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Iniciação às comparações objetivas: o teste centralizado

POR OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/05/2007

4 MIN DE LEITURA

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Como comentamos no artigo anterior (ver "Falando um pouco sobre Genética"), a comparação visual de animais nos garante não muito mais do que a escolha do animal mais bonito. Ainda assim, pode haver controvérsias. É por isso que existem os juízes de raças. No entanto, tudo o que os animais viveram anteriormente ao momento do julgamento é desconsiderado. A única exigência é que os indivíduos pertençam a uma mesma categoria. Procura-se também, o animal que melhor se enquadra no padrão da raça, o que também não deixa de ser uma tentativa de se medir a beleza. Como beleza é algo subjetivo, a comparação está sujeita a todo tipo de interferência.

Uma iniciativa bastante simples na direção de tornar as comparações mais objetivas é o teste centralizado. Os testes centralizados de ganho de peso foram criados com a intenção de diminuir os efeitos das diferenças de ambiente. Reduzindo-se esses efeitos, espera-se que as diferenças entre os indivíduos sejam devidas à genética.

Os indivíduos são reunidos num mesmo local, recebem a mesma dieta e ficam sob o mesmo manejo. Ao final de um período estipulado, os animais são comparados com relação ao peso final, ganho de peso e outras medidas ligadas ao seu desenvolvimento. Normalmente as regras impõem que os animais sejam do mesmo sexo, tenham nascido numa mesma época, tenham sido desmamados com idade semelhante e que, chegando ao local do teste, passem por um período de adaptação à dieta e ao ambiente ali vigente.

Este tipo de comparação é, sem dúvida, mais objetivo que o julgamento puro e simples. Há também um fator educativo no teste centralizado, pois os produtores participam de um evento de média duração, onde são feitas anotações zootécnicas e se discutem as formas de comparar os animais. É um exercício importante porque a maior parte dos produtores não anota dados, nem muito menos os avalia, quanto mais, discute as melhores formas de fazê-lo.

Os testes centralizados estão sujeitos a algumas falhas, tais como:

• Indivíduos que chegam com baixo peso podem ter ganho compensatório, o que influi no cálculo do ganho de peso;

• Sempre há uma seleção, por parte dos criadores, antes de mandar seus animais para o teste, o que, mais uma vez, direciona a escolha para os mais bonitos;

• Os testes normalmente são conduzidos com os animais confinados, o que favorece àqueles que têm maior apetite, mas não necessariamente os que têm maior capacidade de conversão;

•Os animais vêm de fazendas com manejos diferentes, o que pode continuar interferindo no desenvolvimento dos animais, mesmo após o período de adaptação. Como exemplo: um cordeiro alimentado desde os cinco dias de vida com concentrados e com acesso a volumosos, desenvolverá o rúmen mais cedo, aumentando sua capacidade de ingestão e de digestão, em vista de um outro que se alimentou por período mais prolongado somente do leite da mãe. No teste, mesmo com a adaptação, o cordeiro alimentado com dieta sólida desde cedo, terá vantagem sobre o outro.

Enfim, há uma série de críticas que podem ser feitas a esse sistema, mas não podemos deixar de considerar sua importância. No Brasil, muitas vezes os testes centralizados têm sido o mais longe que conseguimos caminhar na direção das avaliações objetivas.

Assim como nos julgamentos, os testes centralizados focam a comparação entre os próprios indivíduos, enquanto que o que realmente nos interessa é o que ele pode deixar em sua descendência. É claro que se conseguirmos selecionar os melhores animais e os utilizarmos como reprodutores nos rebanhos, eles espalharão seus genes nas próximas gerações, melhorando-as. A eficiência disso depende, porém, de quanto as características que selecionamos são dependentes dos genes. Isto nos apresenta o conceito de "herdabilidade".

