Levar os animais a exposições regionais, estaduais, ou até mesmo nacionais, é sem dúvida um momento de satisfação para o criador, que vê ali o resultado do seu árduo trabalho durante anos de seleção. Mas, paralelamente, é também uma grande responsabilidade. Todas as vezes que retiramos os animais da propriedade rural onde eles vivem, criamos um elevado estresse, colocando em risco sua saúde.
As normas de biosegurança já foram discutidas em artigos anteriores, mas vale a pena destacar sua importância nesta época do ano, quando vários animais são levados para diferentes feiras, concursos leiteiros e leilões.
A biosegurança pode ser definida como práticas de manejo estratégicas para controlar e prevenir perdas econômicas e sanitárias para a saúde animal e para a saúde pública. Em outras palavras, a biosegurança é a reunião de medidas que previnem a introdução de doenças ou patógenos no rebanho e controlam sua disseminação quando já presentes na fazenda. Estas medidas são úteis tanto para as doenças mais conhecidas tais como a brucelose, a tuberculose e a aftosa - que sempre preocuparam os criadores e técnicos com sua disseminação, e que já causaram grandes prejuízos nos rebanhos nacionais, bem como para as doenças menos conhecidas dos criadores nacionais, mas que sem dúvida, podem também causar sérias perdas para o rebanho, tais como a IBR (rinotraqueíte infecciosa bovina), BVD (diarréia viral bovina) , mastites contagiosas (S. aureus, S. agalactie), doenças de casco contagiosas (verruga de casco, footrot), paratuberculose, Mycoplasma, salmonelose, Rota/Corona vírus, Neosporose.
Quando os animais são levados a eventos fora da propriedade rural, são expostos a caminhões que entram em diferentes propriedades e transportam diferentes animais. Além disso, são expostos a equipamentos utilizados em outros animais e, logicamente, ao convívio com animais provenientes de diferentes rebanhos. Desta forma, quando seus animais voltam à fazenda, eles podem estar trazendo novos microrganismos (tais como bactérias e vírus que causam distúrbios respiratórios), que serão então, disseminados no rebanho.
Todavia, existem várias medidas de precaução que podem ser tomadas para reduzir o risco dos animais contraírem doenças em feiras agropecuárias:
* Transporte os animais no caminhão da própria fazenda. Se a fazenda não tiver seu próprio caminhão, certifique-se que o caminhão utilizado para o transporte na ida e no retorno do evento foi lavado e desinfetado. Existem no mercado produtos indicados para a limpeza de veículos, minimizando a transmissão de doenças;
* Tenha pequenos cochos adequados para o uso em feiras, leve-os da sua própria fazenda, tanto o cocho d'água, quanto o de forragem e concentrado. Caso contrário, lave-os antes de serem utilizados. Uma vez estando na feira, certifique-se sempre que a água e o alimento estão frescos, isso auxilia a minimizar o estresse dos animais;
* Mantenha os animais confortáveis, com cama limpa e, se possível, utilize ventiladores para reduzir o estresse térmico
* Minimize o contato focinho-focinho com os outros animais do evento;
* Tenha seus próprios equipamentos de ordenha e, caso tenha que emprestar a outro participante, lave-os e desinfete-os;
* Evite que os visitantes forneçam alimento aos seus animais. Geralmente, os visitantes tocam em vários animais, e podem, involuntariamente, transmitir doenças com esta atitude;
* Quando retornar à fazenda, isole os animais vindos da feira por duas semanas. Observe-os atentamente, procure principalmente por sintomas respiratórios, oculares, lesões nos cascos e mastites;
* Lave todo o material utilizado na feira (botas, equipamentos, cochos, cabrestos, roupas, etc.)
A primeira vista, estas medidas parecem complexas, mas na realidade, são muito simples quando comparadas com a complexidade de introduzir uma nova doença contagiosa no rebanho. Estabelecendo certos cuidados e treinando seus funcionários para executá-las, as visitas as feiras e leilões tornam-se muito mais seguras e rentáveis. Boa sorte!!
Fonte: Hoard's Dairyman, julho, p.471, 2001.
Onde saber mais: www.ag.ohio.-state.edu/~ohioline/vme-fact/index.html