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Influência do ambiente na fisiologia animal

POR LÁZARO SAMIR ABRANTES RASLAN

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/04/2008

6 MIN DE LEITURA

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A comunidade científica mundial tem alertado os governantes e a população sobre as mudanças climáticas e seus impactos negativos sobre o bem-estar humano e dos animais. A Organização Mundial de Meteorologia (OMM) num documento intitulado: Mudanças climáticas 2001: impactos, adaptação e vulnerabilidade; afirmou-se que todas as regiões vão ser afetadas pelos efeitos negativos do aquecimento global, como já era de se esperar, esses efeitos serão mais marcantes em países pobres e subdesenvolvidos (PEREIRA, 2005).

O clima é um fator determinante na produção animal, principalmente devido a interação animal x ambiente. Segundo Neiva et al. (2004) esta interação deve ser considerada para se buscar maior eficiência na exploração animal. O clima pode interagir com os animais alterando suas respostas fisiológicas, comportamentais e produtivas.

Altas temperaturas causam uma insatisfação fisiológica que obrigam os animais a reagirem na tentativa de restabelecer a homeotermia: diminuem o consumo de alimento, diminuem o metabolismo e aumentam vasodilatação periférica favorecendo a dissipação de calor na forma sensível (condução, convecção e radiação). Só que para restabelecer a homeotermia, há um gasto de energia. Ou seja, a energia que seria usada para reprodução e produção é usada para acabar com o estresse térmico, diminuindo assim, o desenvolvimento e produção animal.

Figura 1: Esquema de reações a altas temperaturas
 


Fonte: Arquivos do autor

Os ruminantes para manterem sua homeotermia, requerem a existência de um equilíbrio entre o ganho e a perda de calor com o ambiente, conhecido como gradiente térmico. O animal começa alterar sua fisiologia quando o ganho de calor do ambiente mais o calor metabólico são maiores que a perda de calor na forma sensível. Quando isso acontece, a perda de calor é maior na forma latente, através da sudorese e respiração, desde que a umidade relativa do ar esteja entre 60 a 75%.

Há uma carência na literatura de dados fisiológicos de machos e fêmeas em função do ambiente. Essas diferenças fisiológicas, em função do sexo, dependem muito da espécie, raça, tamanho, idade e estado reprodutivo. Ferreira et al. (2006) encontraram diferenças entre sexo para freqüência respiratória no turno vespertino quando trabalharam com bovinos cruzados, tendo os machos freqüência respiratória menor do que as fêmeas tanto no inverno quanto no verão.

Tabela 1: Médias da temperatura retal (ºC), freqüência respiratória (mov/min) e temperatura da superfície corporal (ºC) antes (manhã) e após (tarde) o estresse calórico, no verão (VER) e no inverno (INV), de bovinos ½ Gir x ½ Holandês.

 


Fonte: Ferreira et al. (2005)

Por sua vez, Silva et al. (2005) trabalhando com bovinos da raça Sindi no semi-árido não encontraram diferenças fisiológicas entre machos e fêmeas.

O conhecimento dessas alterações fisiológicas entre sexo é fundamental na adequação do sistema de produção oferecendo assim, um ambiente confortável aos animais de acordo suas especificações físicas, fisiológicas e comportamentais.

Para avaliação e adequação do conforto térmico de instalações são utilizados alguns índices de conforto térmico (índice de temperatura e umidade (ITU) e índice de temperatura de globo e umidade (ITGU)), que inicialmente foram formulados e usados para bovinos de alta produção e carga genética, podendo desta forma superestimar o estresse dos animais com elevada rusticidade. Por isso, mais pesquisas deveriam ser feitas com várias espécies de animais, inclusive ovinos e caprinos, para adequar estes índices e estimar corretamente se o animal está ou não em ambiente confortável.

Índices de temperatura e umidade (ITU):

Este índice leva em consideração pesos para temperaturas dos termômetros de bulbo seco e bulbo úmido, ou a temperatura do ponto de orvalho, para a relação com o desempenho do animal (KELLY e BOND, 1971).

