Nesse sentido, além da idade ao primeiro parto, o intervalo entre partos (IP) é outro índice que possui grande impacto sobre a produção de cordeiros e sobre a disponibilidade de animais para venda.
O intervalo de partos refere-se à média de dias entre dois partos consecutivos de cada animal ou de um lote. O IP é um índice que depende de duas outras variáveis: o intervalo entre o parto e o 1o estro e o número de serviços/concepção, porém não é tão exato para medir a eficiência reprodutiva do rebanho, pois não inclui fêmeas com apenas um parto, inférteis e/ou descartadas. Contudo, quando dentro de valores aceitáveis, é um excelente indicador de fertilidade.
No entanto, como o intervalo de partos é dependente do intervalo entre o parto e o 1o estro e do número de serviços/concepção, e considerando que a duração da gestação na espécie ovina é de cerca de 150 dias, o período de serviço - intervalo de tempo entre o parto e a nova concepção - varia de 66 a 90 dias em sistemas acelerados de parição, sendo este o tempo disponível para que ocorra a involução uterina, o retorno da atividade ovariana cíclica e a concepção.
Para tanto, o sucesso nesses sistemas é estreitamente dependente de um programa nutricional e de um manejo alimentar de excelência, principalmente no sistema Cornell STAR.
Como um reflexo direto do período de tempo existente entre duas parições consecutivas, quanto menor o intervalo de partos maior o número de parições ocorridas dentro de um rebanho ao longo do tempo e, consequentemente, maior o número de cordeiros desmamados ou produzidos anualmente.
Dessa forma, o sistema de parição pode ter grande influência na taxa de desfrute do rebanho, especialmente, quando o fenômeno da estacionalidade reprodutiva - marcante em alguns grupos genéticos ovinos em determinadas épocas do ano - é superado, parcial ou completamente.
Nos sistemas extensivos ou tradicionais de produção, principalmente na região sul e sudeste, os rebanhos apresentam apenas uma parição por ano concentrada na estação da primavera. Esse sistema confere um IP igual ou superior a 12 meses, considerando que, geralmente, em condições extensivas de criação, as ovelhas que não foram fecundadas na estação reprodutiva atual permanecem no rebanho e estendem o IP médio apresentando, no ano vindouro, um IP de 24 meses. Assim, a produção de cordeiros fica comprometida e a produção do sistema minimizada.
Já em sistemas de produção onde há um processo de intensificação do manejo reprodutivo, com a implementação de programas acelerados de parição do tipo "5 em 3" (Cornell STAR) ou "3 em 2", o IP médio do rebanho se mantém entre 7,2 e 8 meses, respectivamente, o que aumenta grandemente a disponibilidade de animais para venda, conforme a Tabela 1.
Tabela 1. Produtividade em sistemas acelerados e tradicional de parição

Como observado acima, a Tabela 1 simula a produtividade (em termos de número de animais abatidos por ano) de sistemas de produção com apenas uma parição por ano (IP 12 meses), 3 parições em 2 anos (IP 8 meses) e 5 parições em 3 anos (IP 7,2 meses - sistema Cornell STAR).
Com a redução do intervalo de partos de 12 para 8 meses há um incremento de 50% na quantidade de animais disponíveis para abate, incluindo cordeiros e ovelhas de descarte. Por sua vez, quando o IP é reduzido de 12 para 7,2 meses, os ganhos são da ordem de 66%, havendo um incremento de 11% quando o IP é reduzido de 8 para 7,2 meses.
Em relação aos sistemas tradicionais onde o intervalo de partos é igual ou superior a 12 meses, os sistemas de parição que buscam um IP inferior ou igual a 8 meses viabilizam a produção anual de um maior número de cordeiros, otimizam a utilização dos reprodutores, produzem mais gerações em um menor período e promovem uma maior rentabilidade.
Quando o rebanho de cria é dividido e manejado na forma de lotes ao longo do ano pode-se reduzir o total de capital investido ou imobilizado na atividade, uma vez que é possível diminuir o número de reprodutores no rebanho e dimensionar instalações menores para as fases de recria e terminação de cordeiros. Além disso, permite uma oferta regular de animais para abate, distribui melhor as receitas ao longo do ano, otimiza o trabalho da equipe operacional da empresa e reduz os riscos inerentes à produção.
Assim, a redução no intervalo de partos é mais uma estratégia potencial, do ponto de vista de eficiência reprodutiva para elevar a produtividade dos sistemas de produção em sua expressão final, ou seja, taxa de desfrute.
No próximo artigo, estaremos abordando a prolificidade sob a mesma perspectiva.
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