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Modernização da cadeia produtiva do leite

LIPA/UFV

EM 28/07/2023

8 MIN DE LEITURA

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A cadeia de produção do leite é uma das principais atividades econômicas do Brasil, desempenhando um papel de extrema relevância não apenas no setor agropecuário, mas também na economia como um todo. Em receita líquida, a indústria de lácteos fica atrás apenas dos setores de derivados de carne e beneficiados de café, chá e cereais (ABIA, 2020).

Esse número expressivo demonstra a importância de um setor que vêm sofrendo inúmeras transformações nas últimas duas décadas. Além de impulsionar o agronegócio, a indústria do leite exerce um impacto significativo na sociedade, contribuindo de forma substancial para a geração de empregos e renda (Rocha et al., 2020).

Além de sua importância econômica, o leite desempenha um papel crucial na alimentação humana. Tradicionalmente, o leite é amplamente reconhecido como a principal fonte de cálcio na dieta dos consumidores, fornecendo também uma variedade de componentes essenciais, como proteínas, lipídeos, carboidratos e minerais. Devido à sua composição nutricional completa, o leite é considerado um alimento essencial para uma dieta equilibrada e saudável.

De forma geral, a cadeia produtiva do leite apresenta como principais atores, os produtores, a indústria, os distribuidores, o comércio varejista e o consumidor (Figura 1).

Figura 1. Cadeia produtiva do leite. 

Cadeia produtiva do leite

Fonte: Os autores

Essa cadeia vem sofrendo alterações, impulsionadas principalmente pela demanda do mercado, que requer a adoção de novas tecnologias e equipamentos. Com essa modernização, a atividade leiteira no Brasil está cada vez mais adotando um perfil empresarial, fortalecendo sua abordagem de negócios visando o aumento da produtividade e dos lucros, assim como a redução dos custos de produção (Pereira, 2018; Lucca e Arend, 2020).

Tecnologias na pecuária leiteira

A adoção de novas tecnologias no setor agrário é de extrema importância para o desenvolvimento do setor, especialmente devido ao aumento significativo na demanda por alimentos nos próximos anos. Esse aumento está diretamente relacionado ao crescimento populacional, maior expectativa de vida e mudanças no comportamento do consumidor (Bolfe et al., 2020).

É importante destacar que atender a essa demanda crescente não se resume apenas a produzir maior quantidade de alimentos, mas também a produzi-los com maior qualidade, segurança, menor impacto ambiental e de forma economicamente mais eficiente.

Neste contexto, é evidente a presença de inovações tecnológicas em todas as etapas da cadeia de produção de leite (Embrapa, 2022). Um tema que tem recebido bastante destaque e aplicação internacional é a pecuária de precisão.

Em relação a produção de leite, a pecuária de precisão refere-se ao uso de tecnologias de informação e comunicação para obter um maior controle em todas as etapas do processo produtivo, visando uma eficiência econômica, social e ambiental (Pereira, 2022). Essas tecnologias permitem o monitoramento de diversos parâmetros, como produção e controle das pastagens, nutrição animal, sistemas de ordenha, sanidade, reprodução e genética (Figura 2).

Figura 2. Parâmetros da pecuária de precisão: Pontos de monitoramento.

Parâmetros da pecuária de precisão: Pontos de monitoramento.
Fonte: Os autores.

A pecuária de precisão pode proporcionar uma série de benefícios para os produtores de leite. Por meio do monitoramento e controle mais precisos, é possível otimizar o uso de recursos, como alimentação e medicamentos, reduzir desperdícios, melhorar a produtividade e a qualidade do leite, além de garantir a saúde e o bem-estar dos animais.

Com o uso de sensores, dispositivos móveis e sistemas de gestão de dados, os produtores podem tomar decisões mais embasadas, realizar ajustes em tempo real e identificar possíveis problemas de forma ágil.

