Diagnóstico: colheita de amostras
Para o diagnóstico preciso de um caso de brucelose, deve-se levar em consideração uma boa colheita de amostras. A seguir são descritos alguns aspectos em relação à esta colheita de amostras.
As amostras devem ser colhidas e acondicionadas em sacos plásticos em seguida congeladas e transportadas sob refrigeração 4ºC, providenciando a chegada até o laboratório mais próximo no período máximo de 72 horas.
Carneiro: a colheita do sêmen deve ser realizada com auxilio de vagina artificial. No caso do carneiro não ser treinado, recomenda-se o uso de eletroejaculador e coleta do material na cavidade prepucial com auxilio de zaragatoas.
Pode-se ainda adotar a monta natural, que consiste em deixar o carneiro introduzir e ejacular na cavidade vaginal de uma ovelha em cio e em seguida coletar o sêmen da cavidade vaginal e acondicionar em frascos previamente esterilizados.
A cavidade prepucial é um local que normalmente é colonizado por bactérias oportunistas, recomenda-se também uma higienização, primeiramente se faz corte dos pelos próximo ao óstio do prepúcio, seguido de uma lavagem da cavidade com salina e a secagem externa do local com papel toalha.
Ovelha: deve ser realizada uma higienização do úbere e das tetas para coletar-se o leite. É importante que sejam descartados os primeiros jatos e que seja colhido de cada metade um volume de 10 a 20 ml.
No laboratório, o leite deve ser centrifugado a 2000 rpm por um período de 15 minutos, tendo cuidado de manter os frascos fechados Desta forma, evita-se a disseminação de aerossóis, o sobrenadante (creme) e o sedimento devem ser semeados em meio sólido em porções separadas da placa.
Caso for utilizar amostras oriundas de subprodutos como por exemplo queijo e derivados deve-se proceder tratamento diferenciado de acordo com as recomendações do Manual de Métodos Microbiológicos Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
No caso da morte do animal, ou aborto, sob suspeita de brucelose, é também importante proceder a necropsia logo após a morte dos animais. A seguir são descritos alguns dos materiais de eleição conforme o animal acometido.
Carneiro: epidídimo, vesículas seminais, linfonodos ingüinais, esplênico, pré-femural, pré-escapular e testicular.
Ovelha: placenta, secreção uterinas, leite e linfonodo supra-mamário.
Feto abortado: conteúdo do estômago, pulmão.
Diagnóstico: exames laboratoriais
Análises laboratoriais devem ser realizadas para confirmar a doença, sendo empregados métodos direto e indiretos.
Método direto: isolamento da Brucella ovis a partir de amostras de sêmen, tecidos, descargas vaginais e leite.
Métodos indiretos: empregam-se diferentes testes sorológicos, dentre os quais:
Teste de imunodifusão em ágar gel (IDGA):
É o teste amplamente utilizado no Brasil e consiste em utilizar antígeno composto de proteínas e lipolisacarídeos, extraídos de B. Ovis amostra Reo 198.
A leitura do teste deve ser realizada com base no soro padrão, observando-se as linhas de precipitação. As reações observadas usualmente são negativa e positiva.
Reação negativa : Não há linhas de precipitação entre o antígeno e os soros do teste
Reação positiva: Há formação de linhas de precipitação entre o antígeno e os soros do teste. A seguir está representado um esquema de um exame de IDGA (Fig. 1).
Figura 1. Esquema de colocação dos soros suspeitos (2, 3 , 5 e 6), soro padrão positivo (1 e 4) e antígeno (A) na roseta.
Teste de ELISA:
Utilizado principalmente nos Estados Unidos da América, principalmente na fase de erradicação da doença nos rebanhos, no entanto, não permite diferenciar anticorpos vacinais dos de doença.
Controle
Um dos primeiros objetivos no controle é identificar animais positivos, para evitar que a doença se espalhe rapidamente no plantel de carneiros e ovelhas. Deve-se proceder o isolamento dos ovinos por meio da formação de dois rebanhos, o primeiro de carneiros e ovelhas jovens sorologicamente negativos e o segundo de carneiros e ovelhas adultas formado por animais suspeitos.
Os animais infectados com sorologia positiva e sinais clínicos compatíveis, devem ser abatidos em frigorífico com inspeção oficial e deve-se realizar colheita de material para análise laboratorial.
A vacinação é recomendada para fêmeas jovens com 2-3 meses de idade, principalmente em rebanhos nos quais a prevalência é alta. A vacina produz boa proteção e níveis de anticorpos persistentes no soro, entretanto não deve ser aplicada em ovelhas prenhes e em lactação.
Tratamento
São indicados antibióticos de longa ação, tais como, a oxitetraciclina na dosagem de 20 mg/kg de peso vivo de 24 em 24 horas durante 3 dias. Outra alternativa consiste na administração de dihidroestreptomicina na dosagem de 20 mg/kg de peso vivo, por via intramuscular, de 12 em 12 horas por um período de 3 a 4 dias.
Deve-se também levar em conta que em uma população de ovinos com epididimite, podem ocorrer enfermidades causadas por uma variedade bactérias oportunistas como por exemplo: Actinobacillus, Haemophilus, Moraxella e Pasteurella spp.