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Existe correlação entre a condição corporal de vacas leiteiras e a taxa de mastite do rebanho?

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/09/2007

4 MIN DE LEITURA

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Vacas de alto mérito genético normalmente apresentam balance energético negativo após o parto que pode influenciar o sistema imunológico e metabólico. Deficiências crônicas de energia, proteína, minerais ou vitaminas estão associadas com aumento da suscetibilidade a doenças durante esse período. Portanto, cuidados nos momentos que antecedem o parto e durante o início da lactação podem ser muito importantes na prevenção da mastite.

Vacas que chegam ao parto com condição corporal adequada perdem mais condição corporal até o pico de lactação, uma vez que estas reservas são usadas para suportar um balanço energético mais positivo, comparativamente a vacas de escore de condição corporal mais baixo.

A condição corporal é de grande relevância, não importando se estiver abaixo ou acima do adequado. Uma vaca chegando magra ao parto terá sua lactação e reprodução subseqüente comprometidos. Por outro lado, vários estudos têm demonstrado que aumenta a incidência de doenças pós-parto, particularmente problemas como metrites, cetoses e febre do leite, quando as vacas são super-condicionadas (obesas) durante o período seco.

Dentre os vários estudos, um em particular foi realizado na Noruega, em fazendas comerciais envolvendo 192 rebanhos e um total de 3.870 vacas divididas em dois grupos distintos com taxas estáveis de mastite, um grupo com taxa de mastite baixa e o outro grupo com taxa de mastite alta. O estudo foi conduzido com vacas de três anos de idade e produzindo cerca de 6.000 kg de leite ao longo da lactação. Os pesquisadores visitaram as fazendas comerciais durante o período de março de 1999 a fevereiro de 2000, ou seja, desde antes do parto e até que a lactação se completasse.

A comparação das medias de condição corporal dos dois grupos estão apresentados na Figura 1.

Figura 1. Condição corporal media para vacas em diferentes estágios de lactação com alta () ou baixa () taxa de mastite no rebanho.


A letra (S) sobre as linhas de tendência identifica onde ocorreu diferença significante entre os grupos avaliados.

O estudo foi capaz de identificar que vacas com baixa taxa de mastite tiveram significativamente menor condição corporal que vacas com alta taxa de mastite. O escore de condição corporal médio das vacas com baixa taxa de incidências de mastite foi de 3,29, enquanto que foi de 3,38 para as vacas com alta taxa de incidências de mastite. O maior escore foi observado durante o ultimo mês antes do parto, 3,71; e o menor escore foi observado entre o terceiro e o quarto m��s de lactação, sendo este de 3,07.

Neste estudo, ao se comparar as médias de escore corporal entre os dois grupos, observou-se que as mesmas foram significantemente diferentes para alta e baixa infecção por mastite. Um dos efeitos mais significativos do grau de incidência de mastite sobre a condição corporal refere-se ao período compreendido do parto aos dois meses que se seguem na lactação (Figura 1). Outro estudo encontrado na literatura constatou que vacas com alto escore de condição corporal ao parto estavam associadas com altas taxas de infecção do úbere a nível de rebanho.

Embora mais estudos sejam necessários, o escore de condição corporal ótimo para possibilitar boa saúde, desempenho reprodutivo e produtivo durante a lactação a seguir e para as subseqüentes, deve ser acima de 3,25 e abaixo de 4,00, preferencialmente entre 3,5 e 3,75, ou seja, nem muito magra nem muito gorda.

Pelo comportamento do gráfico apresentado (Figura 1), observa-se que as vacas eram muito bem alimentadas, uma vez que o menor escore de condição corporal observado foi de 3,07.

Esse comportamento não reflete a realidade atual em nosso país. No Brasil, principalmente na região de clima tropical, encontramos facilmente vacas chegando ao parto com escore de condição corporal bastante inferior a este. Muito freqüentemente nos deparamos com vacas com apenas 2 ou até mesmo 1,75 pontos na escala de condição corporal. No entanto, quando trabalhamos com vacas em pastagens tropicais, muitos pesquisadores admitem o fato de que tenhamos que conviver com vacas com escores mais baixos que os habitualmente considerados como ideais, dadas as características das nossas pastagens e condições climáticas de nosso país. Esse deslocamento para baixo, no entanto, seria algo entre 0,25 e 0,5 ponto na escala de 1 a 5.

Considerações finais

O resultado mais interessante deste estudo é o fato de existir uma interação significante entre infecção por mastite e condição corporal média do rebanho. Esta variável também está de certa forma correlacionada com o manejo alimentar, em que a freqüência de fornecimento do concentrado e a adequação correta do nível de fibra na dieta, mesmo durante o período seco (pré-parto), tem grande influência.

Os resultados também sugerem que maior atenção deve ser dada à alimentação das vacas durante o período seco, período que afeta metabolicamente e endocrinologicamente o ciclo produtivo da vaca e que é corriqueiramente ignorado pelos pecuaristas. Assim, quando a susceptibilidade por mastite for alta, o manejo alimentar é muito importante para manter a condição corporal das vacas durante o período seco e assegurar uma vaca saudável no prós-parto.

Fonte:

Journal of Dairy Science. 90:4317-4324.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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PAULO MARCOS RIBEIRO DA VEIGA

PASSOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/10/2007

Excelente artigo, reforça a importância do período seco, ou período de transição, que muitas vezes é relegado a segundo plano pelos pecuaristas.

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