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Não subestime a importância do sombreamento em instalações de vacas leiteiras

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/09/2000

3 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 01/09/2022

Marcelo Pereira de Carvalho

A utilização de raças especializadas na produção de leite eleva as preocupações com o stress térmico, especialmente na época do ano que agora se aproxima. O experimento aqui relatado foi realizado no free stall da ESALQ/USP, em Piracicaba, com 16 vacas holandesas, nos meses de janeiro e fevereiro de 1993. As vacas apresentavam em média 22 kg/dia e 92 dias médios de lactação. Os abrigos sobre as camas (baias) possuíam cobertura de telhas térmicas de duas chapas metálicas em aço galvanizado, com núcleo de poliuretano, orientadas no sentido sudeste-noroeste, pé-direito de 5,0 m na parte mais alta e 4,4 m na parte mais baixa, permitindo entrada dos raios solares. Os corredores de acesso ao cocho e ao bebedouro eram descobertos.

O objetivo foi comparar a produção de leite, o consumo de matéria seca (CMS), a eficiência reprodutiva, a freqüência respiratória e a temperatura retal de 2 lotes alojados no free stall. Em um dos lotes, os raios solares penetravam nas baias de descanso em algumas horas da manhã e da tarde, notadamente entre 8 e 11 h e 14 e 17h. No outro lado, estes raios foram parcialmente barrados com lonas laterais, de coloração amarela.

O rebanho foi submetido a 2 ordenhas diárias e recebia ração completa, na proporção de 50% de silagem de milho na MS total e 50% na forma de concentrado, incluindo 2 kg/vaca/dia de caroço de algodão. O alimento era fornecido 3 vezes ao dia (6, 12 e 17 h).

Resultados

Os dados climáticos (tabela 1) apontam ambiente potencialmente estressante ao considerarmos que temperaturas acima de 23 a 25ºC, dependendo da umidade, já começam a atuar no sentido de incrementar os mecanismos de liberação de calor por parte da vaca. O índice de temperatura e umidade (THI) mede o efeito conjunto destes 2 parâmetros. Quanto mais quente e mais úmido, pior a condição de stress. Em geral, assume-se que THI acima de 72 começa a estressar os animais. Em apenas 16% dos dias houve ausência de stress térmico, medido pelo THI médio.

Tabela 1. Média diária e amplitude das variáveis climáticas ao longo do período experimental

 

Tabela 1



A tabela 2 abaixo citada mostra os resultados das variáveis avaliadas. Note que houve diferença de 8,1% na produção de leite diária, além de diferenças estatisticamente significativas na temperatura retal, freqüência respiratória e eficiência de produção, indicando este último parâmetro que as vacas com sombreamento nas baias converteram alimento em leite com mais eficiência. Também é interessante que as diferenças na temperatura retal e freqüência respiratória ocorreram inclusive nas medições do período da manhã (entre 8 e 9 horas), indicando que o período noturno, de temperaturas mais baixas, não foi suficiente para recuperar totalmente os animais em relação ao stress térmico. Este aspecto é importante, pois os animais já começam o dia com o organismo mais quente do que o normal.

Tabela 2. Efeito da modificação do ambiente sobre a produção de leite, consumo de MS (em % do PV), temperatura retal, freqüência respiratória e eficiência de produção de leite

 

Tabela 2



Neste trabalho, não houve alteração do consumo de MS, o que contradiz a literatura, que aponta que a principal causa de redução na produção de leite em condições estressantes advém da queda do consumo de MS.

 


Exemplo de baia de free stall com incidência de raios solares (obs: não é o free stall da ESALQ relatado no experimento acima)

Comentário MilkPoint: possivelmente, a diferença de produção neste trabalho ocorreu em função do maior gasto de energia destinado à dissipação de calor nos animais do free stall sem proteção lateral, uma vez que o consumo não se alterou. Também, o animal estressado tende a ruminar menos e ter menor disponibilidade de álcalis no organismo, ambos os aspectos contribuindo para agravar um possível quadro de acidose subclínica, que também irá contribuir para a redução na eficiência alimentar.

Antes de implementar sistemas de ventilação e aspersão, é importante avaliar aspectos como incidência de radiação solar nas baias de descanso dos animais ou em qualquer outro tipo de instalação na qual os animais permanecem por longo período de tempo. O uso de sombrites laterais pode auxiliar. É importante lembrar que, quanto mais alta a produção, maior o efeito e que a radiação solar direta é o principal componente do stress térmico. Pelo trabalho acima, fica evidente que a colocação de proteções laterais aliviou o problema e possivelmente foi economicamente viável. É preciso, no entanto, ficar atento à redução da ventilação.

 

********



fonte: Damasceno, J.C.; Baccari Jr., F., Larga, L.A. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.3, p.595-602, 1998.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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