Todas essas tecnologias foram possíveis através de parcerias com empresas e participação dos acadêmicos, colaborando com tais práticas do manejo reprodutivo. O projeto da cabanha UNIMAR focado na ovinocultura tem como objetivo formar novos empreendedores (alunos da universidade).
A partir de 2008 foram adquiridas 1.100 ovelhas comerciais, além dos 300 animais da raça Suffolk já existentes (utilizados como terminadores para melhorar a qualidade da carcaça dos animais do rebanho comercial). Hoje a Cabanha UNIMAR está com 3.000 animais entre elite e comercial e com uma parceria com o Grupo Marfrig.
Associado a essa história, não podemos esquecer da contribuição dos "cães de pastoreio", que exercem função de extrema importância, auxiliando na condução dos rebanhos. Além disso, a utilização dessa ferramenta trouxe grandes benefícios econômicos, pois antes da introdução do cão de pastoreio precisava de 3 a 4 funcionários para conduzir o rebanho, e hoje apenas um condutor consegue levar de 1.000 a 1.500 ovelhas, sobrando tempo para os demais realizarem outros manejos no rebanho.
Antigamente existiam relatos sobre o uso de cães de gado, que trabalhavam de forma autônoma, sendo independentes das pessoas, enquanto que os cães de pastoreio na atualidade trabalham sob o comando do proprietário ou pastor, fazendo todas as práticas de manejo necessárias.
A raça mais usada para pastoreio é o Border Collie que foi desenvolvida no século XIX, no norte da Grã-Bretanha; e trabalhava junto com os criadores de ovelhas demonstrando incrível capacidade no trabalho. Na época já eram selecionados os reprodutores pelo seu desempenho no pastoreio e não por sua aparência.
Josuel (Zuza), que trabalha a dois anos na Cabanha UNIMAR e é adestrador desde que o Border Collie foi introduzido no Brasil, afirma que "não consegue trabalhar com ovinos sem a presença do cão de pastoreio, pois eles, além de serem companheiros, colaboram no manejo dos animais, tanto na pastagem como no curral. Os primeiros cursos realizados para os adestradores de cães de pastoreio no Brasil eram oferecidos por ingleses, irlandeses, americanos, entre outros. Hoje já temos bons adestradores no Brasil graças à dedicação de várias associações", afirma Zuza.
A primeira associação brasileira criada foi a AGBC (Associação Gaúcha de Criadores de Border Collie), em seguida foi a ABBC (Associação Brasil Border Collie), posteriormente a APPAS (Associação Paulista de Pastoreio). No ano de 2010 foi fundada mais duas associações, em setembro a ACOPAS (Associação Centro Oeste de Pastoreio), em Campo Grande/MS e no mês de outubro foi fundada a APOP (Associação de Pastoreio do Oeste Paulista), no município de Presidente Venceslau/SP.
Com essas associações nacionais unidas, todas com site próprio e total independência da realização das suas provas foi um dos motivos do grande avanço dos cães de pastoreio no Brasil. A Cabanha UNIMAR esse ano sediou a V Etapa da APPAS, inclusive a Prova de Doble Lift, (Duplo Levante, sendo no padrão internacional de cães pastoreio) que foi julgada pelo Inglês Mr. Dick Roper - membro do ISDS (Sociedade Internacional de Cães de Pastoreio), além de gerente de uma fazenda, que possui 5500 ovelhas e em torno de 600 bovinos.
Considerações finais
O uso de cães pastoreio é imprescindível na ovinocultura e também na bovinocultura, principalmente em rebanhos maiores, bem como para a condução na pastagem como no manejo dentro do curral, proporcionando bem estar animal, além da facilidade de manejo.
Figura 1 - Manejo com o cão de pastoreio no Curral Australiano da Cabanha UNIMAR.
Figura 2 - Rebanho comercial manejado com cães de pastoreio (fonte Ed Dourado, 2010).
Figura 3 - Campeonato Double Lift na Cabanha UNIMAR (Campeão Edvaldo).