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O Potencial do sorgo como cultura para produção de silagens - Parte 5/6 - Época para ensilagem (colheita)

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/09/2000

7 MIN DE LEITURA

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João José Assumpção de Abreu Demarchi

Como regra geral, à medida que aumenta o estádio de maturação, as forragens (principalmente as gramíneas ) apresentam um aumento na produção de matéria seca (MS) e um decréscimo na digestibilidade. Entretanto, tanto o milho como o sorgo são exemplos de exceções, apresentando uma digestibilidade mais ou menos constante durante período relativamente longo, permitindo que o corte para silagem seja feito em função de outros fatores relacionados à conservação e à ingestão de matéria seca. O principal efeito da maturidade sobre a composição química da planta de sorgo é que o aumento no teor de matéria seca da panícula, durante a maturação, é o maior responsável pela queda da umidade da planta inteira.

Durante o processo de maturação, do florescimento ao estádio de grãos duros, há uma redução no teor de proteína e na digestibilidade da MS das partes vegetativas das plantas (colmo e folhas). No entanto, neste período, a produção de nutrientes aumenta acentuadamente, principalmente naqueles cultivares de maior produção de grãos, em função da elevada translocação de nutrientes para as panículas. Após o florescimento há um aumento médio de 28% na produtividade de MS até o ponto de máximo acúmulo (28 a 35 dias após o florescimento). Neste intervalo a produção de hastes ou colmos permanece praticamente inalterada e a produção de folhas decresce. Portanto o aumento na produção total é função praticamente exclusiva do acúmulo de MS da panícula.

Alterações na composição química, associados com a maturação e formação de sementes, aparentemente são suficientes para compensar a contínua redução na digestibilidade das hastes (Tabela 1), e portanto, o efeito da maturidade na digestibilidade dos sorgos de baixo conteúdo de grãos parece ser mais drástico que em sorgos de alta produção de grãos.

Tabela 1. Efeito do estádio de maturação na digestibilidade da matéria seca de silagens

Tabela 1


Contudo, há muito tempo se conhecem provas de baixa digestibilidade das sementes de sorgo, onde as perdas de grãos nas fezes podem alcançar 25 a 50% dos grãos ingeridos. A perda de grãos nas fezes de ovinos alimentados exclusivamente com silagem de duplo propósito em diferentes estádios de maturação, foi de 4% no estádio leitoso até 12% no estágio de grãos inteiramente duros, mas a ingestão total de grãos aumentou ou manteve-se constante com o avanço da maturação, mantendo a digestibilidade e o desempenho animal relativamente constantes.

Do ponto de vista da fermentação, parece existir uma amplitude relativamente grande no período de colheita para ensilar. Entretanto, esse período de colheita é muito mais restrito em relação à otimização da produção de nutrientes digestíveis, tanto para o milho como principalmente para o sorgo. Na literatura há uma grande variação no teor de matéria seca e estádio de maturação na hora do corte para confecção das silagens, e diferenças na terminologia empregada para descrever um mesmo estádio de maturação. Os termos "estádio de maturação de massa", "fase de pamonha" e "grãos pastosos", que provavelmente tentam descrever um estádio de maturação onde os grãos são facilmente perfurados pela unha das mãos ou pelos dentes, e o seu endosperma se apresenta com uma consistência pastosa, que não "espirra" quando exposto. Uniformidade parece haver apenas para o estádio de maturação de colheita do milho, onde as recomendações indicam o estádio de grãos com endosperma com consistência de farinha, ou farináceo-duro, começando a conformação dentada, contrastando com a desuniformidade encontrada para o sorgo.

É comum observar silagens de milho sendo produzidas no ponto de pamonha, com grãos no estádio leitoso-pastoso, com 25 a 27% da matéria seca. Esse material, em virtude da alta umidade, admite um parâmetro de fermentação não ideal, caracterizado pelo baixo consumo e pela presença de efluente no silo. Normalmente as plantas nesse ponto, em função da subnutrição a que são submetidas começam a apresentar os pares de folhas basais senescentes, causando a falsa impressão de aumento repentino no teor de matéria seca (MS). O produtor que não dispõe de recursos e tecnologia para a identificação do teor de MS na planta é levado a iniciar o corte prematuramente. Entretanto vários trabalhos mostram que as folhas contribuem somente com 10-15% da MS das plantas, promovendo alterações pouco significativas na MS total.