No Brasil, diversos órgãos e empresas estão atentos às tendências tecnológicas na atividade leiteira. Um exemplo é a Embrapa, que em 2016 lançou o Ideas for Milk, um desafio entre empresas que incentiva o uso de diferentes tecnologias em todas as etapas da produção de leite, desde a propriedade rural até o consumidor final (Embrapa, 2020).

Além disso, existem várias patentes relacionadas à agricultura e pecuária de precisão que abrangem a atividade leiteira, incluindo o uso de sensores (hardwares e softwares) para monitorar tanques de resfriamento e detectar adulterações no leite (INPI, 2023).

Perspectivas do uso de tecnologias para o setor lácteo

A cadeia produtiva do leite enfrentou diversos impactos decorrentes de acontecimentos globais em 2022, agravando as dificuldades já impostas pela pandemia de Covid-19. Embora houvesse expectativa de retorno à normalidade e recuperação econômica com o controle da pandemia, o conflito entre Rússia e Ucrânia resultou na valorização das commodities agrícolas e do petróleo.

Esse aumento nos preços de grãos, fertilizantes e petróleo criou condições para recordes de aumento nos custos de produção de leite no Brasil, além do impacto na inflação e na queda da renda dos brasileiros (Embrapa, 2022).

Apesar das incertezas do ano de 2023, o mercado brasileiro está se ajustando em termos de oferta e demanda. Com a recuperação do mercado de trabalho e melhorias no emprego e renda, espera-se uma leve melhora no consumo de leite e derivados. No entanto, é provável que a produção e o consumo de leite ao longo do segundo semestre de 2023 não atinjam níveis significativos (Embrapa, 2023).

O aumento da competitividade e o crescimento populacional têm impulsionado a demanda por alimentos, destacando a importância do agronegócio em suprir essa necessidade. Para alcançar maior eficiência em suas atividades, a agropecuária deve aproveitar todas as tecnologias disponíveis. No entanto, é crucial ter um serviço de telecomunicações eficiente, que ofereça redes estáveis, velocidade e confiabilidade. Infelizmente, essa infraestrutura ainda não está completamente consolidada no país, representando um desafio a ser superado (Bolfe et al., 2020).

Além disso, existem diversos outros obstáculos científicos, sociais, educacionais e econômicos a serem levados em consideração para que a transformação digital do agronegócio alcance e integre todas as regiões e classes do país. De fato, diversas empresas e instituições já vêm contribuindo para o impulsionamento desta transformação. Como exemplo, institutos de pesquisa, universidades, startups e cooperativas, vêm criando e transmitindo soluções digitais que assegurem maior produção e segurança alimentar.

Os cenários adversos, como a pandemia de Covid-19, destacaram a necessidade de cooperação entre produtores e indústrias para impulsionar melhorias por meio do uso de tecnologias no setor lácteo. A implementação dessas tecnologias é fundamental para garantir a produção de alimentos com qualidade e segurança, ao mesmo tempo em que se busca reduzir o impacto ambiental.

Portanto, é essencial que os diferentes agentes da cadeia produtiva trabalhem em conjunto, aproveitando os benefícios das inovações tecnológicas para enfrentar os desafios e promover o desenvolvimento sustentável do setor lácteo.

Considerações finais

O Brasil possui um grande potencial no setor lácteo, e a popularização das tecnologias de precisão desempenha um papel importante ao facilitar a troca de informações, a captação de dados e a tomada de decisões na produção animal. No entanto, é essencial aprimorar o uso dessas tecnologias para otimização dos processos.

Com o emprego de tecnologias avançadas, os produtores podem obter informações precisas em tempo real, otimizando a nutrição animal, a qualidade do leite e a produtividade. Isso resulta em uma produção mais eficiente, com rastreabilidade e garantia da qualidade ao longo da cadeia de produção. Portanto, o aproveitamento das tecnologias disponíveis pode impulsionar o desenvolvimento sustentável do setor e o sucesso tanto no mercado interno quanto no mercado global.

 

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Autores

Flaviana Coelho Pacheco (Engenheira de Alimentos, Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos e membro do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV).

