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Análise econômica da empresa rural. Você sabe realmente como vai o seu negócio ?

POR CARLOS HENRIQUE PIZARRO BORGES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/08/2006

5 MIN DE LEITURA

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No setor primário a tendência mundial é de redução das margens de lucro e a profissionalização do produtor é uma necessidade premente. Sua preocupação deve estar voltada não somente para os processos produtivos, mas também para as ações gerenciais e administrativas visando a maximização dos resultados econômicos de sua empresa.

A análise econômica da empresa rural, por intermédio do cálculo dos custos de produção e das medidas de resultado econômico, é um forte subsídio para o produtor fundamentar as decisões a serem tomadas, estabelecer quais são as prioridades, a possibilidade de novos investimentos e a visão de viabilidade do negócio.

Essa análise pode ser feita tanto para a empresa como um todo (análise global) como para as atividades individuais (análise setorizada), de acordo com os centros de custos: 1) produção de leite/carne; 2) produção de animais de reposição; 3) produção de alimentos volumosos/concentrados.

A análise setorizada oferece ao produtor meios para decidir, por exemplo, entre a alternativa de criar os animais de reposição, comprá-los no mercado ou terceirizar sua criação; ou, ainda, produzir os alimentos, comprá-los no mercado ou terceirizar sua produção.

Podemos apresentar os custos de produção e as medidas de resultado econômico conforme o quadro 1.

Quadro 1: Custos de produção e medidas de resultado econômico.


Fonte: adaptado de Matsunaga et al. (1976); Gomes (1999); Yamaguchi (1999); Gomes (2006).

Os custos normalmente são expressos em R$/ano, R$/litro ou R$/quilo. As medidas de resultado econômico normalmente são expressas em R$/ano, R$/litro, R$/quilo ou R$/hectare e a taxa de remuneração do capital investido normalmente é expressa em % ao ano.

O custo operacional efetivo (COE) refere-se apenas aos gastos efetivamente realizados na condução da atividade. São os gastos de custeio da atividade e, normalmente, implicam em desembolso do produtor (alimentos, mão-de-obra, fertilizantes, sementes, medicamentos, energia, combustível, manutenção, impostos e taxas, assistência técnica, etc).

O custo operacional total (COT) corresponde ao custo operacional efetivo mais as depreciações do capital imobilizado em benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais de serviços e forrageiras não-anuais e mais os custos correspondentes à mão-de-obra familiar.

O custo total (CT) engloba o custo operacional total mais a remuneração do capital investido em benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais, forrageiras não anuais e terra.

A renda bruta (RB) é determinada pelo preço do produto multiplicado pela respectiva quantidade vendida, consumida ou estocada. A análise da renda bruta, isoladamente, é pouco conclusiva, pois nem sempre as linhas de exploração que apresentam maior renda bruta são as melhores do ponto de vista econômico. Torna-se importante comparar os custos associados, ou seja, o montante investido na produção.

A margem bruta corresponde à renda bruta menos o custo operacional efetivo (MB = RB - COE). Margem bruta positiva significa que a exploração está se remunerando e sobreviverá pelo menos no curto prazo. Margem bruta negativa significa que a atividade está antieconômica, pois o que se compra e consome é maior do que se consegue de renda bruta.

A margem líquida corresponde à renda bruta menos o custo operacional total (ML = RB - COT). Quando a margem líquida é negativa, o produtor pode não abandonar a atividade. Isto acontece quando ele concorda em trabalhar na sua empresa (mão-de-obra familiar) por um salário menor que o salário considerado no cálculo do custo e, ou, não consegue cobrir a depreciação do capital investido. A continuidade da margem líquida negativa leva ao empobrecimento do produtor.

O lucro corresponde à renda bruta menos o custo total (L = RB - CT). Quando o lucro é positivo, pode-se concluir que a atividade é estável e com possibilidade de expansão. Em caso de lucro negativo, mas em condições de suportar o custo operacional efetivo (ou seja, com margem bruta positiva), pode-se concluir que o produtor poderá continuar produzindo por determinado período, embora com um problema crescente de descapitalização. A perpetuação do lucro negativo torna a atividade não atrativa. Lucro nulo significa que a empresa está no ponto de equilíbrio e em condições de refazer, no longo prazo, seu capital fixo.

Pensando em termos de lucro, deve-se entender os fatores que o afetam. Como apresentado, basicamente o lucro resulta da diferença entre a renda bruta e o custo total. Por sua vez, a renda bruta é igual à quantidade do produto vezes seu preço de venda (RB = P x $P) e o custo total é igual às quantidades dos insumos vezes seus respectivos preços de compra (CT = I x $I).

