A escrituração zootécnica é o conjunto de práticas relacionadas às anotações da propriedade rural, bem como: localização, clima, área de pastagens (nativas ou cultivadas), práticas de manejo geral, como nutricional, sanitário e reprodutivo, além de envolver a produção e comercialização dos diferentes produtos e anotações contábeis; desta maneira poderemos ter um controle mais rigoroso do que acontece dentro na criação de ovinos.
A principal importância desta prática é manter sob controle tudo o que ocorre na propriedade e assim tomar decisões mais precisas, corrigindo erros que por ventura possam acontecer. Num sentido amplo, a escrituração zootécnica consiste no conjunto de práticas relacionadas às anotações da propriedade rural que possui atividade de exploração animal, incluindo os tipos de benfeitorias, máquinas e equipamentos, cargos e folha de pagamento dos funcionários, registro de todo o rebanho e suas categorias.
No sentido restrito, a escrituração zootécnica consiste nas anotações de controle do rebanho, com fichas individuais de cada animal, registrando-se sua genealogia, ocorrências gerais e desempenho. Nestas anotações são registradas as datas importantes na vida do animal, como as ocorrências dos nascimentos e pesos das crias, peso ao desmame e ao abate, coberturas, partos (simples ou gemelar), enfermidades, morte, descarte, entre outras. Quanto mais detalhadas as anotações maiores serão os benefícios extraídos destas informações.
Na maior parte dos estabelecimentos de exploração pecuária no Brasil não se realiza anotações zootécnicas individuais dos animais, muitas vezes, quando se realiza, os dados são pouco usados. Quando os dados anotados não são utilizados da à sensação de trabalho perdido. Esta é uma das razões do abandono da escrituração por parte de proprietários e funcionários.
A escrituração dos dados pode ser de maneira manual ou informatizada, sendo que na manual o produtor utiliza fichas individuais para o registro do desempenho de cada animal e as coletivas para o controle das práticas de manejo, tais como vacinações, coberturas, etc. Essas fichas geralmente são armazenadas em arquivos físicos na propriedade, possuindo um custo menor, porém sendo bem mais trabalhoso.
Na escrituração informatizada, estas fichas estão contidas em programas específicos de computador, sendo que as informações são gravadas e armazenadas no disco do computador, com cópias de segurança (back up), para evitar perdas dos dados. Os benefícios da escrituração informatizada são vários, permitindo maior controle, detalhe e integração da informação, com disponibilização fácil e rápida para o usuário, entretanto geralmente apresentam custos mais elevados e necessitam de mão de obra especializada.
Entretanto, na impossibilidade da informatização, a escrituração manual pode bem atender aos objetivos propostos, desde que tomada de forma prática e eficiente. O mercado disponibiliza hoje diversos programas de gerenciamento de propriedade e estes softwares apresentam várias formas de entrada dos dados, controle e níveis de uso da informação.
A utilização das informações disponibilizadas com a escrituração zootécnica permite ao produtor um gerenciamento muito mais eficiente de seu rebanho e da propriedade como um todo, inclusive facilita o controle do melhoramento genético do seu rebanho. Portanto, as principais vantagens consistem em: conhecer melhor cada um dos animais; identificar aqueles mais produtivos e possíveis problemas que estejam ocorrendo no rebanho muito rapidamente.
Outro ponto positivo é a redução dos custos com alimentação, separando os animais por categorias de produção; identificação de raças, linhagens ou animais mais susceptíveis às enfermidades, além de observar o histórico reprodutivo individualmente dos animais. Também é possível agregar valor aos animais no momento da venda, uma vez que o comprador está adquirindo a certificação individual dos animais, com seu histórico e desempenho, o que torna o produto mais competitivo.
A primeira prática a ser adotada na criação dos ovinos é a identificação dos animais, podendo ser feita com brincos, tatuagens, colares, numeração na lã e/ou chips eletrônicos. A melhor opção é aquela, que o ovinocultor usou e está dando certo, seguindo aquele velho ditado "time que está ganhando não se mexe".
A coleta de dados no curral pode ser manual (cadernetas, folhas avulsas ou planilhas de campo) ou até mesmo eletrônica. Após a identificação dos animais, os mesmos devem ser catalogados, com o máximo de informações possíveis.
Os principais benefícios da escrituração é a maior confiabilidade nos resultados, a identificação de problemas através da visualização de índices e o uso de estatísticas como ferramenta. O uso da escrituração facilita a adoção de um programa de melhoramento genético dentro do próprio rebanho e permite a comparação dos custos x resultados, identificando os melhores e piores animais, além da geração do banco de dados mais representativo, quesito de fundamental importância para o desenvolvimento da ovinocultura no país.
Alguns principais índices avaliados na ovinocultura são: a fertilidade que deverá ter média mínima de 85% (relação entre ovelhas cobertas por ovelhas em acasalamento), a taxa de parição que deve buscar média de 90% (relação entre ovelhas paridas e ovelhas acasaladas); a prolificidade com o objetivo de buscar 150% ou mais (relação entre cordeiros nascidos e ovelhas paridas); a mortalidade com média de 5% (relação entre cordeiros nascidos e cordeiros mortos); a taxa de desmame 95% (relação entre cordeiros desmamados e cordeiros nascidos); a taxa de natalidade 140% (relação entre cordeiros nascidos e ovelhas acasaladas).
Assim, é necessário que aqueles que não realizam as anotações passem a fazê-las, para isto buscando orientações junto aos profissionais e entidades competentes. Por outro lado, aqueles que já o fazem, devem procurar se agregar a outros, buscando maior nível do uso das informações, avaliando os dados obtidos de maneira mais criteriosa, como é o caso da realização de avaliações genéticas.
Diariamente nos deparamos com situações que nos levam a meditar sobre o porquê das coisas darem certo ou não. Geralmente, verificamos que o que deu certo ou o que fez sucesso está alicerçado, de alguma forma, em controles bem estruturados e suficientes que permitem a realização de ações, adequadamente planejadas e necessárias para a obtenção do resultado desejado.
O nosso dia a dia está estruturado em ações que nos movem e faz a vida acontecer, sejam eles sucessos ou fracassos, dependendo de como foram realizadas as ações, em resumo se tudo foi bem planejado, organizado, controlado e adequadamente executado o resultado será o sucesso. Caso contrário, possivelmente fracassaremos, no mundo da ovinocaprinocultura ou dos negócios, não pode ser diferente; se não houver planejamento, organização, controle e gerenciamento, com certeza o fracasso irá acontecer
Vamos primeiro fazer o possível e mais fácil, deixando o impossível para depois. Jamais conseguiremos melhorar aquilo que não podemos medir.
Figuras 1 e 2 - Colar de identificação e jogo de números para identificação com tinta ou marcação a frio.

Figuras 3 e 4 - Tatuador para ovinos e reprodutor da raça Suffolk com brinco de identificação.

Figuras 5 e 6 - Leitor eletrônico para ovinos e pesagem dos ovinos em balança eletrônica.