Dra. Tatiane Teixeira Tavares, Química, Pesquisadora do Instituto de Laticínios Cândido Tostes – EPAMIG-MG.

Fabio Ribeiro dos Santos. Engenheiro de Alimentos, Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos e membro do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV.

Prof. Dra. Ana Flávia Coelho Pacheco. Professora/pesquisadora do Instituto de Laticínios Cândido Tostes – EPAMIG-MG.

Prof. Dr. Paulo Henrique Costa Paiva. Professor/pesquisador do Instituto de Laticínios Cândido Tostes - EPAMIG-MG.

Profa. Dra. Érica Nascif Rufino Vieira. Professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV e coordenadora do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV.

Prof. Dr. Bruno Ricardo de Castro Leite Júnior. Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV e coordenador do Laboratório de Inovação no Processamento de Alimentos- LIPA/DTA/UFV.

 

Agradecimentos: Os autores agradecem a CAPES - Código Financiamento 001; à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento do projeto APQ-00388-21; ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento do projeto (429033/2018-4) e pela bolsa de produtividade à B.R.C. Leite Júnior (n°306514/2020-6) e a A.A.L. Tribst (n°305050/2020-6) e a PEC - Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – UFV pela bolsa de extensão.

 

 

 

Referências

Rocha, D.T., Carvalho, G.R., Resende, J.C. Cadeia produtiva do leite no Brasil: produção primária, Circular técnica, p. 16, 2020.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB. Monthly Analysis of Milk and Derivatives – October 2022. Companhia Nacional De Abastecimento, 2022. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/analises-domercado/historico-mensal-de-leite>. Acessado em: 23 jun. 2023.

ABIA. Números do Setor – Faturamento. Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos, 2020. Disponível em: <https://www.abia.org.br/vsn/anexos/faturamento2019.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2023.    

Lucca, E. J; Arend, S.C. A pecuária leiteira e o desenvolvimento da região noroeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional. 2020.

Pereira, F.; Malagolli, G.A. Inovações tecnológicas na produção de leite. SIMTEC – Simpósio Tecnológico Fatec Taquaritinga, v. 4, n. 1, pág. 11 de 2018.

Bolfe, E.L; Barbedo, J.G.A; Massruhá, S.M.F.S; Souza, K.X.S; Assad, E.D. Desafios, tendências e oportunidades em agricultura digital no Brasil. 2020.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Anuário leite 2022: pecuária leiteira de precisão. 2022.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Pecuária de leite espera crescer cerca de 2% em 2020. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/49358451/pecuaria-de-leiteespera-crescer-cerca-de-2-em-2020>. Acesso em: 23 jun. 2023.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Desempenho recente do setor de lácteos e perspectivas para 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1149025/1/Desempenho-recente-do-setor-lacteo-e-perspectivas-para-2023.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2023.

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RICARDO FERREIRA GODINHO

SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/08/2023

A necessidade de modernização da Cadeia do Leite é indiscutível. Porém, sempre que esse assunto é tratado fala-se principalmente do produtor, depois da indústria. E os demais elos da cadeia? É uma incoerência continuar dando menos responsabilidade aos demais elos e jogar toda a responsabilidade em cima do produtor e da indústria. Veja o que está acontecendo nas relações comerciais entre indústria-Atacado-Varejo-Consumidor. A industria impõe uma baixa de preço ao seu fornecedor, repassa essa baixa ao atacadista, mas essa baixa não segue ou não segue na mesma proporção para os elos seguintes.Qual produto no mercado em que o seu produtor coloca ele no mercado sem saber o quanto irá receber por ele. Essas questões merecem um amplo estudo. Deixo aqui essas questões como sugestões, pois a cadeia do leite como ela está, é insustentável, mas nem todos os seus componentes perceberam isso ainda, como por exemplo os atacadistas e consumidores, que se esquecem que sem produtores eles não terão o que vender ou consumir leite brasileiro.

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