A importância do tamanho da partícula na alimentação das vacas

A eficiência da produção de leite começa muito antes da ordenha. O tamanho das partículas da forragem define a saúde ruminal, a ingestão e o desempenho das vacas. Entender a estratificação no rúmen e usar ferramentas como o Penn State Separator faz toda a diferença.

Publicado por: MilkPoint

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A qualidade da forragem é crucial para a nutrição de bovinos, impactando sua produtividade e saúde. Com a previsão de aumento da demanda por carne e leite, o armazenamento e apresentação adequados das forragens são essenciais. O tamanho das partículas influencia a eficiência do rúmen, que deve ter uma estratificação equilibrada. A Penn State desenvolveu um separador de partículas para otimizar dietas. Recomendações específicas de tamanho e distribuição de partículas ajudam a evitar problemas na saúde animal e na produção de leite.

Com a crescente demanda por carne e produtos lácteos, armazenar adequadamente as forragens e compreender a importância da forma como são apresentadas à vaca torna-se fundamental para garantir máxima eficiência nutricional.

A qualidade da forragem é, provavelmente, o fator mais relevante nas dietas de bovinos. Além de influenciar diretamente a produtividade, ela impacta a saúde do rebanho e a composição do esterco. Estima-se que, até 2050, a demanda por produtos cárneos aumentará 60%, e por produtos lácteos, 30% (Revell, 2015). Como atender a esse crescimento com os rebanhos atuais? Uma das respostas está no correto armazenamento das forragens e na oferta de partículas no tamanho ideal para que a vaca as utilize com eficiência máxima.

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Quando falamos do tamanho das partículas que entram no rúmen, ele realmente importa. Para compreender como o rúmen “seleciona” essas partículas, é preciso considerar diferentes fatores. As partículas podem flutuar livremente, mas características como densidade, gravidade específica, teor de matéria seca, tipo de fibra e área de superfície determinam sua posição dentro do rúmen. Esses elementos influenciam diretamente a estratificação das partículas, processo essencial para o bom funcionamento ruminal, sua motilidade e a sustentação de uma microbiota saudável.

As camadas de estratificação iniciam-se na região superior, conhecida como tapete ruminal. Partículas que se depositam no fundo compõem o piso ruminal, enquanto outras permanecem na zona intermediária, onde ocorre a degradação parcial. Esses níveis funcionam de maneira integrada, como uma balança. A nutrição bovina, afinal, é um exercício de equilíbrio: buscamos proporções adequadas em cada camada para manter o rúmen estável e favorecer o ambiente para as bactérias. Mas como saber quanto deve haver em cada nível?

Para isso, a Penn State desenvolveu o Penn State Particle Separator, ferramenta que simula a dinâmica ruminal. Com ela, é possível identificar os diferentes tamanhos de partículas na dieta e determinar quais frações têm maior potencial de permanência no rúmen, contribuindo para a motilidade e para a manutenção do pH. O equipamento é simples, composto por uma caixa com peneiras sobrepostas que separam as partículas conforme seu comprimento.

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O parâmetro observado nesse processo é o Comprimento Teórico de Corte (CTC) das partículas fibrosas. A Penn State recomenda, em condições ideais, comprimentos de corte para silagem de milho entre 10 mm e 20 mm quando não processada ou cerca de 20 mm quando processada. Além disso, espera-se que mais de 70% dos grãos estejam quebrados após o processamento. Para silagens de feno ou cereais de inverno, recomenda-se 13 mm a 20 mm. Vale reforçar que diversas variáveis influenciam o CTC — como espécie vegetal, umidade na colheita e objetivos nutricionais. Também é importante lembrar aos produtores que é sempre possível reduzir o tamanho das partículas após a colheita, mas jamais aumentá-lo. Portanto, ajustar o corte de forma cautelosa tende a ser a abordagem mais segura.

Por que tudo isso importa para a vaca? Porque o equilíbrio das partículas no rúmen é determinante para uma digestão eficiente. Ao analisar uma dieta no separador de partículas, observamos a proporção retida em cada peneira. Após numerosos estudos, a Penn State recomenda, para dietas TMR: 2-8% na peneira superior, 30-50% na intermediária, 10-20% na inferior e 30-40% na bandeja inferior.

Quando a dieta apresenta partículas excessivamente pequenas, podem ocorrer redução na ruminação, queda no teor de gordura do leite e problemas no armazenamento da forragem, como excesso de efluentes e perda de nutrientes. Por outro lado, partículas muito longas podem prejudicar a fermentação no silo, reduzir a ingestão e comprometer a produção de leite. Além disso, aumentam o risco de seleção de alimentos pelas vacas, prejudicando ainda mais o consumo. É importante considerar que essas recomendações são baseadas em dietas tradicionais de vacas em lactação do Nordeste dos Estados Unidos, servindo como uma referência útil, especialmente no período de colheita.

Figura 1

Afinal, a produção de leite começa com a qualidade da forragem. O que você produz hoje será o alimento das suas vacas durante todo o próximo ano. A qualidade inicia no campo, continua no armazenamento e se completa na forma como essa forragem é apresentada ao rebanho. Tomar as decisões corretas hoje garantirá animais mais eficientes e produtivos — e, consequentemente, melhores resultados para o seu negócio. 


As informações são do Dairy Business, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.

 

Referências bibliográficas

Referências:

Heinrichs, Jud, and Coleen M. Jones. “Penn State Particle Separator .” Penn State Extension, Penn State Extension, 19 Dec. 2022. Accessed 25 Aug. 2025.

Revell, Brian. “Meat and Milk Consumption 2050: The Potential for Demand-Side Solutions to Greenhouse Gas Emissions Reduction.” EuroChoices, vol. 14, no. 3, Dec. 2015, pp. 4–11, doi.org/10.1111/1746-692x.12103.

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