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Níveis de lactato de bezerros oriundos da transferência nuclear de células somáticas

POR TARCÍSIO MARANIN

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/03/2018

6 MIN DE LEITURA

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Autor do artigo: 

Tarcísio Maranin, Médico Veterinário pelo Centro Universitário de Jaguariúna

A bovinocultura é responsável pela maioria dos clones produzidos comercialmente no Brasil. Estima-se que existam aproximadamente 1.500 animais nascidos pela técnica de Transferência Nuclear de Células Somáticas (TNCS) por todo mundo, e em especial, na América do Norte, Japão, Nova Zelândia, Europa, Ásia e América do Sul (HEYMAN, 2005).

A clonagem ou técnica de transferência nuclear (TN) é uma biotecnia que permite a geração de um organismo geneticamente idêntico ao outro. Para sua execução, retira-se o núcleo de uma célula embrionária ou somática de interesse, e após o mesmo é transferido para um óocito previamente enucleado (CAMPBELL et al.; 1996). Os partos dos clones são frequentemente sujeitos a assistência veterinária, especialmente em virtude do fato de que em muitos casos, não ocorre a sinalização fisiológica do parto na matriz, o que contribui para a ocorrência de um grande número de partos cesáreos, a fim de minimizar a ocorrência de problemas de saúde à matriz e especialmente ao neonato (KOMNINOU, 2008).

Em receptoras prenhas de clone, é comum que a gestação se prolongue. Isto ocorre devido à redução dos níveis de cortisol, que passa a ser insuficiente para o sistema IGF (fator crescimento insulina-dependente), ocasionando alterações no processo normal do desenvolvimento do parto (MATSUZAKI & 2 SHIGA, 2002). Em função disto, mesmo que o feto atinja o final do estágio de maturação, a matriz receptora não sinaliza o parto através de sinais fisiológicos, pois não apresenta a dilatação de cérvix. Nestes casos, o feto pode apresentar sinais de sofrimento fetal, razão pela qual, a cirurgia cesariana passa a ser recomendada (HILL et al.; 1999).

As principais alterações fisiológicas caracterizadas como complicações do período neonatal são observadas nas primeiras horas de vida do clone, entre o parto até 24 horas, e ocorrem, na maioria dos casos, devido a distúrbios de adaptação neonatal que envolvem os sistemas circulatórios e cardiovasculares (MARCHESE, 2014). Deficiências nestes sistemas podem desencadear hipóxia por alterações na circulação uteroplacentária ou por distúrbios do cordão umbilical (SIRISTATIDIS et al.; 2003) e a maioria das perdas gestacionais de clones está associada a estas falhas (WELLS,1999); (HILL et al.; 1999); (BUCZINSKI et al.; 2009). Uma circulação fetal ineficiente pode levar ao quadro de hipoxemia e hipóxia tecidual no clone. Esta ocorrência pode se desenvolver muito precocemente, ainda no parto, e desencadear um estado de sofrimento fetal, que neste caso, será provocado por deficiência placentária (KOMNINOU, 2008).

Nas gestações de conceptos clonados, os placentônios apresentam variados números e tamanhos (MIGLINO et al.; 2007) e na grande maioria dos casos, são maiores em tamanhos e menores em quantidade. Esta alteração acarreta um menor fluxo sanguíneo ao concepto e assim, uma menor passagem de oxigênio, ocasionando sofrimento fetal do clone no pré-parto (BATCHERLDER et al.; 2007). Quando os distúrbios fisiológicos atingem o sistema respiratório, é possível utilizar várias manobras para provocar o início dos movimentos necessários à manutenção deste sistema, a fim de evitar hipóxia e acidose, preservando a vida do clone. Uma destas manobras consiste em estimular os termos receptores localizados na pele do animal, derramando 5 litros (em média) de água a 5°C sobre a cabeça do neonato imediatamente após o nascimento.

Nos casos que as manobras não são suficientes, a respiração espontânea pode ser rapidamente estimulada por administração intravenosa na dosagem de 10 a 400 mg de cloridrato de doxapram (KUMAR, 2009). Estes procedimentos auxiliam o processo de troca gasosa do neonato, diminuindo as complicações ocasionadas pela acidose lática de causa respiratória (BLUEL et al.; 2010), ainda preocupante em clones neonato.

A análise da concentração de lactato plasmático, um metabólico bioquímico, após o parto, pode servir como um importante indicador da ocorrência de hipóxia no clone recém-nascido, uma vez que essa molécula é considerada um marcador de perfusão tecidual. Bioquimicamente, o aumento do lactato refletiria uma intensa metabolização das reservas energéticas, causada especialmente pelo aumento da atividade simpática, derivada do estresse adaptativo ao nascimento (STEINHARDT, 1995). 

Ainda que a produção de lactato ocorra em todos os tecidos, o lactato plasmático representa de forma mais efetiva o derivado dos músculos, cérebro, hemácias e intestino. Entretanto, é importante salientar que há circunstâncias onde seus valores estarão elevados e ainda assim, dissociados a hipoperfusão tecidual (SILVA et al.; 2001), tal como na ocorrência de hipoglicemia ou sepse. Os resultados obtidos após a leitura dos níveis plasmáticos do lactato dos 12 clones estão apresentados na figura 1. 

lactato bezerros

Estudos demostram que o lactato também é produzido pela placenta e distribuído na circulação materna e fetal, contribuindo para o aumento do “carbono” no crescimento fetal (pela metabolização da glicose), o que é bastante positivo, especialmente em função do fato de que a taxa respiratória fetal impõe necessidades de mínimas necessárias de fontes carbono ao feto (HAY et al.;1988).

