva a refletir sobre o tema e avaliar os custos-benefícios econômicos e do bem estar humano e animal. Parabéns!
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Muito obrigado Afonso, exatamente o que me intriga todos os dias aqui, o pensamento do produtor neozelandes por uma série de fatores é muito diferente do brasileiro e do americano. Que bom que consegui levar um pouco de reflexão para vocês!
  • (0) (0) RESPONDER
PEDRO LUIZ NUNES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Muito interessante a reportagem.
Uma realidade bastante diferente da nossa, com um custo e disponibilidade de mão de obra, que levam a procurarem estas alternativas, com redução da produtividade por vaca.
  • (1) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Obrigado Pedro! há muito o que olhar pra Nova Zelandia, desafios um pouc diferentes do que no Brasil, mas em muitos pontos como mão de obra eles vem trazendo soluções muito a frente de qualquer outro país produtor de leite.
  • (0) (0) RESPONDER
IVAN P.O. GOMES

LAGES - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 15/10/2021

Excelente artigo. Porém não estou conseguindo acessar as Referências.
  • (2) (0) RESPONDER
STEPHANIE ALVES GONSALES

MARÍLIA - SÃO PAULO

EM 15/10/2021

Boa tarde, Ivan! Obrigada pelo comentário.

Nós linkamos novamente as referencias, acredito que agora está acessível.
Qualquer coisa estou à disposição. Obrigada!
  • (0) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Obrigado amigo! Espero que tenha conseguido acessar as referências.
  • (0) (0) RESPONDER
EVANDRO GUALBERTO FONSECA

LAVRAS - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 15/10/2021

Muito boa a reportagem
Parabéns
  • (2) (0) RESPONDER
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/10/2021

Obrigado amigo!
  • (0) (0) RESPONDER

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