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Produzindo leite no século XXI e no XIX

POR EMERSON GONÇALVES

ESPAÇO ABERTO

EM 08/12/2009

4 MIN DE LEITURA

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Moro no sítio desde fevereiro. Estou hoje com cerca de 200 litros por dia, em sua maior parte de vacas Jersey e algumas mestiças meio-sangue de minha criação. Estou aprendendo, cada dia é uma nova batalha e um novo aprendizado ou muitos. Alguns terei que aprender novamente e novamente e novamente...

O índice de CCS de minhas vacas é baixíssimo, garantindo um bônus por parte do laticínio.

O índice de contagem bacteriana é também baixíssimo, garantindo mais alguns caraminguás todo mês.

O teor de proteína oscila, já esteve em 3,99% e ultimamente tem se mantido na faixa dos 3,4 a 3,5%. Com isso, mais uns tantos caraminguás vêm para a conta. Não é ruim, mas poderia ser melhor, o que já é outra história.

Tenho internet via rádio aqui no sítio. Com isso, entre outras coisas, tenho acesso direto à Clínica do Leite, seja para ver as análises das coletas feitas pelo laticínio (no mínimo meia dúzia por mês), seja para ver os resultados das análises do leite de cada uma de minhas vacas. Mais primeiro-mundo que isso só se o pessoal da USP, em Piracicaba, falar comigo em inglês (vou rebolar, mas darei um jeito) ou em alemão (e aí nada entenderei).

Tenho algumas queixas: o preço-base do leite está baixo; agora, chove demais e o barro está um inferno; qualquer insumo ou equipamento para ordenha - de detergente a uma ordenhadeira nova - está com preços de primeiríssimo-mundo; dizem que a qualidade também, mas de que me adianta se recebo valores de quinto-mundo?

Não posso me queixar da chuva, pois, associada ao calor e à ureia a cada saída das vacas, está permitindo que eu rode os piquetes de Tanzânia em 16 dias, com abundância de massa foliar e alto teor de proteína.

Que beleza, não é mesmo?

Quase, quase uma beleza.

Não vou ficar listando problemas e dores-de-cabeça, exceto uma, por sinal a razão de ser desse texto: é a minha produção de leite "século XIX".

A contrapartida do progresso e da qualidade que é a Clínica do Leite, é o atraso e a péssima qualidade da distribuição de energia elétrica por aqui. No último final de semana sofremos um apagão de 21 horas.

Vinte e uma horas de apagão.

A ordenha da manhã de domingo precisou ser feita à mão. Terrível, pois metade das vacas tem tetas muito pequenas. O trabalho não rende e, estou certo, não se consegue esgotar o leite. Num apagão anterior, coisa de mês ou mês e meio atrás, uma das vacas desenvolveu uma "bela" mastite. Baita prejuízo pelo qual ninguém pagou, ou melhor, somente eu paguei.

O leite esteve a um tiquinho de ser recusado. Faltou pouco. Não há tanque que resista a um apagão, ainda mais recebendo leite quente da ordenha matinal.

Ora, e por que não deixou separado esse leite?

Porque a distribuidora de energia elétrica garantiu-me que "a luz está voltando". Falei com eles na noite de sábado, por volta de 21:00. E depois por volta de 23:00, após o que fui deitar-me. Não dormi, pois precisava religar o tanque de expansão. Tornei a ligar por volta de uma da manhã. E novamente às duas e meia. Às quatro da matina disseram-me que uma equipe chegara ao "local" - sei lá qual - às 03:32 e que agora era questão de minutos para "a luz voltar".

Não voltou. E eu ligando - ah, sim, é verdade, eu sou um cara chato e sou um cara que acredita em promessas; quando elas não são cumpridas, cobro. E liguei às sete, às oito, às nove, às onze, quando acabou a bateria do meu celular e não mais liguei para a distribuidora de energia elétrica.

"A luz voltou" no meio da tarde, vinte e uma horas depois de ter ido embora. Obviamente, não tivemos condições de picar cana para o trato das vacas, forçando-me a abrir mais piquetes, estourando, dessa forma, o meu rodízio.

Vinte e uma horas de apagão. Coisa de século XIX, é claro.

A responsável pela apagão é a Elektro.

Uma empresa incompetente para fazer o que se propõe.

