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Avaliação do manejo nutricional: o negócio é observar as vacas! - parte 3

POR ALEXANDRE M. PEDROSO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/05/2006

4 MIN DE LEITURA

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Finalmente chegamos à terceira e última parte dessa série de artigos sobre a avaliação da alimentação das vacas. Neste radar vamos falar da avaliação das fezes e dos alimentos, e como isso pode ajudar na tomada de decisões na fazenda.

Avaliando partículas de alimentos nas fezes

Partículas nas fezes nos indicam quão bem os alimentos foram digeridos, mas pode ser difícil identificá-las. Para realizar essa tarefa é preciso lavar as fezes:

• De cada lote de vacas colete amostras das fezes de 4-5 vacas diferentes. Tente fazer uma seleção baseada na aparência das fezes, mas que seja bem representativa de todo o lote. Certifique-se de que as amostras não estejam contaminadas com alimentos ou material de camas.

• Pegue uma peneira de cozinha com cerca de 15-20 cm de diâmetro e malha de aproximadamente 1,5 mm. Por razões óbvias esta peneira não deve retornar à cozinha!

• Coloque cada amostra na peneira e faça uma lavagem cuidadosa sob uma torneira de água corrente, até que a água que escorre abaixo da peneira esteja completamente cristalina. Feche a torneira e coloque o material que sobrou sobre um pano ou folha de papel, de forma que possa fazer uma comparação entre todas as amostras.

Agora é hora de fazer algumas observações

Se houver partículas de fibra nas amostras, essas têm mais de 1,2 mm de comprimento? Há caroços de algodão ainda contendo línter? Há partículas de alimento que ainda mantém sua coloração original? (forragem ainda verde, por exemplo) Há muitos grãos inteiros? Há muitas partículas de milho moído, ou outros grãos e subprodutos presentes?

Todas essas coisas indicam mal funcionamento do rúmen, pois há presença significativa de alimentos não digeridos. Logicamente essa é uma avaliação qualitativa, de forma que é preciso "calibrar" um padrão para saber os níveis aceitáveis ou não das ocorrências acima.

É importante destacar que a efetividade de fibra necessária para manter o rúmen em bom funcionamento não se relaciona apenas ao tamanho das partículas, mas a uma série de fatores que afetam a taxa de digestão dos alimentos. Um exemplo clássico disso é o fato de que a FDN de gramíneas ser digerida mais lentamente do que a FDN de leguminosas.

Como permanece no rúmen por mais tempo, a FDN das gramíneas via de regra é mais efetiva que a FDN das leguminosas, independente do tamanho das partículas. Isso significa que é necessária uma maior quantidade de uma FDN altamente digestível para fornecer a mesma quantidade de FDN efetiva em relação a uma FDN de digestibilidade inferior.

Avaliando os alimentos

• Na sala de ração ou nos galpões de armazenamento há alimentos mofados ou deteriorados?

• Aparentemente há algum material contaminante no meio dos alimentos?

• Quando chega um carregamento novo de um alimento qualquer, a carga antiga é colocada na frente da nova para ser usada primeiro?

• Os alimentos estão sendo utilizados dentro do prazo de validade, de forma a evitar deterioração?

• No caso do uso de silagens, os silos são manejados corretamente, mantendo-se faces limpas e planas?

Esses pontos são importantes para evitar o fornecimento de alimentos deteriorados, não palatáveis, ou mesmo com toxinas. O consumo, a saúde e a produção das vacas depende disso.

• As misturas dos concentrados e/ou rações completas estão sendo feitas na sequência e proporções corretas?

• As balanças utilizadas para pesar os alimentos estão bem calibradas - inclusive as balanças de vagões de alimentação?

Esses cuidados garantem que a dieta que está na planilha seja igual à que é oferecida às vacas. É fundamental pesar e misturar corretamente os alimentos, senão não há como saber o que de fato as vacas estão ingerindo, e isso impede qualquer avaliação do manejo alimentar do rebanho.

• No caso de utilização de silagens, o tamanho médio de partículas da silagem no silo é o mesmo da silagem colocada no cocho?

Mistura excessiva ou colocação da silagem muito cedo na sequência de mistura pode quebrar a fibra da silagem, reduzindo o tamanho das partículas. Isso é ruim, pois a dieta pode não atender às necessidades das vacas por fibra efetiva.

• Há comida em quantidade suficiente para atender todo o rebanho durante o ano? As forragens são de boa qualidade?

É imprescindível ter um planejamento de longo prazo para o estoque de alimentos na fazenda. Isso vale para alimentos comprados, forragens conservadas e também para o pasto.

Juntando as informações

Agora que chegamos ao final dessa série de 3 artigos, o que fazer com todas essas informações? Combine todas os dados coletados sobre saúde do rebanho (transtornos digestivos, acidose, problemas de casco, etc.), desempenho das vacas (produção e composição do leite), índice de ruminação (pelo menos 40% das vacas que não estejam se alimentando ou dormindo devem estar ruminando), observação das vacas (conforto, seleção de alimentos no cocho, etc.), avaliação das fezes e dos alimentos. A história que esse conjunto de informações lhe contar dará evidências consistentes do que precisa ser melhorado, e do que está de bom tamanho.

Mãos à obra. Trabalho é o que não falta numa fazenda leiteira!

Literatura consultada

HALL, M. B. The cows are always right!: Evaluating rations. Proceedings of the 6th Western Dairy Management Conference. Reno, NY, 2003.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL.. Nutrient Requirements of Dairy Cattle. Washington, D.C.: National Academy Press, 2001, 7threv. ed. 381p.

ALEXANDRE M. PEDROSO

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência Animal e Pastagens, especialista em nutrição de precisão e manejo de bovinos leiteiros

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LEÔNCIO CEZAR

SÃO PAULO - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 27/01/2012

Olá Alexandre M. Pedroso. Sou reporter da revista Balde Branco e estamos desenvolvendo uma pauta sobre o que a avaliação das fezes dos bovinos pode realmente nos dizer. Para isso gostariamos de uma entrevista com o Sr sobre o assunto. Há algum e-mail para contato? Aguardo uma resposta
Leôncio Cezar
Jornalista
cezar.sud@hotmail.com


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