A herdabilidade mede o quanto da variância fenotípica é devida à variância genética aditiva. Ih! Complicou? Vamos tentar trocar em miúdos: se as diferenças entre os indivíduos são causadas parte por sua genética e parte pelo ambiente, a herdabilidade é a medida das diferenças que corresponde somente aos efeitos da genética. O conceito é um pouco mais complexo, pois exige o entendimento do que seja genética aditiva, mas podemos dar um exemplo sem precisarmos nos aprofundar no assunto:

Um carneiro que ganhou, em média, 1 quilo a mais, do nascimento à desmama, em relação aos cordeiros nascidos e desmamados na mesma época e num mesmo manejo, tem a capacidade de passar a metade dessa sua superioridade aos seus filhos. Isto ocorre porque ele, como qualquer outro carneiro ou ovelha, passa somente metade de seus genes aos filhos. Poderíamos dizer que, em média, seus filhos deveriam ganhar ½ quilo a mais que a média dos cordeiros contemporâneos. No entanto, se a característica for definida 30% pelos genes (aditivos) e 70% pelo ambiente, a sua herdabilidade é de 30%, então nossa previsão precisa mudar: 1 quilo (superioridade do carneiro) x ½ ( os 50% que ele passa de genes) x 0,3 ( a influência dos genes na característica de 30%) = 150 g. Isso mesmo, os filhos do tal carneiro deverão, em média, ganhar 150 gramas a mais que seus contemporâneos, do nascimento à desmama.

Assim, para características com alta herdabilidade, a seleção do indivíduo pelo seu próprio desempenho pode ter resultados substanciais. Porém, para as características com baixa herdabilidade o resultado pode ser quase imperceptível.

No próximo artigo, vamos tratar das comparações que envolvem informações de parentes, o que pode nos auxiliar na obtenção de resultados mais seguros.

OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos - Embrapa

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CARLOS SEMIAO RODRIGUES

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - ESTUDANTE

EM 29/05/2007

Procurando por exame andrológico em ovinos e caprinos, deparei com este site que muito me impressionou pelo seu conteúdo informativo para estudantes produtores e curiosos. Parabéns, Carlos.
OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

SOBRAL - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 24/05/2007

Foi mesmo Nilson. Infelizmente desde que o Dr.Daniel Benitez saiu da ARCO não houve mais iniciativas nesse sentido. A ARCO está se modernizando por um lado e perdendo o bonde da história por outro.
Um abraço.
NILSON PAULO MICHEL MISSEL

CIDREIRA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/05/2007

Gostei muito dos dois artigos. Informo que a A.R.C.O. patrocinou por, se não me engano, quatro anos o Teste Centralizado de Desempenho de Cordeiros Tipo Carne, no RS, obtendo a minha cabanha o 1º lugar nos ovinos Texel, no ano de 2000.


Este teste posteriormente foi cancelado por problemas administrativos da associação, mas todas as interferências aqui relatadas, aconteceram no desenrolar desses testes. Foi um tempo bom pois tinhamos algum parâmetro para avaliar nossos animais.

Nilson Missel - Méd. Veterinário - Cabanha São Jorge
OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

SOBRAL - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 08/05/2007

Pois é Gustavo. Como eu disse esses testes são bons como meio de educar e incentivar os produtores a pensarem na seleção objetiva. Apesar de não serem uma ferramenta muito robusta, você comentou muito bem: "mais vale um teste na mão do que um pensamento sobre o assunto flutuando". Um abraço.
GUSTAVO FERNANDO RIBEIRO DE OLIVEIRA

UBERABA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/05/2007

Dr.Octávio R. Morais

Realmente acredito que esses testes centralizados trazem bons resultados, sendo que o manejo desses animais tem que ser igual, confinado com confinado, etc. Concordo que através de uma análise zootécnica podemos melhorar nossas futuras gerações em cordeiro. Apesar de ter vários itens a serem discutidos referente a variações em aspecto genético desse animal, devemos afirmar que "mais vale um teste na mão do que um pensamento sobre o assunto fluando".

Parabéns a vocês, devemos investir no melhoramento genético, aplicando avaliações de campo entre animais, para que possamos crescer no mercado de ovinos que se torna com o tempo cada vez mais competitivo e exigente em qualidade animal.

Gustavo Técnico Agricola. Gestor em Agronegocio

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