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Efeito do tamanho das partículas da dieta no desempenho de vacas em lactação

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/02/2003

4 MIN DE LEITURA

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As diferenças nas quantidades e propriedades físicas da fibra podem afetar a utilização da dieta e, por conseqüência, o desempenho animal. Quando muita fibra é incluída na ração, a densidade energética diminui, a ingestão é reduzida e a produtividade cai sensivelmente. Ao contrário, se a quantidade de fibra na dieta for muito reduzida, uma variedade de sintomas pode ocorrer, variando desde a alteração no padrão de fermentação ruminal até mesmo uma acidose aguda, que pode levar o animal à morte.

No caso de vacas em lactação, esta adequação se torna ainda mais crítica já que é do conhecimento geral que a ausência de quantidade adequada de fibra conduz a uma série de distúrbios e interfere na composição do leite, na maioria das vezes, com drástica diminuição de seu teor de gordura.

O ponto chave na determinação da quantidade de fibra da dieta normalmente é sua densidade energética. Considerando que a fibra via de regra é menos fermentável que o amido e açúcares, é de se esperar que o conteúdo de energia fermentável de uma dieta aumente à medida que se reduz a quantidade de fibra dessa dieta. Somado a isto, dietas com altos níveis de fibra impõem maior tempo de permanência no rúmen para que a fermentação se processe. Na maioria dos casos, este enchimento ruminal diminui significativamente a capacidade do animal consumir matéria seca, que tem estreita relação com o nível de ingestão de nutrientes e o desempenho animal.

Devido a toda sua importância e complexidade, a porção fibrosa das dietas de ruminantes vem sendo estudada há muito tempo. A dificuldade no entendimento desta questão decorre de vários fatores, dentre os quais talvez se possa citar as incontáveis possíveis interações entre as características físicas e químicas da fração fibrosa e destas com os demais alimentos.

Um interessante trabalho realizado na Universidade Federal de Viçosa estudou o efeito da diminuição do tamanho das partículas de feno de uma dieta no desempenho de vacas em lactação.

Dez vacas Holandesas (7/8 e PC) foram estabuladas individualmente e receberam rações em mistura completa (90,3% de MS; 12% de PB; 27,7% de FDN), constituída de feno de Tífton (50,4%) e concentrado à base de milho e soja (49,6%). O feno foi triturado em moinho comercial com peneiras de malhas de 3,2; 4,8; 7,9; 15,9 e 25,4 mm, e amostras de cada moagem foram submetidas ao separador de partículas da Penn State, para determinação do perfil de distribuição das partículas. Constituíram-se 5 tratamentos, com diferentes proporções de feno moído nas diferentes peneiras, conforme a Tabela 1.



Os resultados indicaram que os consumos de ração e nutrientes e a conversão alimentar não foram afetados pelos diferentes perfis granulométricos das dietas (tabela 2). Estes resultados são bastante interessantes já que o experimento partiu da hipótese que o perfil da fibra da dieta poderia ter reflexos sobre o tempo médio de retenção da digesta e, assim, ter significativo efeito sobre o consumo da ração.



Os autores argumentam que estes resultados podem ser considerados normais, uma vez que as dietas eram isonutricionais; sendo assim os níveis de energia e FDN não poderiam ter influência sobre o consumo de matéria seca e demais nutrientes nela contidos. Acrescentam ainda que os experimentos sobre fibra efetiva existentes na literatura muitas vezes confundem os efeitos físicos e químicos da fibra dietética, já que, no intuito de formular dietas com diferentes níveis de fibra efetiva, o que se faz é substituir forragem por grãos ou subprodutos fibrosos, cujos carboidratos têm sua digestão mais fácil (pectina e amido, por exemplo), já que o objetivo final quase sempre é maximizar o desempenho animal (garantindo sua saúde e a composição do leite através de um mínimo de fibra efetiva).

Em relação ao desempenho produtivo, os dados médios indicaram que houve efeito (P<0,05) do perfil granulométrico da fibra das dietas, notando-se que aquelas alimentadas com dietas elaboradas para conter um perfil intermediário de fibra apresentaram tendência a produzir mais leite. O teor de gordura do leite aumentou de forma diretamente proporcional ao tamanho das partículas de fibra, muito embora a quantidade de gordura não tenha diferido entre os tratamentos.

Comentário do autor: este estudo é interessante por mostrar a dificuldade de se determinar o correto nível de fibra da dieta, que deve permitir o máximo desempenho, sem afetar a composição do leite e a saúde do animal. A tendência a maior produção de leite nos níveis intermediários de fibra indica que algum fator interferiu no aproveitamento da dieta, já que o consumo foi semelhante entre os tratamentos. Ainda não se tem um parâmetro suficientemente seguro (quantidade de FDN, FDA, nível de fibra efetiva) que, sozinho possa garantir bom resultado. Na realidade as possibilidades de interação entre os fatores físicos e químicos são tão grandes que talvez se possa dizer que não existe sequer um conjunto de parâmetros que possa dar resultado inquestionável (existem ainda interações com o manejo e o ambiente). Isso é o que exige ainda um certo grau de "experiência" na formulação de dietas.

Fonte: Bezerra, E. S. et al. 2002. Efeito do Perfil Granulométrico das Partículas Dietéticas sobre Parâmetros de Desempenho de Vacas Leiteiras em Lactação. R. Bras. De Zootecnia, 31(3):1511-1520.

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