Por sinal, hoje cedo a eletricidade falhou novamente. Metade da ordenha matina foi feita manualmente. O atraso no serviço refletiu sobre o resto do dia. A consequência será uma queda no leite de amanhã. Mais um prejuízo sobre o qual ninguém responderá, exceto o meu pobre bolso.

Não vou falar sobre as vacas mugindo querendo, precisando ser ordenhadas. Tampouco falarei dos bezerros querendo mamar - sim, para combinar com o atraso da Elektro eu tenho algumas vacas que dão leite com os bezerros ao pé. Todos já sabem como é isso. Mas as autoridades "republicanas" que apresentam estonteantes e maravilhosos vídeos sobre o Brasil, tudo ignoram. Vendem-nos como uma perfeição, um paraíso tropical à beira-mar plantado, tendo nas costas vastas florestas. Nos vídeos que garantiram a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, somos um país brilhante, somos um país perfeito.

Na prática, apesar de alguns bolsões de primeiro-mundo, não passamos de uma república bananeira - opa, no preço que está a banana... - que vive em boa parte no século XIX. Sendo bonzinho, pois abundam as plagas que ainda estão em séculos remotos, algumas até na Idade da Pedra Lascada.

E antes que me esqueça, o preço do leite está muito baixo e as quedas de preços praticadas pelos laticínios são absurdas, para não usar termo mais pesado e não menos verdadeiro.

EMERSON GONÇALVES

Produtor de leite em Santa Rita do Passa Quatro em tempo integral, principalmente nos finais de semana. Colunista do portal GloboEsporte, autor do Olhar Crônico Esportivo.

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ALCEU AMARAL

COROMANDEL - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/01/2010

Prezado Emerson,

Gostei das suas colocações!
Isso é um primeiro passo. o Segundo é se juntar aos demias companheiros da atividade e juntos identificar um melhor caminho, alternativas que venham apoiar de forma efetiva a atividade leiteira. Há muito o que fazer. E pessoas com o seu perfil tem a missão de desbravar caminhos. Ha sete anos fundamos uma Cooperativa de Pequenos Produtores na nossa região. Hoje ela capta 80 mil/dia, e é balizadora do mercado regional, além de ter tirado da informalidade muitos produtores. Mas tudo isso ainda é muito pouco.
Daqui alguns meses teremos eleições, ocasião para aprofundarmos debate e identificarmos verdadeiros nossos representantes, quem sabe vc. Esta previsto para março,se nao me engano, um Evento Latino Americano sobre Leite em Belo Horizonte. Sempre nessas ocasiões encontramos muitos holofotes que podem estar evidenciando o "calcanhar de aquiles". Tudo é uma questao de organização e atitude. Quer ser nosso parceiro para que algo nesse sentido possa ser feito ?
Minha solidariedade a voce.
grande abraço.
EMERSON GONÇALVES

SANTA RITA DO PASSA QUATRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/12/2009


Prezado Vicente Romulo de Carvalho, meu atual objeto de desejo é um gerador. Quem sabe o velho Noel, na figura dos meus filhos, bota um deles no saco e deixa aqui em casa?
Mas para mim tem que ser movido a gasolina, mesmo, pois trator, ainda que "véio" e bem usado, é coisa para algum dia futuro. Já andei olhando preços e desistindo, olhando e desistindo. Qualquer hora, se o Natal não cuidar disso, crio coragem e compro. O diabo é que minha ordenhadeira é pequena, no carrinho, com um só conjunto para duas vacas e o plano é trocar por uma mais potente, para 4 vacas. Aí, a potência já é maior e o preço do gerador também. Mas daremos um jeito.
Quanto aos hospitais sem gerador, meu amigo... Bom, nada mais me surpreende nessa esplêndida Pindorama.

Abraço,

Emerson
EMERSON GONÇALVES

SANTA RITA DO PASSA QUATRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/12/2009

Prezada Sra. Dalva de Oliveira Lima, eu adoraria ver as mesmas cenas. Seria bom demais, principalmente no dia em que os políticos, essas insignes figuras republicanas, fossem ao banco para receber seus pagamentos pela trabalheira. Essa cena seria impagável, de tão valiosa. Como diz a propaganda do cartão de crédito, não tem preço. Pena que tampouco veremos tais cenas, mas não custa sonhar.
Enquanto isso, seguimos produzindo leite, soja, trigo, milho, carne, laranja e tudo o mais que abastece as gôndolas dos mercados e mantém esse país num clima de relativa paz, que nem isso seria não fosse a nossa produção.

