Gráfico 1. Evolução do preço do cordeiro, quilo carcaça.
Com base nas cotações praticadas na praça de Feira de Santana-Bahia ao longo do período de 2001 a 2010, o cordeiro experimentou uma valorização de nada menos do que 136%, atingindo em 2010 o preço nominal médio de 8,26 reais por quilo de carcaça, refletindo um movimento e uma tendência vivenciada em todas as regiões do país. Desde o ano de 2007, as cotações do cordeiro têm sofrido altas de aproximadamente 11,8 pontos percentuais, havendo um aumento de cerca de 16% em 2010 em relação à 2009 - um dos maiores de todo o período.
O crescimento meteórico dos preços do cordeiro nos últimos anos acentuou a posição de destaque da carne ovina, firmando uma situação de "supervalorização" frente às carnes bovina, suína e de frango, de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1. Preços médios pagos ao produtor, em quilo carcaça*.
O fato da carne ovina ser a de maior preço para o consumidor e da mesma apresentar um processo recorrente de valorização pode conduzir a um aumento na procura por substitutos de menor valor agregado, restringindo o consumo, mesmo estando o perfil do consumidor urbano concentrado nas classes A, B e C.
O processo de alta nos preços do cordeiro tende a se manter em 2011, considerando o período desde o início do ano até o fechamento desde artigo, uma vez que tanto no Rio Grande do Sul - o maior produtor e fornecedor de carne ovina do país - quanto na Bahia, as cotações do cordeiro atingiram novos patamares, incrementando os preços de forma significativa, conforme o Gráfico 2.
Gráfico 2. Evolução mensal do preço do cordeiro, quilo vivo.
Em função da discrepância existente no mercado doméstico entre a oferta restrita de matéria-prima adequada e a elevada demanda nos grandes centros, a curva de preços do cordeiro ao longo do ano tende a acompanhar proporcionalmente a da oferta com aumento dos valores a partir de julho, apresentando pico no último mês do ano.
Na Bahia, em 2010, a cotação nominal do cordeiro atingiu em dezembro 4,24 reais, valor 17,8% acima daquele praticado no mesmo mês de 2009, indicando mais um ano de alta e que se reflete no ano vindouro, o que pode ser confirmado pela evolução mensal dos preços até o mês de maio de 2011, os quais alcançaram um novo platô.
Até o presente momento, os valores praticados em 2011 têm se mantido elevados em relação a 2010, considerando os primeiros quatro meses do ano, de acordo com o Gráfico 3.
Gráfico 3. Índice quadrimestral de preço do cordeiro (2010=100).
No período compreendido entre os meses de janeiro e abril de 2011, houve um aumento de 20,6 e 59,9 pontos percentuais nos preços do cordeiro em relação ao mesmo período do ano anterior, na Bahia e no Rio Grande do Sul, respectivamente, sustentando o processo de valorização da carne ovina no mercado doméstico, o que conduzirá as cotações, mais uma vez, a patamares recordes.
No mercado internacional, os preços da carne ovina também experimentam um processo consistente de valorização devido à contração da oferta por parte dos principais exportadores, como Nova Zelândia e Austrália, e da redução do consumo na Europa, apesar da forte demanda no Sudeste Asiático e Oriente Médio.
A mesma situação tem ocorrido na região do Mercosul, onde os produtos cárneos ovinos importados pelo mercado brasileiro a partir do Uruguai, Chile e Argentina, têm apresentado mais um período de alta acentuada, conforme a Tabela 2.
Tabela 2. Valores FOB para produtos cárneos ovinos uruguaios.
Dentro do período de janeiro a abril de 2011, houve um aumento bastante significativo nos preços dos diversos produtos ovinos em relação ao mesmo período de 2010, especialmente, para os cortes com osso, o principal produto importado pelo mercado brasileiro que compõe tradicionalmente mais de 70% dos embarques.
O mercado doméstico da carne ovina vem experimentando a fase crescente de um ciclo pecuário que tem conduzido os preços a níveis recordes, o que, por um lado, é um grande estímulo para o setor produtivo e industrial investir cada vez mais a fim de atender a demanda e estruturar a cadeia produtiva, mas por outro lado, tende a restringir o consumo pelo alto valor dos produtos no varejo, impactando negativamente a própria demanda já existente e consolidada.
O ano de 2011 promete novos recordes de preços, e que isso se reflita também em níveis recordes de produção, para o bem de todo o sistema agroindustrial da carne ovina!