Com isso, o ano de 2009 foi encerrado com o preço nominal do cordeiro atingindo o valor de 7,11 reais, permitindo que no período 2001-2009 houvesse um crescimento superior a 100% nas cotações de carne ovina, conforme o Gráfico 1.
Gráfico 1 - Evolução do preço do cordeiro, quilo carcaça.
A tendência observada acima têm-se mantido ao longo do primeiro semestre de 2010, com o preço semestral do cordeiro ficando 8,5 pontos percentuais acima do praticado em 2009, segundo o Gráfico 2, sustentando, dessa forma, o ciclo acelerado de alta que o setor tem experimentado nos últimos anos.
Gráfico 2 - Índice semestral de preço do cordeiro (2009=100).
Contudo, apesar da alta nos preços, o volume de animais abatidos neste primeiro semestre foi 18,2% inferior em relação a 2009 (Gráfico 3), ocasionando uma queda na produção doméstica em função de uma menor oferta de cordeiros de qualidade.
Gráfico 3 - Índice semestral de abates (2009=100).
Como consequência da baixa oferta de cordeiros no mercado em 2010, o patamar das cotações foi elevado nas diversas praças nos últimos meses, alcançado, no presente mês de agosto, o valor recorde de R$ 8,45/kg, no gancho, em Feira de Santana, de acordo com o Gráfico 4.
Gráfico 4 - Evolução mensal do preço do cordeiro em 2010, quilo carcaça.
Essa alta não é apenas um reflexo da retração na produção doméstica, mas também, de uma redução acentuada nas importações de produtos cárneos ovinos, principalmente do Uruguai. Seguindo a tendência de queda iniciada no ano passado, neste primeiro semestre de 2010, o volume das importações caiu quase 40% em relação a 2009, no entanto os valores dos produtos uruguaios aumentaram significativamente, mantendo um resultado negativo de apenas 10 pontos percentuais, como demonstrado abaixo (Gráfico 5).
Gráfico 5 - Índice semestral das importações de produtos cárneos ovinos (2009=100).
Como consequência direta da evidente baixa capacidade de fornecimento uruguaia, os valores de seus produtos apresentaram uma alta acentuada, fazendo com que a carne ovina importada perdesse a competitividade no mercado doméstico quando comparada com o cordeiro nacional, o que fica evidente na Tabela 1, com base em uma cotação média semestral do dólar de 1,7965.
Tabela 1 - Valores FOB para produtos cárneos ovinos uruguaios, semestre.
Com um valor médio no semestre de R$ 7,64, o cordeiro nacional ganha força para competir com praticamente todos os produtos relevantes importados do Uruguai, considerando que o preço sempre foi um ponto que favoreceu a carne ovina estrangeira.
No entanto, esse processo de desabastecimento do mercado doméstico acarreta em comprometimento do consumo, uma vez que a produção brasileira mantêm-se retraída até então e sem condições de tamponar a demanda existente nos grandes centros urbanos.
Apesar de fecharmos o semestre com recorde nas cotações, o prejuízo ao consumo doméstico devido à baixa oferta interna e externa parece inevitável.
Finalmente, chegou a hora de produzirmos!