Um abraço,

Emerson
EMERSON GONÇALVES

SANTA RITA DO PASSA QUATRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/12/2009

Prezado Marco Antonio P de Carvalho, minhas bezerras e vacas ignoram solenemente o amendoim-forrageiro, para meu espanto e decepção. Mordiscam uma folhinha ou outra e mais nada, mas não chego a ter um piquete formado. Plantei há alguns anos e só uma pequena parte foi adiante e se estabeleceu, em meio à braquiária, principalmente. ando pensando em formar alguns piquetes novos para os bezerros com a mesma mistura que você tem, mas ainda estou em dúvida.

Como você, andei me dividindo entre a cidade e o sítio, mas desde fevereiro estou morando aqui, definitivamente. Como o espanhol Hernán Cortés, queimei minhas caravelas.
Apesar da chuvarada incessante, o leite tem saído sem problemas, graças à ação da prefeitura, que mandou três caminhões de cascalho e uma pá-carregadeira que espalhou-o nos pontos críticos do meu acesso. E foi na hora agá! No dia seguinte, o caminhão, se entrasse, só sairia com trator.
Você vai gostar cada vez mais das Jersey e suas mestiças. A diferença no teor de proteína é uma beleza, desde que, é claro, a gente receba por isso.

No mais, os apagões e apagõesinhos continuam, com intensidade ligeiramente menor nessa semana.

Grande abraço.

Emerson
WELINGTON LUIZ ALVES

CARANDAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/12/2009

caro amigo Emerson ;
Venho me confratenizar com as suas colocações e lhe dizer que para nós produtores de leite, só temos uma saída que é a união.Mostrar para os donos de laticinios que chega de exploração.
DAVID JOAQUIM DA SILVA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/12/2009

Caro Emerson.

Isso é generalizado pelo Brasil afora. É a falta de competência de nossos governantes.

Abraços.

David
FABIO PEDRO DA SILVA

CAMANDUCAIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/12/2009

Olá Emerson.Realmente estamos vivendo em um tempo em que aquele ditado"se
quiser fazer bem feito, faça você" está valendo com força total; pois é, nós produtores, apesar de todas as adversidades que já temos, nos deparamos, cada dia, com algo novo; e sempre que isiso acontece, a corda estoura do lado mais fraco. Essa situação de apagões,além de muitas outras citadas por você e outros produtores, pode esperar, não vai acabar tão logo não; o ideal é você seguir a orientação do nosso colega Vicente de Lavras-MG e comprar um gerador conforme a sua necessidade.É isso que estou pensando em fazer também.Agora, quanto ao preço do leite...vamos continuar sonhando...
Um abraço.
HERVAL MIGUEL

ANGRA DOS REIS - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/12/2009

Boa noite Emerson,houve um erro na minha carta, onde se le Telemig, leia Energisa
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 10/12/2009

Nobre colega Emerson Gonçalves. Há uns 10 anos ou mais, ainda vivia situações análogas a sua, relativamente a falta de enérgia. E, esta questão de falta de enérgia rural, tem lá suas complicações, que pode fugir ao contrôle e/ou restabelecimento, num espaço de tempo plausível. Mas, que as vendedoras de enérgia, tem lá suas irresponsabilidades, não se pode negar.
Dentro disto, comprei um gerador de 4 KVA, equipamento barato, adaptei o mesmo para ser acionado pela tomada de força do trator. Quando a enérgia acaba/falta, é questão de 5 minutos ou menos, já estamos com o problema resolvido. Até denominamos o gerador de "o responsável". Você ordenha normalmente, faz a acepcia da ordenha e, depois liga o tanque, porque para rodar tudo junto, necessita de um gerador com mais potência.
E, este recurso, já é adotado por quase maioria das propriedades leiteiras que conheço. E, dias atrás estrenhei que faltou enrgia, se não me falha a memória no Estado do Rio e, um determinado hospital, não dispunha deste recurso.
Conclusão lidamos com leite e ou vaca e, temos. Hospital com seres humanos não.
Vai esta sugestão para o colega, para aliviar o sofrimento do mesmo, agora, quanto ao preço do leite, ainda, não encontrei a solução. Brincadeiras à parte. Abraços.
EMERSON GONÇALVES

