Na primeira parte, foi abordado como o estresse pode influenciar na qualidade da carne, tornando-a indesejável para a indústria e consumidor. Mas como isso acontece dentro da propriedade? Responderei a esta pergunta por partes. Vamos abordar neste artigo a importância da alimentação balanceada para se evitar o estresse e melhorar a qualidade da carne. Posteriormente será abordado sobre instalações, manejo e transporte.
Enganam-se quem acha que deva ser dada atenção apenas para a alimentação dos animais na fase de acabamento. Em minha opinião, a alimentação deve ser observada desde a gestação, é isso mesmo! Desde a gestação. Isso, para se evitar um eventual estresse por falta de alimento ou de algum nutriente. Matrizes saudáveis, recebendo alimentação balanceada, cuidados pré e pós-parto sem sofrer estresse físico, químico ou emocional tendem a gerar e parir crias mais saudáveis e pesadas. Este é o diferencial, ou seja: crias mais saudáveis e pesadas implica em menor custo com medicamentos e menor tempo de produção (crescimento, engorda e acabamento). Podem me perguntar, por quê? É simples a resposta, precisamos considerar apenas que:
• A matriz bem nutrida e sem estresse produzirá mais leite, desmamando animais mais pesados;
• Diminuindo o peso ideal de abate pelo o de nascimento, temos quantos quilos o cordeiro deve ganhar até o abate, com essa diferença estabelece uma meta de ganho de peso diário e consegue-se estimar quantos dias terá do nascimento ao abate. Ex: Um cordeiro nasceu com 6 kg e o peso ideal de abate é de 36 kg. Então 36 - 6 = 30. Estabelece que ganhe 0,150 kg/dia. Tem-se que 30 kg ÷ 0,150 kg/dia = 200 dias ou 6,6 meses.
• Maior peso ao nascer = menor tempo de produção = maior giro de capital.
• Menor tempo de produção = abate de animais mais jovens = carne mais tenra = maior qualidade = maior consumo = maior lucro.
Porém, é bom salientar que animais mais pesados não quer dizer obesos e gigantes. O certo é os mesmos desenvolverem fora do útero, mas isso depende muito de nascerem saudáveis. É bom observar, após o parto, o escore das crias para corrigir o manejo nutricional das matrizes, para que não venham ter dificuldades de parto ou que nasçam cordeiros subnutridos.
Como conseguir isto? É fornecer à matriz uma alimentação balanceada de acordo ao seu peso, idade, período de gestação e ganho diário. Neste caso, para formular uma alimentação correta aos animais, eu sugiro que o produtor procure a consultoria de um zootecnista, que é o profissional mais indicado e preparado para a nutrição animal, ou um médico veterinário ou um agrônomo. Procurando-os, eles elaborarão uma alimentação balanceada para cada fase fisiológica e de produção para as matrizes (gestação, lactação e seca) e para as crias (crescimento, engorda e acabamento).
Para produtores que não querem ou não têm condições de fornecer ração balanceada, a sugestão é melhorar suas pastagens - fazer uma análise de solo e posteriormente corrigir o pH com calcário; corrigir a deficiência dos micro e macros minerais (fósforo, potássio e nitrogênio principalmente); plantar gramíneas adequadas, observando o valor protéico, energético e palatabilidade; fazer um banco de proteína com leguminosas; fazer uma capineira; plantar palma; plantar mandioca; fazer silo e não se esquecer de fornecer regularmente um sal mineral de boa qualidade.
Figura 1: A) Banco de Proteína (Leucena), B) Cordeiros consumindo sal mineral
O fornecimento de uma alimentação balanceada e sal mineral aos animais são essenciais para melhorar a qualidade da carne, pois animais bem alimentados são mais saudáveis e têm mais reservas para lutarem contra um possível e inesperado estresse.
Figura 2: A) Plantação de palma, B) Silos
Figura 3: A) Cordeiros de duas/três semanas já consumindo feno e ração, B) Matrizes com um bom escore corporal
Assim, com uma produção mais tecnificada e com a valorização do bem estar animal, ter-se-rá animais acabados em menor tempo, com maior rendimento de carcaça, apresentando carnes mais comerciais e com maior qualidade.