Para sorgos os resultados experimentais tem mostrado que o corte da planta no estádio de grãos no ponto farináceo no meio da panícula tem ocorrido em teores de MS que variam de 28 a 35%. Essa amplitude se deve à variação entre os cultivares utilizados, sendo que para cultivares graníferos, de baixo porte, nesse momento a planta apresenta boa participação de grãos na MS total, com teor de MS superior a 30%, enquanto que nos sorgos forrageiros os teores são mais baixos em função da menor presença de grãos na massa ensilada. O teor de matéria seca indicado para produção de silagens em silos de concreto é de 30 a 35%, e que tanto o milho quanto o sorgo atingem esta matéria seca no estádio farináceo, mas recomenda que o sorgo seja colhido quando os grãos estão no estádio intermediário pastoso/farináceo, com 27 a 32% de matéria seca, procurando com isso reduzir a grande porcentagem de grãos que não são utilizados quando as silagens são confeccionadas em estádios mais tardios.

A colheita de sorgo para silagem no estádio de grão pastoso a medianamente duro, parece ser o mais aconselhado, onde há uma ligeira melhora na produção leiteira, paralelamente a maiores produções de MS por hectare. Estádios mais tardios de colheita (grão duro) são usados, apesar de 30 a 50% ou mais dos grãos não serem utilizados, além de poder aumentar os riscos de acamamento, ataques de pássaros e uma redução na rebrota subsequente. Cortes anteriores ao leitoso-pastoso não são recomendados já que as silagens frequentemente apresentam-se com baixas porcentagens de MS. Quando se efetua o corte da planta com teores de MS superiores a 38%, há possibilidade de algum resultado positivo quanto à produção de MS por área, entretanto, as perdas a campo são bastante aumentadas através da perda de folhas senescentes e de grãos em função da fragilidade da ligação dos mesmos na panícula. Considerando o uso de silos trincheiras convencionais, as dificuldades de compactação começam a comprometer a qualidade da silagem produzida, devido a aeração no silo. Os altos teores de MS da silagem, em silos trincheiras, frequentemente utilizados no Brasil, não permite a obtenção de densidade, na ordem de 500-600kg MV/m3, necessária para retirada do ar da massa. A presença de ar promove aquecimento do material e aumenta as perdas, inclusive após a abertura dos silos (estabilidade aeróbia).

É um fato confirmado que o conteúdo de matéria seca desempenha um papel muito importante, quer seja aumentando a concentração de nutrientes (facilitando o processo de fermentação), quer seja provocando incrementos no consumo. Tanto o consumo como a produção de leite foram incrementados quando o teor de matéria seca da silagem elevou-se de 25 para 30%. Além disso, silagem de milho com 28 a 38% de MS otimizam a produção de MS por hectare. As produções de leite tendem aumentar em vacas arraçoadas com sorgos colhidos para silagem em estádio mais maduros, devido ao consumo de matéria seca, comparado com silagem de plantas colhidas mais cedo.

Nos híbridos de sorgo de porte médio ou baixo, normalmente o teor de matéria seca se eleva mais rapidamente em função da maior participação de panículas e/ou grãos na matéria seca total. Conclui-se que devido às grandes diferenças entre as variedades e híbridos de sorgo existentes no mercado com relação à porcentagem de grãos, diferentemente do milho que apresenta uma variação muito menor, sugerindo que sorgos com altas porcentagens de grãos sejam colhidos entre os estádios de grãos leitosos e pastosos, sorgos com porcentagens médias entre os grãos pastosos e farináceos e sorgos com baixa porcentagem de grãos no estádio de grãos duros. Essas variações são importantes para que todos sejam colhidos com teores de matéria seca, variável extremamente importante, entre 29 e 34%, mais recomendadas para máxima eficiência nos processos de enchimento e fermentação das forragens ensiladas.

Comentário do autor: Infelizmente o período de colheita é muito reduzido frente ao total de dias (aproximadamente 10 dias), envolvidos no sistema de produção, o que acentua a necessidade de um planejamento rigoroso com relação a um escalonamento de plantio e um dimensionamento de máquinas e mão-de-obra para a ensilagem. A identificação da concentração de matéria seca das plantas no campo é um fator indispensável em sistemas de produção eficientes, que pode ser feito pela identificação do estádio de maturação dos grãos (mais suscetível a erros, principalmente pela grande variação da porcentagem de grãos entre os sorgos) ou pelo uso de microondas, rápido e fácil. Cuidado com o efeito enganoso das folhas secas. Sorgos de mais alta concentração de grãos são colhidos mais cedo, por atingirem 30-35% de matéria seca mais rapidamente, e o inverso é verdadeiro para sorgos forrageiros de porte alto. Esses últimos podem não atingir 30% de matéria seca mesmo com os grãos maduros, mas apresentam boa fermentação, contudo o consumo não é maximizado.

********


fonte: Demarchi, J.J.A.A.; Boin, C.; Braun, G. A cultura do sorgo (Sorghum bicolor L. Moench) para a produção de silagens de alta qualidade. Zootecnia, v. 33, n.3, p.111-136, 1995

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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