Desta forma, pode-se dizer que: 1) o preço de venda do produto ($P) é apenas um dos 4 componentes do lucro. O produtor deve buscar o máximo lucro e não, necessariamente, o maior preço de venda do produto; 2) o lucro da atividade depende da produtividade P/I (litros de leite ou quilos de carne produzidos por quilo de alimento consumido) e da relação de troca $P/$I (quilos de ração comprados com um litro de leite ou um quilo de carne vendido). A queda do preço pago pelo produto ($P) deve ser compensada pelo aumento da produtividade (P/I).

A taxa de remuneração do capital é igual à margem líquida dividida pelo capital investido (benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais e terra). Fornece informações sobre a atratividade do negócio. Quando a taxa de remuneração calculada for maior que a taxa de juros de uma aplicação alternativa, significa que o negócio é atrativo. Em análises desta natureza, é usual utilizar, como referência na comparação, a taxa real de juros da caderneta de poupança, que é de 6% ao ano.

O produtor deve encarar sua atividade como uma opção de investimento de tempo e capital. É o que se chama de custo de oportunidade: quanto eu estou deixando de ganhar em comparação a um investimento alternativo?

Infelizmente são poucos os produtores que fazem anotações contábeis de forma sistemática e sabem realmente como vai o seu negócio. A maioria está preocupada em acompanhar apenas os índices de produção e esquece os de rentabilidade.

Referências Bibliográficas

GOMES, S.T. Cuidados no cálculo do custo de produção de leite. In: Seminário sobre Metodologias de Cálculo do Custo de Produção de Leite, 1, Piracicaba, 1999. Anais ... Piracicaba:USP, 1999.

GOMES, S.T. Diagnóstico da pecuária leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005: relatório de pesquisa. Belo Horizonte: FAEMG, 2006. 156 p.

MATSUNAGA, M., et al. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, v.23, n.1, p.123-139, 1976.

QUEIROZ, M.P. Você tem retorno de 9% ao ano no seu negócio? 15/10/2004. Disponível em:https://www.beefpoint.com.br/?actA=7&areaID=60&secaoID=158¬iciaID=21275 Acesso: 20 out 2004.

Richetti, A. Por que controlar o custo de produção? Disponível em: . Acesso: 08 jul 2006.

YAMAGUCHI, L.C.T. Custo de produção de leite: critérios e procedimentos metodológicos. In: Seminário sobre Metodologias de Cálculo do Custo de Produção de Leite, 1, Piracicaba, 1999. Anais...Piracicaba:USP, 1999.

CARLOS HENRIQUE PIZARRO BORGES

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CARLOS HENRIQUE PIZARRO BORGES

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 14/08/2006

Caro Valter,
em relação à sua carta, gostaria de considerar o seguinte:

Já existem algumas planilhas desenvolvidas por produtores e profissionais que atuam na área. Porém, não são acompanhadas de uma descrição detalhada do sistema de produção utilizado e apresentam discrepâncias quanto à metodologia utilizada para cálculo dos índices de produção, dos custos e das medidas de resultado econômico. Isto torna muito difícil as comparações e conclusões necessárias.

Esta falta de informação é uma situação normal em uma atividade que está começando a se estruturar. Com o passar do tempo, aqueles que realmente pretendem ser produtores de carne ovina terão que começar a gerar, juntamente com os profissionais que prestam assessoria, informações confiáveis que permitam tomadas de decisões mais acertadas.

Abraço,
Carlos H. Pizarro Borges
VALTER BIAGGI BOMBONATO

SANTANA DE PARNAÍBA - SÃO PAULO

EM 07/08/2006

Muito importante e oportuna a colocação deste artigo. Temos que encarar a produção rural como um negócio que deve trazer resultados positivos.

No caso de criação de ovinos de corte que estou implantando, sinto falta de uma planilha "padrão" média, orientativa, com informações dos itens básicos a serem considerados no custeio do criatório, que seriam ajustados em função de cada propriedade.

Qual o retorno, mesmo que aproximado, em percentuais, sobre o investimento e quais índices de produtividade estão sendo conseguidos por outros criadores e se existe um benchmark a ser perseguido. Certamente, com a prática, acabarei tendo a minha planilha, mas, estará próxima da ideal?

Temos que encurtar os caminhos. Muito agradeceria poder receber mais informações especificas a respeito. Coloco-me à disposição para troca de informações.

Saudações

Valter Biaggi Bombonato

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