SANTA RITA DO PASSA QUATRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/12/2009

Como vai, Herval Miguel?
Aparentemente, minhas reclamações, digamos, veementes, surtiram efeito. Uma equipe da concessionária veio aqui no sítio e explicou que algumas mudanças técnicas foram feitas na nossa linha. Acreditam que a frequência e, principalmente, a duração dos cortes será bastante atenuada.
Todos nós entendemos que o fornecimento de energia é sujeito a chuvas e trovoadas, literalmente. Tivemos tempestades em que disse à minha esposa que a luz iria cair, mas eu não reclamaria, tamanha a violência dos elementos. O problema reside na demora para restabelecer, que não é culpa das equipes de campo, cujo pessoal acabamos por conhecer. A questão é que são poucos, cada vez menos funcionários para atender às linhas de transmissão.
As linhas aumentam e as equipes permanecem imutáveis, sinônimo para corte de pessoal e redução de custos. A velha redução de custos burra, que penaliza o consumidor.
Nós nao desistimos, estamos sempre na luta, nós todos, não é mesmo?
Abraço.
DALVA DE OLIVEIRA LIMA

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/12/2009

Sr. Emerson,

adorei a comparação que fez.
As exigencias são do primeiro mundo e do seculo XXI, mas a valorização e o reconhecimento que o leite é o resultado de muito trabalho, suor, preocupação, dedicação,etc, etc...
Nós sabemos, é da idade da pedra.
Gostaria de ver as pessoas dos escritorios; com ar condicionado, poltronas almofadadas, mãos finas, que começam a trabalhar as oito horas; no nosso lugar.
Imagina só: os politicos.... É de rir...
Sujos de esterco , molhados da chuva, levantando cedo, quando estiver frio...
Aplicando remedios nos animais, inseminando, concertanto cercas, batendo pasto,
rapando curral... fazendo a limpeza da ordenha, lavando tanquinho...
Bastava um dia inteiro, beeeem trabalhado.
Eu queria ver isto.
Apoio seu relato, vivo a mesma situação.
Um abraço,

Dalva
MARCO ANTONIO PARREIRAS DE CARVALHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 09/12/2009

Caro Emerson,
Também, como o Herval Miguel, li e reli suas colocações. Gostei muito da sua forma de fazer as colocações e, apesar dos problemas você faz suas queixas com humor. Sinal que gosta muito das suas vacas. Isto chamou muito minha atenção!
Para trocarmos todos nossas figurinhas, gostaria de contar como faço e é com muito amor!

Tinha vacas holandezas, girolando e duas jersey de altíssima lactação. Gosto de todas elas, mas agora estou evoluindo para as jersey pura, jersolando e algumas holandezas. Com isto passei minha proteína de 3.10 para 3.40 e a gordura de 3.7 para 4.2. Realmente dá algumas merrecas a mais.
Mas, no meu caso, o que me dá retorno maior não são os 250 -280 litros/dia. Como faço inseminação há 12 anos, tenho em média 10-13 vacas em lactação, mas sempre em torno de 40 fêmeas no sítio. Elas parem, tiro a barriga e sempre tenho cerca de 20 fêmeas de alta produção para comercialização/ano. Isto dá alívio para pagar as contas. Meu maior capricho é com as bezerras (criadas em piquetes de amendoin forrageiro e tifton 85) e com as novilhas (braquiarão e mombaça). Parem em torno de 24 meses de idade.

Divido meu tempo entre a UFMG (onde sou professor), 3 dias/semana em Belo Horizonte e o Sítio Felicidade, 4 dias/semana em Belo Vale (onde corto cana, trato do gado etc.). Meu maior problema: o prefeito não se compromete em cascalhar as estradas e, muitas vezes chego a passar muito aperto. Eventualmente tenho que dar leite aos vizinhos e abrir o tanque de expansão para jogar leite fora! É muito doído fazer isto. Meus apagões são mais eventuais, mas também acontecem.