Conclusão

Nesta pesquisa, foi possível constatar que os níveis plasmáticos de lactato nos indivíduos clones da raça Gir foram superiores aos observados nos indivíduos da raça Nelore, tanto no T=0h como nas próximas 48h após o nascimento. Havendo uma alteração significativa nos níveis de lactato no pós-parto (0h), faz-se necessário a introdução imediata de protocolos médicos que visem impedir o desenvolvimento da acidose respiratória ao longo das próximas horas de vida do clone, diminuindo as perdas relacionadas a este importante quadro metabólico que entre outros fatores, desencadeia hipóxia tecidual e que pode ser fatal. 

Referencias bibliográficas

BATCHELDER, C. A.; BERTOLINI, M.; MASSON, J. B.; MOYER, A. L.; HOFFERT, K. A.; PETKOV, S. G.; FAMULA, T. R.; ANGELOS, J.; GEORGE, L. W.; ANDERSON, G.B. Perinatal physiology in cloned and normal calves: hematological and biochemical profiles. Cloning Steam Cells, v.9, n.1, p.8386, 2007.

BLEUL, U.; BIRCHER, B.; JUD, R.S.; KUTTER, A.P.N. Respiratory and cardiovascular effects of doxapram and theophylline for the treatment of asphyxia in neonatal calves.Theriogenology, v.73, p.612–619, 2010.

BUCZINSKI, S.; FECTEAUR, G.; COMEAU, G.; BOYSEN, S. R.; LEFEBURE, R. C.; SMITH, L. C. Ultrasonographic fetal well-being assessment, neonatal and postpartum findings of cloned pregnancies in cattle: a preliminary study on 10 fetuses and calves. The Canadian Veterinary Journal, v.50; p.262-269, 2009.

CAMPBELL, K. H.; MCWHIR,J.; RITCHIEW, W. A.; WILMUT, I. Sheep cloned by cloned nuclear transfer a culture cell line. Nature, v.380, n. 6569, p. 64-66, 1996

HAY, W. W.; MEZNARICH, H. K.; DIGIACOMO, J. E.; HIRST, K.; ZERBE, G. Effects of insulin and glucose on glucose utilization in fetal sheep. Pediatric Research, v.23, p.281-287, 1988.

HEYMANY. Nuclear transfer: a new tool for reproductive biotechnology in cattle. Reproduction Nutrition Development, v.45, p. 353-361, 2005.

HILL, J. R.; ROUSSEL, A. J.; CIBELLI, J. B.; EDWARDS, J. F.; HOOPER, N. L.; MILLER, M. W.; THOMPSON, J. A.; LOONEY, C. R.; WETSHUSIN, M. E.; ROBL, J. M.; STICE, S. L. Clinical and pathologic features of cloned transgenic calves and fetures (13 case studies). Theriogenology, v.51, p.1451-1465, 1999.

KOMNINOU, R. E. Contribuição ao estudo da hematologia de bezerros da raça nelore, originados por meio da técnica de transferência nuclear de células somáticas (TNCS) – Clonagem, 2008.

KUMAR, P. Applied Veterinary Gynaecology and Obstetrics.1ed. India: International Book Distributing Co., 2009, 363p. 6

MARCHESE, F. J. M. Perfil bioquímico de bezerros da raça nelore, originados por meio da técnica de transferência nuclear de células somáticas (TNCS) – Clonagem, 2014. MATSUZAKI, M.; K. Endocrine characteristics of cloned. Cloning Steam Cells, v4, p.262-267, 2002.

MIGLINIO, M. A.; PEREIRA, F. T. V.; VISINTIN, J. A.; GARCIA, J. M.; MEIRELES, F. V.; RUMPF, R.; AMBROSIO, C. E.; PAPA, P. C.; SANTOS, T. C.; CARVALHO, A. F.; LEISER, R.; CARTER, A. M. Placentation in clonedcattle: Structureand microvascular architecture. Theriogenoloy, v.68, p. 604-617, 2007.

SILVA, E.; GARRIDO, A. G.; ASSUNÇÃO, M. S. Avaliação da perfusão tecidual no choque. Medicina, Ribeirão Preto, v.34, p.27-35, 2001.

SIRISTATIDIS, C.; SALAMALEKIS, E.; KASSANOS, D.; LOGHIS, C.; CREATSAS, G. Evalutionof fetal intrapartumhypoxiabymiddle cerebral and umbilical artery Doppler velocimetrywithsimultaneous cardiotocography andoximetry. Archives of Gynecology and Obstetrics, v.270, n.4, p.256-270, 2003.

STEINHARDT, M.; THIELSCHIER, H. H.; LEHR, A.; LADEWIG, J.; SZALONY, S.; SMIDT, D.; IHNEN, B. Clinical chemical and hematological blood values and adaptations during postnatal life in suckler calves. Deutshe Tierarztliche Wochensschrift.; v.102, p.309-405, 1995.

WELLS, D. N. Animal cloning: current process, challenges and future prospects. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.23, p.86-97, 1999.

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