Nos últimos anos não foram poucas as transformações da cadeia produtiva. A produção sempre aumentou. O notável crescimento da produção de grãos, principalmente da soja, tem sido a alavanca no processo de transformação do agronegócio brasileiro. A expansão das áreas cultivadas de soja “empurram” a pecuária para sistemas de produção mais intensivos e a transformação de insumos em leite e carne de forma economicamente eficiente ocupa rapidamente o lugar da pecuária de baixa produtividade, onde não se consegue produção em escala e padrões mínimos de qualidade para agregação de valor.
A silagem de milho é o principal volumoso empregado nos sistemas mais intensivos de produção de carne e, principalmente, de leite. Dados apresentados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) no 5o Fórum do Milho, durante a Expodireto Cotrijal 2013, revelam que a área de lavoura destinada à produção de silagem é de cerca de 2,25 milhões de hectares, algo em torno de 15% da área total cultivada de milho no país. No estado de Santa Catarina, por exemplo, mais de 60% das lavouras de milho já são destinadas a ensilagem, implicando, entre outros fatores, para a menor oferta de milho grão no estado.
A produção de leite é o principal indicador do mercado de silagem de milho no Brasil. Concentradas nas regiões sul e sudeste do país, é justamente nessas regiões de maior produção de leite que se encontram as maiores áreas de produção de silagem. Na Figura 1 se observa a distribuição geográfica das áreas com maior volume de produção, que foram separadas em quatro grandes regiões produtoras de leite. Nota-se a concentração de bacias leiteiras na região oeste dos estados do sul. Alguns fatores contribuem para essa concentração e o primeiro deles é o tamanho das propriedades. Sem grandes áreas, é preciso diversificar, pois o leite é uma fonte de renda mensal. Além disso, há a organização das famílias. O segundo fator é que os pecuaristas são agricultores natos. Essa cultura de produzir alimentos para o gado faz com que se tenha maior estabilidade e menores custos na produção.
A escolha do híbrido ideal para produção de silagem pelos produtores, cada vez mais, recai sobre a melhor opção agronômica para o planejamento alimentar do rebanho. Fatores intrínsecos à planta como altura, digestibilidade da fibra, textura de grão, etc., tornam-se ainda mais secundários se não estiverem associados a maiores produtividades. Na prática, o produtor precisa produzir mais forragem (silagem de milho e outras culturas sucessivas) na mesma área disponível. Com isso a palavra chave na escolha do híbrido tem sido “precocidade”. Como se pode observar no Gráfico 1, a área plantada de milho safrinha (segunda safra) praticamente dobrou nos últimos 10 anos. Assim, cresce de maneira significativa a produção de silagem de milho proveniente desta segunda safra. Tradicionalmente, temos a segunda safra de milho após a cultura da soja, praticada no oeste paranaense e no centro-oeste do país; a segunda safra de milho em sucessão ao milho, muito comum entre os produtores de leite que precisam de maiores quantidades de silagem ou mesmo grão em pequenas áreas; e, mais recentemente, começamos a assistir a “safinha invertida”, que é o cultivo da soja em sucessão ao milho, prática crescente na região sul.
A colheita mais rápida da lavoura de milho para silagem, além da precocidade do híbrido, tem como desafio a manutenção de condições mais adequadas ao cultivo, principalmente quanto ao controle de pragas e doenças. Nesse sentido, a adoção da biotecnologia por parte dos produtores de leite, principalmente dos pequenos, foi vertiginosa. Com menos recursos técnicos (equipamentos e informações) o cultivo de híbridos mais tolerantes ao ataque de lagartas e resistentes a alguns herbicidas foi a ferramenta encontrada para amenizar os prejuízos na lavoura e melhorar a qualidade da silagem.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de área plantada com transgênicos, atrás apenas dos Estados Unidos, embora a diferença entre os dois países venha diminuindo gradativamente ao longo dos anos. A agricultura brasileira em 2012, pelo quarto ano consecutivo, foi a que mais impulsionou o crescimento mundial da área plantada com variedades geneticamente modificadas, com ampliação de 21% em comparação com o ano anterior. Foram cultivados 36,6 milhões de hectares, um incremento de 6,3 milhões de hectares, segundo o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
Gráfico 1. Evolução da área plantada de milho no Brasil.
Fonte: Pioneer Sementes
A terceirização dos serviços tem sido a forma encontrada pelos produtores para se ter agilidade na colheita da silagem em virtude da menor janela de corte dos híbridos mais precoces. Do ponto de vista financeiro a vantagem para o produtor que contrata esses serviços é a redução nos investimentos para aquisição e custos com depreciação e manutenção dos implementos. Maquinas forrageiras de grande porte (auto-propelidas) têm maior eficiência operacional, possibilitando uma colheita mais rápida dentro do momento ideal para corte, menor tempo para enchimento e fechamento do silo e, eventualmente, maior disponibilidade de tratores para compactação, contribuindo para a qualidade da silagem produzida. Informações levantadas junto as principais marcas e prestadores de serviços revelaram que teremos cerca de 200 máquinas forrageiras auto-propelidas trabalhando na safra de silagem 2013/14. A região sul concentra mais de 60% das empresas prestadoras de serviços de colheita, seguida pelo triângulo mineiro, com cerca de 25%.
Contudo, o segmento onde ainda predomina a terceirização nos serviços de colheita de silagem de milho é o de forrageiras acopladas (ensiladeiras de uma ou duas linhas). Programas governamentais de financiamento vêm promovendo a renovação do parque de máquinas (Gráfico 2), principalmente por pequenos e médios produtores. Levantamentos feitos nos estados do Paraná e Santa Catarina mostraram que mais de 60% da silagem de milho é colhida por terceiros, como patrulhas agrícolas, prefeituras e mesmo outros produtores que prestam serviços. Somente nos últimos três anos, foram comercializadas no país mais de 20.000 forrageiras acopladas e exportadas mais de 5.000 unidades.
Gráfico 2 – Evolução de vendas de tratores e colheitadeiras
Fonte: Pioneer Sementes
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