Um grande abraço,
Marco Antonio
HERVAL MIGUEL

ANGRA DOS REIS - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/12/2009

Boa tarde Emerson, li e reli seu debafo, que aliás é de todos nós produtores de leite deste grande país. Me encontro na mesma situação de vc, mas as vezes temos mesmos que denunciar, fazer pelo menos valer nossos direitos de reclamar,talves um dia alguem ouça, eu depois de 2 anos na justiça (Pequenas Causas) dizem que é rápido, graças a Deus foi marcada a audiência para esta semana, meu problema foi igual, só que fiquei sem energia por quase 72 horas e ouvia a mesma coisa da empresa (Telemig), a equipe já está a caminho, neste periodo devo ter ligado em média 20 vezes Infelizmente é assim que nos tratam, com desprezo e indiferença, mas temos que acreditar na Justiça deste país, que ela seja feita. Sou produtor rural na cidade de Descoberto - MG., foi bom ler seu depoimento, um grande abraço e não desista.
EMERSON GONÇALVES

SANTA RITA DO PASSA QUATRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/12/2009

Prezado Helio Cabral Jr.

Antes de mais nada, é um prazer ler tua mensagem. Você já não me é estranho, pois acompanho tuas participações aqui no MP.
E justamente a leitura de cartas de todo o país, em outros artigos, mostra que minha situação é até bem confortável, bem menos ruim, por exemplo, que a de um produtor de Goiás com apagões de 61 e 72 horas!
Aliás, dois dias depois de escrever esse texto sofremos novo apagão, dessa vez de "somente" 11 horas de duração. Mas ontem, no meio do dia, uma equipe da concessionária esteve aqui no Sítio. Tinham uma ficha com minhas reclamações - bom, para alguma coisa serviram minhas ligações - e explicaram-me que havia um problema na rede que foi localizado, e agora acreditam que teremos menos problemas.
Bom, já é alguma coisa.

O problema parece ocorrer em todo o país e, na minha opinião, tem a ver com sucateamento de redes, redes feitas como muitas estradas - sem os devidos cuidados, tendo vida útil curta - e diminuição do pessoal encarregado da manutenção. Não que as empresas demitam pessoas, mas não ampliam seus quadros operacionais na mesma velocidade e necessidade dos mercados consumidores.

No mais, venho acompanhando a discussão sobre os sistemas de produção, que acho muito interessante. Eu mesmo, de maneira geral, sigo as recomendações da EMBRAPA Sudeste, do pessoal do Balde Cheio e estou satisfeito. Minha base é pasto e cana, além, é claro, da ração. Estou usando cevada, já na terceira carga, que guardo ensilada, mas estou em dúvida se continuarei ou não, devido ao custo. Saberei melhor quando acabar o silo que está em uso.

Produzir leite é tarefa que faço com gosto, mas é difícil. Não pela atividade em si, mas pelo seu entorno, digamos. A questão da eletricidade é somente um dos abacaxis do dia-a-dia. E quando o leite se transforma em fonte quase única de renda, os abacaxis tornam-se maiores, mais feios e muito mais azedos.

Abraço,

Emerson Gonçalves

HELIO CABRAL JUNIOR

GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EM 08/12/2009

Caro Emerson,

Voto para que você seja levado (óbvio está que de forma alguma deverá desembolsar um único centavo entre viagem e estadia!) a um congresso de leite, destes pomposos que acontencem por estas paragens e apresente seu ilustrativo caso de sucesso pessoal e empresarial na atividade leiteira e seu rotundo "fracasso" imposto institucionalmente por "otoridades" despreparadas, mentirosas e corruptas que parasitam o povo brasileiro, tirando-nos o que é nosso por direito e ainda por cima nos sabotamos quando demonstramos excelência, como é o seu caso!

Pelo esclarecimento e temperança que demonstra, estou certo que palavras como desistir ou desanimar não constam de seu vocabulário, mas que é no mínimo revoltante, ah, isso é!

Talvez você ouça alguns comentários ou sugestões como: entre na justiça e cobre seus direitos; ou ainda, denuncie na ANEEL, ou no PROCON...

Mas a triste realidade é que a primeira é lenta e contemporânea da segunda faceta de sua história; a segunda é uma agência que 99,9% das vezes defende os interesses das empresas concessionárias que deveriam ser regulamentadas e fiscalizadas por ela, ou dos governos ou o próprio interesse (porção das multas revertidas para a própria agência para se "reestruturar") e o terceiro, infelizmente, é o bobo da corte, que faz e acontece, mas é inócuo nos casos realmente relevantes.

Acho melhor parar por aqui para não contaminá-lo com minha descrença.

Cordialmente,

Helio Cabral Jr

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