Manter uma superfície seca para os animais na área de cama é importante para garantir o bem-estar animal, refletindo em maior tempo em que as vacas permanecem deitadas (MITEV et al., 2012) e, consequentemente, em maior produção de leite (FERRAZ et al., 2020). Para o sucesso do sistema, podemos citar que uma cama bem manejada (PILATTI & VIEIRA, 2017) e um revolvimento eficiente são imprescindíveis (MOTA et al., 2019).
O revolvimento da cama duas vezes ao dia, enquanto as vacas estão na sala de ordenha (MOTA et al., 2019), é de grande importância, pois visa trazer as camadas secas para a superfície e a umidade da camada superficial será incorporada nas camadas mais profundas (BARBERG et al., 2007), além de incorporar urina e fezes, propiciando a sua condição aeróbia (MOTA et al., 2019) e a atividade microbiana (JANNI et al., 2007). Dessa forma, a degradação do material orgânico (cama e dejetos) proporcionará aumento da temperatura da cama (DAMASCENO, 2020), e consequente secagem da mesma. O revolvimento da cama também é importante para manter uma superfície fresca para as vacas, ao se deitarem (JANNI et al., 2007).
Para revolver a cama são utilizados escarificadores (PEIXOTO et al., 2019), mas também podem ser utilizadas outros implementos como a enxada rotativa (OFNER-SCHRÖCK et al., 2015) e a grade de disco (MOTA et al., 2019). A profundidade indicada para o revolvimento varia de 18 a 24cm (BARBERG et al., 2007) até 25 a 30cm (JANNI et al., 2007), e irá depender da altura da cama (SILVA et al., 2021).
Dessa forma, quanto maior for a quantidade de cama, maior deve ser a capacidade de revolver as camadas mais profundas. No Rio Grande do Sul, a maioria (67%) dos produtores estudados realizam o manejo de 20 a 30cm de profundidade (SILVA et al., 2021). Para BLACK et al. (2013), o funcionamento da cama melhora com o aumento da frequência (até três vezes por dia) e da profundidade do revolvimento, sendo encontradas as máximas temperaturas (em torno de 60ºC) da cama quando revolvidas de 15 a 20cm de profundidade.
Já os escarificadores são os implementos mais utilizados para revolvimento da cama em compost barn. Estes atuam em movimentos mais leves, realizando apenas a abertura de fragmentos na cama e sem a inversão da mesma. Indica-se a sua utilização para camas compactadas e com profundidades maiores (atingem até 40cm) devido as suas hastes. Com isso, a oxigenação melhora, promovendo uma compostagem profunda mais ativa. Cuidados devem ser tomados para não atingir a base da cama e abalar a estrutura da instalação.
Os escarificadores com rolo destorrador na parte traseira também vem sendo muito utilizados, devido a sua capacidade de quebrar os torrões, padronizando as partículas da cama. Também há no mercado escarificadores com triturador, cujo objetivo é triturar os torrões, mantendo as partículas da cama mais finas.
A grade de disco pode ser utilizada para revolver as camadas mais superficiais da cama devido ao seu movimento que corta o material utilizado. Em camas onde a umidade está alta pode ocorrer o acúmulo do material aos discos.
As enxadas rotativas favorecem a incorporação dos dejetos animais e permite uma maior uniformidade da superfície da cama, pois trabalham de 15 a 20cm de profundidade. Através da rotação das lâminas o material da cama consegue ser cortado em frações menores. O cuidado que se deve ter na utilização deste implemento é justamente tornar as partículas muito pequenas, o que pode vir a contribuir para uma maior compactação da cama, devido a maior capacidade de absorver umidade.
A utilização de implementos agrícolas apropriados são de extrema importância para um revolvimento eficiente do material, visando incorporação do oxigênio, e proporcionando o desenvolvimento de bactérias aeróbicas que permitem o processo de compostagem, com o intuito de obter um local seco e confortável aos animais.
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Autoras
Karise Fernanda Nogara - Zootecnista formada pela Universidade Federal de Santa Maria/campus Palmeira das Missões/RS. Atualmente mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná
Queila Tavares - Engenheira Agrônoma formada pelo Instituto Federal do Sudeste de Minas/campus Barbacena/ MG. Mestre em Zootecnia pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná
Maity Zopollatto - Possui graduação em Agronomia pela Universidade de São Paulo, doutorado e pós-doutorado pela mesma instituição em Agronomia [Ciência Animal e Pastagens - ESALQ]. Atualmente é professora adjunta no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná
Referências
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