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O Controle Diário da Mastite

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/12/2009

4 MIN DE LEITURA

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"Eu não tenho mastite". A afirmação é verdadeira porque quem tem mastite é a vaca, não o produtor/pecuarista. Esta frase é comum  ouvirmos em churrasquinhos (aqueles que somos obrigados a participar/são marcados sempre em datas indesejáveis...) e encontros de produtores e, geralmente é proferida pelo mais ignorante dos participantes da "rodinha de conversa mole".
Não há rebanho, no mundo, que não tenha mastite. Contagem bacteriana global muito baixa? Ok, isso é possível. Higiene e disciplina regulam a CBT. E a contagem de células somáticas (CCS/ml)? Todo rebanho tem mastite. Não há escapatória. Cada rebanho com um perfil de problemas. A CCS pode ser controlada e pode ser baixa. Mas sempre haverá a indesejada mastite.
Ao meu ver, o maior desafio inicial é fazer o treinamento da mão de obra para diagnosticar o problema corretamente. O que é mastite? Eis a primeira questão a ser respondida. O que é uma mastite clínica? E uma mastite subclínica? Quando devemos tratar o animal? Como tratar o animal? Em que momento da ordenha tratamos este animal? Com que medicamento devemos tratar este animal? São perguntas que não só o produtor deve saber responder de prontidão como todos os funcionários que realizam as ordenhas devem saber respondê-las ou pelo menos devem receber orientação de pessoal capacitada para que possa agir corretamente. E tais perguntas simples, acadêmicamente falando, tem um "custo" para serem respondidas na prática!
Sabemos que a eficácia do tratamento de casos clínicos de mastite é bastante alta. O mesmo não ocorre com casos subclínicos e contagiosos. O desafio passa a ser maior e é necessário identificar que tipo de patógeno está atuando na propriedade.
Sempre, como todos, tivemos casos de mastite. Felizmente, quase sempre casos ambientais. Em 2007 construímos nosso novo galpão (free-stall) com camas de borracha. Nosso galpão velho (também free-stall) era com camas de areia. Nossa CCS era ao redor de 400 a 600 mil CCS/ml. Quando as vacas trocaram de instalação, a CCS caiu para 280 a 300 mil CCS/ml. Ainda uma CCS alta, mas bem melhor.
Continuamos correndo atrás de melhorias em termos de CCS. Infelizmente, pela primeira vez, em 30 anos de leite, estamos tendo um surto de casos subclínicos, reincidentes e com animais em instalação mais adequada e limpa que a anterior. O que ocorreu. Constantes trocas de equipe de ordenha e queda na constância e qualidade do manejo de ordenha. Agora, estamos colhendo os frutos.
Para solucionar o problema, corremos atrás, fizemos antibiograma (como sempre) e isolamos a bactéria: Streptococcus agalactie. O controle aumentou. Trocamos produtos na ordenha (pré e pós), efetuamos mais treinamentos com a  mão de obra e estamos controlando tudo com afinco. Mesmo trabalhando com o antibiótico cuja bactéria predominante apresenta sensibilidade está sendo difícil alcançarmos bons resultados.
Como sempre, nosso controle de mastite é realizado da seguinte forma:
1-) treinamento dos funcionários: identificação de casos (teste de caneca) e se necessário, confirmação com teste de CMT
2-) toda vaca identificada com mastite não é colocada a teteira no momento da ordenha e é "sequestrada" para ser ordenhada no final da ordenha
3-) a vaca acometida e identificada é ordenhada (esgotada) no final da ordenha e sua teteira não é colocada em outro animal (se necessário a mesma é desinfetata cuidadosamente em solução clorada)
4-) a vaca é tratada e seu teto é anotado e é amarrada uma cordinha (espessura de corda de varal, simples e vermelha) no pescoço da mesma
Eu, pessoalmente, todas as manhãs, checo as anotações (lousa/rascunho) dos funcionários. O funcionário anota a data, ordenha (manhã/tarde/noite), o(s) teto(s) tratado(s) e o medicamento usado. Transfiro, então, as anotações (rascunho) para uma lousa que fica dentro do fosso de ordenha e anoto, de maneira clara e legível os dados acima e efetuo a conta do dia em que o animal poderá retornar ao leite. As mesmas anotações são anotadas no meu palm top para posteriormente migrarem para nosso software de gerenciamento de rebanho (onde todas as ocorrências são anotadas, diariamente).
Esta rotina é diária, sem falhas, sem exceção. O controle é feito por mim como um verdadeiro "herdman" (usando uma expressão americana).
No passado, esta tarefa de anotações, responsabilidade pelo controle do uso de antibióticos e tudo mais era "delegada" a funcionários, supostamente, qualificados. Atualmente, não faço a menor questão de delegar. Desta maneira, controlo melhor, tenho segurança e o "rebanho" na mão. Não há divergências e erros são mais rapidamente identificados. Quando vou "atualizar a lousa" (como chamo tal tarefa), converso sempre com os funcionários sobre os tratamentos, sobre as respostas das vacas aos mesmos, sobre dúvidas e procuro sempre instruí-los da melhor forma possível. Mesmo assim, os resultados são difíceis de serem obtidos.
Este desafio atual, faz com que eu cada vez mais tenha certeza de que gerenciar uma fazenda de leite à distância é praticamente impossível ou muito caro. Gostaria de saber quantas fazendas efetuam controles rígidos de antibiótico, quantas fazendas conseguem mensurar realmente o que está acontecendo com suas vacas... Para resolver nossos desafios, contamos com a equipe de pós-graduação da veterinária da Unesp/Botucatu. Conversando com alguns pós-graduandos, que estão realizando trabalho com resíduos de antibióticos, o quadro é alarmante. Quase todas as propriedaes avaliadas numa pesquisa apresentaram resultados positivos. No entanto, cabe destacar que não são todas a propriedades do Brasil, claro! Obviamente, não sou o único a efetuar um controle rígido. O que aborrece é que além de lutar para resolver desafios diários como o atual da nossa propriedade, encontramos um mercado incapaz de reconhecer a qualidade do leite. Incapaz de separar o que é, efetivamente, leite de qualidade e o que é um caso de saúde pública.
Preciso parar por aqui...daqui a meia hora começa nossa 3ª ordenha do dia e preciso dar "uma corrida" no rebanho (cocho, vacas, funcionários e dar uma olhadinha na lousa...)