Os valores do índice podem ser calculados a partir da temperatura de bulbo seco mais uma medida de umidade:

THI = ts + 0,36to + 41,2

Onde:
ts = temperatura do bulbo seco, em ºC
to = temperatura do ponto de orvalho, em ºC
0,36 (constante adimensional)
41,2 (constante adimensional)

Hahn (1985) coloca que:
ITU < 70 = normal
71 até 78 = crítico
79 até 83 = perigo
ITU > 83 = emergência

Índice de temperatura de globo e umidade (ITGU):

Buffington et al. (1981) desenvolveram o índice do globo negro e umidade como uma alternativa à equação do ITU, levando em consideração o efeito combinado da radiação solar - direta e indireta - e a velocidade do vento.
A equação que descreve o BGHI é:

ITGU = Tg + 0,36 Tpo + 41,5

Onde:
Tg = temperatura do termômetro de globo negro, °C;
Tpo = temperatura do ponto de orvalho, ºC.

Os autores citados compararam o ITGU e o ITU, chegando à conclusão de que o ITGU é mais eficiente como indicador de conforto animal do que o ITU, relativamente à radiação solar direta. À sombra, ambos os índices apresentaram valores de mesma magnitude.
O ITGU parece ser um indicador mais exato do conforto dos animais do que ITU, quando estes ficam expostos à radiação solar direta e indireta. Sendo, recomendável para indicar condições de estresse intenso.

A National Weater Service - EUA citado por Baêta (1985) coloca:

ITGU até 74 = conforto
74 até 78 = alerta
79 até 84 = perigo
ITGU > 84 = emergência

Estes índices auxiliam na correção do ambiente que não se encontra de acordo as especificações da espécie. Possibilitam ter um diagnóstico real de desconforto térmico, alertando o produtor e/ou técnico que é hora de realizar alguma providência: retirar os animais dessa área e/ou modificá-la.

Portanto, por tudo posto acima, fica evidente a importância do clima na sobrevivência dos seres vivos. Tendo o conhecimento dos seus efeitos sobre a fisiologia e comportamento, fica mais fácil de corrigi-lo e proporcionar mais conforto e bem-estar, o que favorecerá os animais a demonstrar toda sua potencialidade genética e produtiva.


Bibliografia consultada:

BAÊTA, F.C. Responses of lactating dairy cows to the combined effects of temperature, humidity and wind velocity in the warm season. 1985. 218 f. University of Missouri, Missouri, 1985.

BUFFINGTON, D.E.; COLLAZOAROCHO, A.; CANTON, G.H. et al. Black globe-humidity index (BGHI) as comfort equation for dairy cows. Transactions of ASAE, v.24, p.711-714, 1981.

FERREIRA, F. ; PIRES, M.F.A. ; MARTINEZ, M.L. et. al. Parâmetros fisiológicos de bovinos cruzados subetidos ao estresse calórico. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.5, p.732-738, 2006.

HAHN, G.L Management and housing of farm animals in hot environments.In: YOSEF, M.K. (ed). Stress physiology in livestock. Boca Raton: CRC PRESS, p.151-174, 1985.

KELLY, C.F.; BOND, T.E. Bioclimatic factors and their measurement. In: NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES. A guide to environmental research on animals. Washington, D.C., p.7-92, 1971.

NEIVA, J.N.M.; TEXEIRA, M, TURCO, S.H. et al. Efeito do estresse climático sobre os parâmetros produtivos e fisiológicos de ovinos Santa Inês mantidos em confinamento na região Litorânea do Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.3, p.668-678, 2004.

PEREIRA, J.C.C. Fundamentos de bioclimatologia aplicada à produção animal - Belo Horizonte: FEPMVZ, 2005. 195p.

SILVA, R.M.N.; SOUZA, B.B.; SOUZA, A.P. et al. Efeito do sexo e da idade sobre os parâmetros fisiológicos e hematológicos de bovinos da Raça Sindi no semi-árido. Ciência Agrotécnica. v.29, n.1, p.193-199, 2005.

LÁZARO SAMIR ABRANTES RASLAN

Zootecnista e mestre em produção de ruminantes. Extensionista do projeto Balde Cheio, Agente de Desenvolvimento e Extensão rural do Incaper-ES e Articulador da região norte do Programa Capixaba de Bovinocultura Sustentável.

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VOLCIR NARCISO

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA

EM 20/05/2008

Ótimo artigo devido ao amplo aspecto envolvido!

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