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JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/08/2011

Obrigado, Paulo, nosso objetivo é interagir e poder colaborar de algum forma com os demais colegas e profissionais envolvidos com a arte de se produzir leite. "Tirar" leite qualquer um pode ser capaz.... "produzir", no entanto, passa a ser uma outra realidade.

Um abraço, até!
PAULO ROBERTO FALCÃO LEAL

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/08/2011

João Paulo, muito obrigado por sua resposta, aliás mais que uma resposta, uma aula de como fazer. Simples, objetivo, prático e com embasamento científico. Acho que tenho que começar pela lousa.... Grande abraço Paulo
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/08/2011

Paulo,

Um outro importante órgão que você deve pesquisar sobre mastite é o:

National Mastitis Council (NMC).

Recomendo também entrar em contato sobre o tema com 2 importantes pesquisadores/especialistas:

Paulo Fernando Machado (ESALQ-USP)

Marcos Veiga dos Santos (FMVZ-USP)

Um abraço, até!
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/08/2011

Prezado Paulo,

Obrigado pela sua participação.

Não tenho experiência com homeopatia na prevenção e tratamento de mastite. No entanto, costumo buscar sempre fontes de informação seguras para a tomada de decisão sobre o uso de um determinado medicamento ou uso/introdução de um determinado ingrediente e/ou aditivo alimentar em dietas, por exemplo. São coisas distintas, claro (medicamentos x ingredientes), mas o princípio para tomada de decisão é o mesmo (= confiança credibilidade). Desta forma, toda vez que recebo alguma propaganda ou visita de representantes de venda, faço a seguinte pergunta: "em qual(ais) periódico(s) os resultados apresentados e propostos por você, como solução para meus problemas, foi publicado?", ou seja: Quem desenvolveu a pesquisa? Quantos animais foram avaliados? Qual a metodologia utilizada? Os resultados obtidos nos experimentos de avaliação do dado medicamento foram realizados em rebanho comercial ou em centro de pesquisa?

Eu, particularmente, deposito maior confiança em dados gerados/obtidos em trabalhos de campo (pesquisas) em grandes rebanhos comerciais. No Brasil, infelizmente, temos poucos resultados expressivos na maioria das áreas, quando comparamos com a força de trabalhos e instituições de pesquisas norte-americanas (USA), por exemplo.

Para você ter uma idéia, experimentos importantes, são levantados em larga escala. É comum você encontrar trabalhos levantando dados de rebanhos comerciais com 2.000, 3.000, 5.000 ou até maior nº de animais. As pesquisas no Brasil, infelizmente abordam menores espaços amostrais.

Eu costumo ser bem rigoroso na avaliação de trabalhos. Não dou crédito para pesquisa fomentada pela iniciativa privada sem a participação de grandes centros acadêmicos. Por melhor que seja um produto, ele deve ser comprovado e avalizado por Instituições de ensino independentes (Universidades, no Brasil as públicas, preferencialmente). Infelizmente, boa parte do mercado não se enquadra neste quesito.

Se você tiver a oportunidade um dia de visitar a nossa propriedade ou aquelas em que dou assistência técnica na área em que me compete e procurar por medicamentos, ingredientes (dietas) lhe garanto que todos os produtos comerciais implementados ou em uso são produtos comprovados cientificamente e exauridos acadêmicamente falando pelos seguintes periódicos:

- Journal of Dairy Science

- Journal of Animal Science

- Journal of Veterinary Medicine and Animal Health

- Anais da SBZ (Sociedade Brasileira de Zootecnia) - para pesquisas no Brasil

Recomendo que você adquira o hábito de pesquisar sempre em algumas das fontes descritas, acima. Eu, particularmente, costumo trabalhar com produtos com pelo fundamentados em grandes trabalhos e/ou revisões destes órgãos. São trabalhos selecionados no mundo todo, por conselhos científicos/acadêmicos rigorosos que atestam e dão credibilidade ao trabalho publicado.

Esse é o "meu crivo". Espero ter auxiliado de alguma forma.

Um abraço, até
PAULO ROBERTO FALCÃO LEAL

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/08/2011

Caro João Paulo, gostaria de saber sua opinião sobre homeopatia na prevenção e tratamento da mastite. Você tem experiência com esta prática? Agradeço a atenção. Abraço Paulo

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